industria-inovadora-2024-rede-brasil-inovacao-esg-ia-innovation-startup-aldo-cargnelutti-ceo-palestrante-cni-sesi-senai-iel-sesi-fiergs-mercopar-feira-caxias-sul-programacao
rede-brasil-inovador-rec-play-porto-digital-recife-2024-inovacao-innovation-trends-ecossistema-startup-ia-ai-esg-hub-cni-cna-cnc-cnt-ntc-sebrae-ceo-palestrante-aldo-cargnelutti (4)

5CNCTI: “A política industrial legítima é aquela que vai aplacar as desigualdades regionais”, destaca MDIC

“A política industrial legítima é aquela que vai aplacar as desigualdades regionais”, destaca MDIC, durante 5ª CNCTI

As formas de regionalizar a Nova Indústria brasileira (NIB) foi refletida durante painel no segundo dia da 5ª Conferência Nacional de CT&I.

Criada com o desafio de remodelar a indústria nacional, focando em inovação tecnológica, sustentabilidade e modernização dos processos produtivos, a Nova Indústria Brasil (NIB) foi tema de discussão em painel no segundo dia da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. A conversa, que contou com a coordenação do ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Fernando, girou em torno do desafio de modernizar a infraestrutura industrial do país, mas, principalmente, de como as regiões brasileiras podem potencializar essa nova abordagem industrial e aumentar a competitividade do país no mercado global.

Para o ministro Márcio Fernando, não se fará no Brasil uma política industrial legítima, do ponto de vista social, se ela não alcançar a regionalização e, desse modo, a territorialização. “A política industrial legítima é aquela que vai aplacar as desigualdades regionais. Lá no artigo 3º, inciso 3, da Constituição, quando fixa os objetivos da República Federativa Brasileira, um dos propósitos é o de garantir o desenvolvimento regional para a redução das desigualdades. Então, o Estado Brasileiro tem como meta, enquanto República, promover, na ideia da Federação, a redução das desigualdades regionais; e é também da ordem econômica e da exploração da atividade econômica no Brasil”, pontuou o gestor.

O painel contou, ainda, com a presença da diretora substituta do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), Márcia Oliveira; do professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Abraham Sicsu; do diretor de Desenvolvimento Industrial da  Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Luchesi; e do presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli. A relatoria ficou sob a responsabilidade do economista e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Aristides Monteiro Neto.

O grupo de debatedores trouxe para a discussão os principais desafios da regionalização da Nova Indústria brasileira e apontaram as possibilidades de atuação para fortalecer o setor produtivo nacional, promovendo inovação e, por consequência, tornando-o mais competitivo e gerando mais empregos.

Para consolidar essa premissa, a diretora substituta do INT destacou a necessidade de firmar parcerias com universidades e institutos de pesquisa. Ela reforçou o trabalho do instituto na promoção de pesquisas avançadas que visam a transferência de tecnologia para a indústria e a oferta de serviços tecnológicos de alta complexidade. “É importante que o setor produtivo conheça a infraestrutura nacional de ciência, tecnologia e inovação. Existem inúmeros mecanismos para efetivamente fazer acontecer e desenvolver a tecnologia e a ciência em produto, serviço e riqueza para o país. A gente tem instituições que atendem a vários temas e desafios tecnológicos, e é importante que isso chegue ao setor produtivo para que se apropriem de todos esses mecanismos que o governo está disponibilizando. Assim, poderemos recuperar nossa industrialização”, afirmou Oliveira.

Compartilhando a mesma defesa da gestora do INT, o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, apoiou que a universidade precisa ter mecanismos mais ágeis e flexíveis para conseguir se acoplar no processo de desenvolvimento do país. “O Brasil produziu quase o mesmo número de pesquisas científicas que a Coreia do Sul, mas, enquanto eles registraram 23 mil patentes, o Brasil registrou 250. Isso é um gap absurdo em um país pobre como o nosso e com uma desigualdade social como a nossa, a gente usar os poucos recursos que temos para desenvolver a ciência e a tecnologia, e desenvolver um modelo absolutamente apartado do sistema produtivo de desenvolvimento do Brasil. Precisamos enfrentar isso, pois o papel da universidade é decisivo para produzir desenvolvimento no país”, completou.

O professor Abraham Sicsu aproveitou a ocasião para frisar que regionalização não é sinônimo de descentralização de recursos. Ele também chamou atenção para as regiões periféricas brasileiras. “De certa maneira, a política industrial se estrutura sempre como micro barreiras de proteção para criar ou consolidar setores estratégicos. O regional tem que fazer parte da estratégia nacional e é preciso ter uma política estruturada para que a regionalização não seja sinônimo de descentralização de recursos. As regiões periféricas, por exemplo, apresentam uma problemática mais crítica que necessita de um foco privilegiado em relação à inovação”, apontou o docente.

O diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Rafael Luchesi, ressaltou que a indústria brasileira gera cerca de 10 milhões de empregos, número maior que o setor agrícola. Dentro desse contexto, ele defendeu a honestidade no debate público. “Não existe uma oposição entre agricultura e indústria. Precisamos pensar que para ter um círculo virtuoso de desenvolvimento é preciso manter todas as conquistas do agro, que é importante, mas temos que construir uma agenda de política industrial, um plano de estado”, afirmou, reforçando ainda que, com pensamento original, o Brasil pode ser campeão mundial em economia verde e descarbonização produtiva. “Mas temos que construir um consenso na sociedade para isso”, concluiu.