Nos últimos anos, o mercado audiovisual brasileiro vem atravessando uma transformação sem precedentes. A popularização dos serviços de streaming, a chegada das plataformas FAST TV (Free Ad-Supported Streaming TV) e o avanço da TV 3.0 estão redesenhando a forma como os brasileiros consomem conteúdo. O modelo tradicional da televisão aberta, que por décadas dominou a audiência e a publicidade, passa agora a dividir espaço com um ecossistema digital que combina conveniência, personalização e acesso gratuito.
Segundo estudos, o streaming já responde por mais de 40% do consumo audiovisual no Brasil, com protagonismo de diversas plataformas. O público busca controle: quer escolher o que assistir, quando e onde. É um comportamento que reflete a era da autonomia digital, na qual o espectador dita o ritmo do entretenimento.
Além dos serviços por assinatura (SVOD), o modelo baseado em publicidade (AVOD) vem ganhando força. Essa modalidade, que oferece conteúdo gratuito sustentado por anúncios, tornou-se a porta de entrada para milhões de brasileiros. É uma solução que se adapta ao perfil socioeconômico do país, equilibrando acesso democrático e monetização eficiente, um caminho que mantém o entretenimento acessível sem comprometer o alcance das marcas.
Nesse contexto, as plataformas FAST TV representam o renascimento da TV gratuita. Elas unem o formato linear à lógica da internet, oferecendo canais transmitidos online com curadoria temática e intervalos publicitários inteligentes. É a televisão reinventada, sem antena ou assinatura, mas com a fluidez da rede e a facilidade de acesso via Smart TVs. O avanço é impulsionado pelo fato de que mais de 70% dos lares com TV já possuem aparelhos conectados.
Mas a questão central permanece: o streaming e as FAST TVs vão substituir a televisão linear? A resposta é mais complexa do que parece. Embora o consumo tradicional ainda tenha relevância em públicos mais maduros e regiões com conectividade limitada, às gerações mais jovens migraram quase por completo para o ambiente digital. O que se observa, portanto, não é uma substituição imediata, mas uma convergência. A TV aberta se digitaliza, o streaming assume características de grade linear e a publicidade se torna cada vez mais segmentada e interativa.
A chegada da TV 3.0 tende a acelerar esse processo. Com transmissão híbrida (broadcast e broadband), recursos de inteligência artificial e experiências de interatividade em tempo real, a nova geração de televisores vai transformar o espectador em participante ativo. A tela deixa de ser um meio passivo de exibição e se converte em uma plataforma de engajamento, onde será possível votar, comprar e personalizar o conteúdo.
O crescimento das plataformas de streaming e FAST TV no Brasil, portanto, não representa o fim da televisão, mas a sua evolução. O conteúdo continua sendo o centro da experiência, mas agora impulsionado por dados, tecnologia e comportamento. O poder mudou de mãos: o controle não está mais na emissora, e sim no espectador.
A televisão do futuro não será apenas online ou offline, será interativa, inteligente e integrada à vida das pessoas. Em um cenário global cada vez mais conectado, a expansão de plataformas como a SOUL TV, presente em 197 países e com mais de 750 mil usuários ativos, mostra que a evolução da televisão já é realidade.
Gratuita, acessível e centrada no espectador, ela transforma a forma como milhões de pessoas consomem entretenimento e confirma que a TV tradicional está em plena transformação, mas longe de desaparecer.
*Por Ricardo Godoy, CEO e Fundador da Soul TV