Direto da COP 28: CNI discute potencial brasileiro para eólicas offshore
Em mesa redonda durante a COP 28, em Dubai, especialistas destacaram o potencial do Brasil, com avanço da regulação, para a geração de energia eólica offshore
O potencial da geração eólica offshore do Brasil foi discutido no segundo dia da COP 28, em um painel promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que pudemos acompanhar direto da COP 28. Com a mediação de Davi Bomtempo, gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, na mesa redonda estavam Elbia Gannoum, presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Ben Backwell, CEO da Global Wind Energy Council, e Luiza Demôro, líder de Transição Energética da BloombergNEF.
Élbia, representando a indústria do setor, lembrou que o Brasil tem uma oportunidade única de desenvolver essa indústria, inclusive com financiamento do BNDES. Os juros praticados no país, contudo, ainda são um contraponto.
Além do financiamento, Élbia destacou, ao Além da Energia, dois outros pontos como desafios para a ativação de um hub de produção de eólicas offshore no Brasil: a melhoria da infraestrutura portuária, fundamental para atendimento dos projetos, inclusive com a possibilidade de fabricação de conteúdo nacional, e a ampliação da infraestrutura de transmissão de energia. Pelo que ouvimos da presidente da ABEEólica, nos dois casos podemos aproveitar a experiência dos parques onshore, tanto em logística de transportes, como no avanço das linhas de transmissão.
Ben Backwell, da Global Wind Energy Council, reforçou a necessidade de se olhar para a cadeia de suprimentos do setor, que envolve equipamentos pesados e que vem sendo concentrada na China. Novamente para o Brasil, trata-se de uma oportunidade de tornar-se mais um hub global do segmento, pois já possui a presença de parte da cadeia de bens e serviços que envolvem o mercado offshore e tem potencial para expandir a matriz eólica nessa área.
Nordeste, Sudeste e RS puxam potencial de eólica offshore
A CNI, promotora do painel, tem contribuído com a discussão, inclusive com um estudo intitulado Oportunidades e desafios para geração eólica offshore no Brasil e a produção de hidrogênio de baixo carbono. O relatório da pesquisa foi destacado pela entidade durante a mesa redonda e é um interessante material de consulta sobre o tema, extrapolando para a bioeconomia e para um cenário de baixo carbono.
Entre os pontos mapeados pela CNI como potenciais para a exploração eólica no mar está uma faixa costeira que envolve o Nordeste, onde se observa uma grande área de viabilidade entre os estados do Piauí, do Ceará e do Rio Grande do Norte. No Sudeste, o potencial estaria concentrado numa área de grande interesse entre os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Já na Região Sul, o forte potencial estaria no Rio Grande do Sul.
O estudo da CNI reforça a avaliação da ABEEólica sobre as cadeias de suprimentos maduras nos setores relacionados à energia eólica onshore, petróleo e gás no Brasil. Ou seja, a confederação avalia que o país tem uma bagagem e experiência para alavancar a produção offshore nos estados citados.
Os dados acima são sinérgicos com a avaliação de Luiza Demôro, da BloombergNEF, que também participou do debate na COP 28 como convidada da CNI. A executiva destacou que o Brasil é o quinto país mais atraente para investimentos em energia limpa do mundo. Os dados fazem parte do relatório Climatescope, que analisa o progresso de 110 economias emergentes na área de energia limpa.
Por Flávia Teixeira
Gerente de Meio Ambiente, Responsabilidade Social Corporativa e Transição Energética da ENGIE Brasil. Junto com Giuseppe Signoriello, Consultor de Transição Energética da ENGIE Brasil, a executiva acompanha a COP 28 em Dubai, com contribuições exclusivas ao Além da Energia.
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