Na Semana Caldeira, Guilherme Benchimol (XP) e Marciano Testa (Agibank) compartilharam como risco, pressão e cultura moldaram suas trajetórias. O encontro mostrou que empreender é um exercício de resiliência e reinvenção constante. Foto: divulgação

Semana Caldeira: liderar é arriscar – lições de quem transformou mercados

O painel “Liderar é arriscar: visões que transformam mercados” reuniu dois dos empreendedores mais emblemáticos do Brasil para discutir risco, pressão, cultura e o papel do líder no crescimento das organizações. No palco da Semana Caldeira, Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos, e Marciano Testa, fundador e CEO do Agibank, compartilharam aprendizados de quem construiu empresas bilionárias em setores altamente regulados e competitivos.

A discussão partiu de uma provocação simples, mas desafiadora: como lidar com risco em um país conhecido por sua instabilidade política, econômica e social? Para Benchimol, o segredo está em começar pequeno, errar barato e acelerar quando a fórmula se mostra vencedora. “Eu me considero conservador, mas muito intenso”, disse. Já Testa destacou que empreender vai além da matemática financeira: “o que diferencia é a capacidade de aguentar dor”.

Pressão como privilégio

Ambos reforçaram que a pressão não é um obstáculo, mas sim um motor de crescimento. Benchimol comparou crises a corridas de Fórmula 1 em pista molhada: enquanto muitos recuam, os preparados encontram espaço para ultrapassar. “Crise é grande oportunidade. Compete a você transformá-la em vantagem”, afirmou. Testa complementou: “o empreendedor que sente prazer em superar um momento adverso tem mais chances de sucesso”.

Essa visão conecta-se à trajetória pessoal de cada um. Testa saiu de casa aos 14 anos para empreender, emancipou-se legalmente aos 16 e fundou o Agibank poucos anos depois. Benchimol, demitido no Rio, escolheu Porto Alegre para fundar a XP, inicialmente com apenas R$ 10 mil. Para ambos, os maiores saltos vieram justamente em cenários adversos.

O líder que precisa mudar de papel

Outro ponto central foi a evolução do fundador dentro da empresa. Benchimol explicou que a fase inicial exige execução obsessiva, mas, em determinado momento, o mesmo comportamento que garante sucesso passa a limitar o crescimento. “Time que está ganhando não se mexe é a maior mentira que existe”, provocou. Para escalar, é preciso mudar de personagem: de executor a líder de pessoas e cultura.

Testa reforçou esse raciocínio com sua máxima de gestão: “nunca o seu negócio será maior que o seu líder”. Para ele, sair da zona de conforto, expor-se a novos ambientes e buscar crescimento pessoal são condições para que a empresa alcance novos patamares. “A capacidade da liderança de assumir riscos define até onde a organização pode chegar.”

Cultura, disciplina e prioridades

A cultura corporativa apareceu como tema complementar às visões sobre risco e liderança. Na XP, Benchimol resume em quatro pilares: sonho grande, espírito empreendedor, foco no cliente e mente aberta. Para ele, resultados só se sustentam se acompanhados de valores consistentes. “Se você promove apenas pelo resultado, mata a cultura”, alertou.

No Agibank, Testa estabeleceu três pilares: viver pelo cliente, agir como empreendedor e crescer na jornada. Para sustentar esse modelo, implantou um programa de partnership que já reúne quase 700 sócios, reforçando a ideia de que o crescimento precisa ser compartilhado. A disciplina na alocação de capital completa a equação: “trabalhar com escassez foi o que sempre nos permitiu crescer de forma sustentável”, disse.

Caldeira como palco e ecossistema

O encontro dos dois empreendedores em Porto Alegre não aconteceu por acaso. O Instituto Caldeira, que nasceu em 2019 da união de 42 empresas, tornou-se símbolo do movimento de colaboração empresarial e inovação no sul do país. Hoje reúne mais de 500 instituições associadas e projeta a criação de um distrito de inovação de 200 mil m².

Benchimol e Testa têm laços diretos com essa história: a XP nasceu no Rio Grande do Sul e o Agibank fez parte d a faísca inicial para a criação do Caldeira. Ambos enxergam no hub não apenas um espaço físico, mas uma representação do que acreditam ser o motor do futuro brasileiro — empreendedores preparados para correr riscos, formar culturas sólidas e transformar crises em oportunidades.

“O que está sendo construído aqui não será feito por uma ou duas pessoas, mas por uma comunidade inteira que acredita em colaboração”, reforçou Pedro Valério, diretor executivo do Instituto Caldeira, ao longo do painel que mediou com Benchimol e Testa.

Rede Brasil Inovador

Aldo Cargnelutti é editor na Rede Brasil Inovador. Estamos promovendo os ecossistemas de inovação, impulsionando negócios e acelerando o crescimento econômico. Participe!

+55 11 94040-5356 / rede@brasilinovador.com.br

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