No Caldeira, Salim Ismail afirma que a próxima onda virá de empreendedores com poucos recursos

No AI Day, no Instituto Caldeira, futurista defende que IA, energia barata e tecnologias exponenciais estão transferindo o protagonismo da inovação de grandes corporações para indivíduos em mercados emergentes.

No AI Day, no Instituto Caldeira, futurista defende que IA, energia barata e tecnologias exponenciais estão transferindo o protagonismo da inovação de grandes corporações para indivíduos em mercados emergentes. Foto: divulgação

Durante o AI Day realizado pelo Instituto Caldeira, em Porto Alegre, o autor e futurista Salim Ismail apresentou uma análise sobre o avanço da inteligência artificial e de tecnologias exponenciais no redesenho da economia global. Para ele, o avanço simultâneo de áreas como IA, biotecnologia, sensores, energia solar e computação está criando um novo ambiente onde qualquer empreendedor pode acessar ferramentas antes restritas a grandes corporações.

“A energia é barata, os sensores são baratos, as blockchains são baratas. Você pode gastar 20 dólares por mês em IA e ter praticamente o mesmo resultado de quem gasta um milhão”, afirmou. Esse cenário, segundo Salim, representa uma quebra histórica: o acesso à inovação deixou de ser privilégio de quem tem capital ou infraestrutura.

Com isso, abre-se uma janela inédita para o surgimento de soluções em regiões periféricas, por indivíduos ou equipes com poucos recursos, mas com capacidade de adaptação rápida. Salim citou o caso do carro Vega, um dos mais rápidos do mundo, projetado no Sri Lanka — “uma ilha de pescadores e agricultores” — como exemplo de como a combinação entre criatividade local e tecnologia acessível pode gerar disrupção em mercados altamente sofisticados.

Da escassez à abundância: nova lógica para empreender

Na palestra, Salim propôs que tecnologias exponenciais estão mudando o eixo de criação de valor. “A transição é da escassez para a abundância”, afirmou, ao comparar o impacto da fotografia digital sobre o mercado da fotografia química. A partir do momento em que o custo marginal de tirar uma foto foi a zero, houve uma explosão de conteúdo e uma mudança completa na lógica do setor.

A mesma dinâmica tem sido observada em setores como agricultura, saúde e energia, com uso crescente de sensores, IA e geração descentralizada. Para empreendedores, isso significa que modelos de negócios baseados em escassez tendem a colapsar, enquanto novas oportunidades surgem a partir de modelos baseados em abundância, acesso e dados.

Segundo Salim, o papel da IA nesse processo não é apenas automatizar tarefas, mas permitir que qualquer profissional ou pequena empresa possa operar com a mesma capacidade analítica de uma corporação. “Estamos entrando em um mundo onde qualquer um pode fazer qualquer coisa”, disse. “E o mais difícil não é usar a tecnologia, é imaginar o que é possível fazer com ela.”

Impacto estrutural para além dos negócios

Ainda que o discurso tenha foco claro na oportunidade para novos empreendedores, Salim também alertou para implicações mais amplas da transformação em curso. Ao comparar o momento atual com a invenção da imprensa, ele argumenta que a convergência entre superinteligência, longevidade, energia barata e biotecnologia exigirá uma revisão profunda das instituições, da educação à governança.

“As nossas instituições são medievais, as nossas emoções são paleolíticas, mas as tecnologias são galácticas”, afirmou, citando o biólogo E.O. Wilson. Essa defasagem, segundo ele, é o que explica o colapso de sistemas educacionais, o desgaste das democracias e a incapacidade de governos de acompanhar o ritmo da mudança tecnológica.

Nesse cenário, líderes e empresas que conseguirem operar com agilidade, experimentação e propósito terão vantagem. Para Salim, o “mindset” é o novo diferencial competitivo. “O melhor modelo de negócio do mundo não sobrevive ao pensamento errado. Mas o pensamento certo pode transformar qualquer setor, mesmo com recursos limitados.”

Brasil como laboratório de futuro acessível

Ao ser questionado sobre o papel de países emergentes nesse cenário, Salim foi claro: com tecnologias acessíveis, o desafio principal é estrutural e mental, não financeiro. “O custo já caiu. O problema agora é como as pessoas pensam, como as organizações se organizam, como os líderes tomam decisões.”

Essa perspectiva dialoga com o perfil do público presente no AI Day — empreendedores, investidores e lideranças de empresas que integram a rede do Instituto Caldeira. Fundado em 2019, o Caldeira reúne mais de 500 organizações e atua como ponto de articulação entre inovação empresarial, academia e poder público, com conexões internacionais que incluem hubs em Israel, Portugal, Estados Unidos, Canadá e América Latina.

“O legado Caldeira, como a gente costuma dizer, é articular. Não somos o destino final, mas o meio para conexões relevantes acontecerem”, afirmou Pedro Valério, diretor executivo do Instituto, durante a abertura do evento. A declaração reforça o posicionamento do Caldeira como plataforma para a integração de empresas, talentos e conhecimento, com foco em impacto coletivo e adaptação a mudanças estruturais. Ele também destacou que o Instituto é “a primeira instituição de inovação do mundo que nasceu na pandemia e sobreviveu na enchente”, um marco que simboliza sua vocação para resiliência e transformação.

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Aldo Cargnelutti é editor na Rede Brasil Inovador.

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