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5CNCTI: especialistas trazem insights sobre a cooperação universidade-empresa

Especialistas trazem insights sobre a cooperação universidade-empresa

Debate na 5CNCTI destacou a importância de alinhar inovação acadêmica e demandas do mercado.

A 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI) destacou, na tarde desta quarta-feira (31), a crescente importância da cooperação entre universidades e empresas em um painel intitulado “Cooperação Universidade-Empresa: Articulação e Adequação de Instrumentos”.

O debate abordou a necessidade de expandir a inovação por todo o país, além de alinhar a formação acadêmica com as demandas do mercado. Outro ponto central das discussões foi a importância de políticas de ciência e tecnologia bem estruturadas, interligadas e financiadas adequadamente.

O painel, mediado pelo diretor de inovação da Finep, Elias Ramos, contou com a participação do professor Clélio Campolina, da Universidade Federal de Minas Gerais; Tony Chierighini, diretor da incubadora Celta; Romildo Toledo, diretor-executivo do Parque Tecnológico da UFRJ; e Gesil Sampaio, presidente da Associação Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (FORTEC).

Coordenando a mesa, Elias Ramos apresentou os programas de incentivo e financiamento da Finep que promovem o aumento das atividades de inovação e impulsionam a economia do país. “Lançamos, neste ano, 13 chamadas públicas de subvenção econômica, com fluxo contínuo. Dez dessas chamadas estão incluídas no FINEP Mais Inovação, um programa alinhado com as missões e os eixos estruturantes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial”, destacou.  Além disso, citou um edital de Agricultura Familiar e o edital Amazônia – Bioeconomia e Desenvolvimento Regional que, juntos, totalizam recursos na ordem de R$ 2,3 bilhões.

Representando a primeira incubadora tecnológica do Brasil, o Celta, Tony Chierighini destacou o surgimento dos parques tecnológicos como atrativos para empresas estrangeiras e fez um breve balanço dos impactos positivos do Celta em Florianópolis, especialmente no mercado de trabalho.

“O que está acontecendo é que muitas empresas de fora do Brasil estão querendo se instalar aqui devido aos nossos parques tecnológicos, pois eles estão acostumados com esse modelo. O Brasil está começando a ter seus próprios parques tecnológicos, com várias equipes, e isso é um grande avanço para nós”, avaliou.

“Fuga de cérebros”

Durante o debate, os especialistas discutiram o desafio da perda de mão de obra qualificada em inovação para o exterior e a necessidade de contrapartidas em editais e programas de subvenção econômica para mitigar esse fenômeno, conhecido popularmente como “fuga de cérebros”, que prejudica a capacidade do país de desenvolver e implementar inovações tecnológicas, além de afetar sua competitividade.

“Precisamos implementar políticas públicas que integrem todo o país e incentivem a formação e retenção de mão de obra qualificada. Estamos perdendo talentos para o exterior, com pessoas indo estudar fora. O país investe pesadamente na formação desses profissionais, mas não tem estrutura para absorvê-los e retê-los. Não basta um plano de reintegração; precisamos de um plano para garantir que eles trabalhem com qualidade aqui”, provocou Romildo Toledo.

O diretor-executivo do Parque Tecnológico da UFRJ também enfatizou a necessidade de investir não apenas em inovação tecnológica, mas também em inovação social. “Precisamos valorizar talentos das favelas e periferias, apoiar a indústria criativa e do entretenimento, e aproveitar o conhecimento local. Devemos criar editais que fomentem essa inovação, e não apenas a inovação tecnológica”, destacou.

Gesil Sampaio ressaltou a importância da Política Nacional de Inovação. “Parabéns à Finep por exigir que as instituições incluam suas políticas de inovação nos editais. Isso é fundamental, pois essas políticas são mais do que documentos formais; elas refletem as normas e a gestão dos recursos de colaboração. Empresas também solicitam essas políticas como um elemento de segurança. Muitas vezes, investimentos científicos são desperdiçados devido à falta de preparo na gestão do sistema de inovação institucional. As exigências mínimas nas políticas de inovação visam reduzir essa insegurança”, salientou.

Finalizando o painel, o professor Clélio Campolina apontou uma ironia nas exigências burocráticas que frequentemente impedem a utilização de produtos nacionais no mercado interno, apesar de o Brasil estar produzindo e exportando tecnologia avançada. “Um professor e seus alunos desenvolveram um nanoscópio e já exportaram a primeira unidade para a Alemanha. Dependendo da configuração, um nanoscópio pode custar até US$ 1 milhão. Embora estejam vendendo para a Alemanha, ao negociar no Brasil pediram três concorrentes para comparação de preços, mas poucos lugares no mundo fabricam nanoscópios. Apesar de fabricarmos e vendermos nanoscópios para a Alemanha, precisamos de concorrentes locais para validar os preços no mercado interno”, ironizou.