“Futuro Competitivo: Sustentabilidade aplicada ao resultado” foi tema de um painel realizado no Espaço do Conhecimento, no período da tarde desta quinta-feira, 16, na Mercopar, a maior feira de inovação industrial da América Latina. O encontro reuniu a engenheira química Ana Curia, gerente corporativa de Sustentabilidade e Inovação da BE8 e Ricardo de Assunção, Top Voice e sócio da I UAI e líder de Sustentabilidade e ESG na EY Latam. Arthur Arruda, Office Managing Partner da I UAI em Porto Alegre foi o mediador.
Os especialistas que participaram do encontro discutiram caminhos para integrar práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) à performance das empresas brasileiras. Entre os temas abordados, destacaram-se as rotas de descarbonização, os desafios da jornada ESG nas empresas e o papel do Brasil na transição para uma economia de baixo carbono. Os palestrantes levaram exemplos práticos de como a sustentabilidade pode ser aplicada de forma estratégica, gerando valor real para os negócios – seja por meio da eficiência energética, da inovação em processos ou da adoção de métricas que conectam impacto ambiental e retorno financeiro.
Ana Curia destacou a importância de incorporar a sustentabilidade desde o planejamento estratégico até a operação diária das indústrias, reforçando que não se trata mais de uma agenda paralela, mas de um eixo central de competitividade. Para ela, uma empresa que tem uma liderança humanizada, mais empatia, poder de escuta ativa, lidera pelos valores e exemplos. “Isso faz com que o engajamento seja natural e aumenta em 40% a colaboração dos funcionários e aumenta em 50% a inovação. Além disso, o índice de atração e retenção de talentos sobe para 87%”, afirmou.
Ricardo de Assunção levou dados da última COP, que aconteceu na França, em 2015, em que foi acordado que os países trabalhariam para que o aquecimento global não ultrapassasse 1,4 grau, mas dados atuais mostram que o mundo caminha para um cenário de 2,6 graus em média, e ele lembrou que, sem ações concretas, pode resultar em milhares de mortes adicionais por calor extremo e mais de cem dias extras de temperaturas críticas por ano.
Segundo ele, o aquecimento global afeta o mundo ao intensificar eventos climáticos extremos, aprofunda desigualdades socioeconômicas e compromete a competitividade das empresas que não se adaptam às práticas sustentáveis. O especialista destacou que o aquecimento global não é apenas uma questão ambiental, mas um desafio estratégico para governos, empresas e sociedade.
Ele apontou que o aumento da temperatura média do planeta está diretamente ligado à maior frequência de desastres naturais, como enchentes, secas e ondas de calor, que afetam cadeias produtivas, geram prejuízos econômicos e colocam em risco populações vulneráveis. “A capacidade produtiva de alimentos cai, e as micro e pequenas empresas são as mais impactadas”, analisou. Assunção também ressaltou que empresas que não incorporam práticas ESG correm o risco de perder competitividade, especialmente em mercados internacionais que exigem conformidade com metas de descarbonização e responsabilidade socioambiental. Para ele, o Brasil tem potencial para liderar essa transição, mas precisa acelerar a adoção de políticas públicas e estratégias empresariais voltadas à sustentabilidade.