Júlio Leão, Daniel Barros Jr, Tito José Bonagamba e Pedro Mattia Lunelli – Crédito: Matheus Pé/Padrinho

Tecnopuc Experience: para entender (e aplicar) chips, computação quântica e bioeconomia

Palestras no Tecnopuc Experience abordam o avanço tecnológico em semicondutores, a proteção de invenções e o potencial da biodiversidade brasileira

Antes mesmo da Inteligência Artificial, o ponto inicial para qualquer tecnologia está no bolso: o chip, presente no aparelho celular que todo mundo tem. Muito mais que um banho no mar, a bioeconomia também vem do fundo do oceano e atua na vida diária. As palestras da Trilha Ciência ao Mercado, na manhã desta quinta-feira (30), no Tecnopuc Experience, destacaram desde a produção de semicondutores (chips) ao universo das pesquisas em biodiversidade da Amazônia e mares e seus impactos.

A trilha começa com Do chip ao qubit – Criando tecnologias portadoras de futuro, com Daniel Barros Jr (INPI), Júlio Leão (EnSilica), e Tito José Bonagamba (USP) e o questionamento: o que são as tecnologias como chips, computação quântica e como protegê-las? Antes de tudo, é importante saber que o chip é uma tecnologia de melhor performance. “Então por que não pode ser chip para tudo em vez de software? Pelo tempo de desenvolvimento, quanto mais tempo, mais custo, pois produção pequena custa caro”, esclarece Júlio Leão, engenheiro da EnSilica.

O processo leva tempo: projeto, manufatura, encapsulamento e testes. Mas não para por aí. A tecnologia vai mais longe. A empresa trabalha com comunicação via satélite, ou seja, o celular vai se comunicar direto com o satélite, independente dos sinais das torres, “porque todas as tecnologias estarão no satélite”, explica Leão.

Seguindo o caminho da trilha, momento de lembrar da ressonância magnética que muitas pessoas fazem. O professor Tito José Bonagamba, da USP São Carlos, aponta o exame para facilitar o entendimento do qubit, ou o bit quântico, que é a tecnologia da computação quântica (do aparelho de ressonância). “Além do 0 e 5, há a combinação de 0 e 5, todas possíveis, e essa é a capacidade computacional que acelera processos e que substituída por outra combinação como proteção de dados, química medicinal, logística”, destaca Tito. Vale informar que, diferentemente de um bit, que só pode ser 0 ou 1, um qubit pode ser 0, 1 ou uma combinação de ambos simultaneamente.

Trilhando pelo caminho da proteção de dados que o professor cita, Daniel Barros Jr., do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), também engenheiro elétrico, fala sobre a proteção das invenções, neste caso, das tecnologias. O INPI é uma instituição de proteção intelectual. “Enquanto todo mundo enxerga a proteção de grandes marcas, em que a pessoa registra, concede a marca e está protegida juridicamente, há o conhecimento intelectual das pessoas. Após a invenção, ela pode publicar, pode guardar como segredo industrial ou pedir patente: inventor descreve, deposita no INPI e a partir dali está protegida, será examinada e após um tempo de sigilo, será publicada. Em contrapartida, vai fornecer a partir da data de depósito – 20 anos, no Brasil – exclusividade, exploração da patente”, explica Barros.

Este primeiro trajeto da trilha encerra com o professor Tito ressaltando o projeto do computador quântico brasileiro que está em desenvolvimento desde 2000 na USP São Carlos. “Hoje já se tem o controle teórico e experimental, estão montando a interface”, disse Tito. Ele também comenta que a universidade oferece cursos de computação quântica de 30 horas, com professores brasileiros. Leão, da EnSilica, em suas considerações finais atribui o crescimento da pesquisa e da tecnologia, o conhecimento, educação e qualificação profissional. E Barros deixa claro que todos os trabalhos são possíveis de patentear no Brasil.

A trilha agora muda a rota para a segunda palestra desta manhã: Deep techs e bioeconomia no Brasil, com Adalberto Luis Val (INPA), Mario Frota Junior (Regenera) e Leandro Astaritas (PUC).

“Temos um legado evolutivo sem precedência no Brasil. Inicia-se na Cordilheira dos Andes a história evolutiva do clima das mudanças climáticas. São 65 milhões de anos que os microrganismos vivem esses desafios na região”, comenta o professor Adalberto Luis Val, que trabalha no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Segundo ele, em se falando de bioeconomia, os peixes da Amazônia, como o pirarucu, podem chegar a 15 quilos em um ano. Outro destaque do pesquisador é a própria floresta, cujo solo tem uma infinidade de microrganismos e muitos deles desconhecidos pela ciência. “Temos uma matéria organizada e construída pela própria floresta e remover esta matéria é fundamental para estudá-la”, disse Val.

Saindo da terra firme, a trilha pega o caminho do mar. Mario Frota Junior, da Regenera, empresa que explora sustentavelmente o fundo do mar, diz que lá também há soluções. “Entendemos que a vida vem do mar, há tempos falamos de microrganismos que vivem no fundo do mar, que que podem ser usados para produção de medicamentos. Entre outras soluções para a economia, temos até um protótipo para iluminar uma rodovia”, afirma Frota.

Já o biólogo Leandro Astarita destaca que a biodiversidade está há milhares de anos na vida das pessoas ribeirinhas, litorâneas, que sempre souberam, de certa forma, utilizá-la para resolver os problemas. “Mas quando entrou o conhecimento e virou bioeconomia? Quando entrou a tecnologia”, aponta Astarita. Para ele, o conhecimento é o diferencial para fazer bioeconomia e que o Brasil tem agricultura e apoio, mas a pergunta que ele faz é: “por que o Brasil não decola?” Ele acredita que é preciso sair da bancada da academia e convergir com as empresas.

Outro entrave seria a legislação, segundo Mario Frota Junior. “A lei da biodiversidade é muito nova: de 2015. Levamos quase quatro anos para expedição no fundo do mar. É difícil investir sem conhecer as regras do jogo. Para conseguir vender um projeto aqui é uma dificuldade (ao tentar explicar como funciona a lei da biodiversidade)”, lamenta.

Este conteúdo é um oferecimento do TIC em Trilhas, uma iniciativa que oferece, de forma gratuita e online, trilhas de formação em Tecnologias da Informação e da Comunicação a partir de metodologias ativas de aprendizagem e com apoio de mentores e monitores especializados. A iniciativa integra o projeto Residência em TIC 02, apoiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, com recursos da Lei n° 8.248/91, sob coordenação da Softex e diversos parceiros e instituições renomadas com expertise na área.

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Aldo Cargnelutti é editor na Rede Brasil Inovador. Estamos promovendo os ecossistemas de inovação, impulsionando negócios e acelerando o crescimento econômico. Participe!

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