Iniciativa conjunta de Fiesp, Senai-SP e Sebrae-SP propõe aumento na competitividade de micro, pequenas e médias indústrias por meio da redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Foto: divulgação
Fiesp / Renata Victal
Cerca de 100 empresários e autoridades da Região de Ribeirão Preto participaram nesta terça-feira (25/11) do evento Jornada de Descarbonização. A iniciativa, organizada em parceria pela Fiesp, Senai-SP e Sebrae-SP, mostrou como as indústrias paulistas podem se adequar às crescentes exigências ambientais internacionais e contribuir para um futuro mais sustentável e competitivo.
Com um Produto Interno Bruto (PIB) de aproximadamente R$ 35 bilhões, Ribeirão Preto é o 11º maior PIB do Estado, sendo um dos maiores polos econômicos do interior, o que reforça a importância da adesão das indústrias da região.
Urgência climática
Na abertura do encontro, Paulo Henrique Schoueri, diretor titular do Departamento de Desenvolvimento Intersindical e vice-presidente da Fiesp, ressaltou os ganhos para os participantes do programa:
“Nosso concorrente hoje está no mundo e temos que ganhar competitividade para continuarmos no mercado. O primeiro grande ganho é a blindagem da competitividade global. Com a União Europeia implementando a taxação da emissão de GEE embutida nos produtos importados, as indústrias que não medem e não reduzem sua pegada de carbono correm o risco de perder contratos e serem excluídas das cadeias de valor internacionais. O segundo ganho é a eficiência operacional e a atração de capital. A descarbonização é um processo de otimização de processos e de inovação tecnológica que resulta diretamente na redução do consumo de energia e de insumos”, afirmou Schoueri.
Especialista em inteligência de mercado do Senai-SP, a economista Camilla de Oliveira reforçou que a medição das emissões de GEE é uma demanda atual e alinhada aos desafios globais. Segundo ela, por ser um importante polo de geração de emprego e um motor econômico, a indústria precisa estar alinhada às exigências ambientais do planeta.
“Ainda que o comércio e os serviços sejam mais relevantes para a economia da cidade, a indústria local é muito importante, corresponde a 15% da economia do município e gera 40 mil empregos formais. Para continuarem fornecendo para outros players e tendo destaque no cenário, nossas indústrias precisam medir as emissões de GEE”, afirmou.
Jornada estruturada
Diretor da unidade de São José dos Campos do Senai-SP, Valter Sampaio, explicou como é realizada a Jornada de Descarbonização, que oferece consultorias e projetos estruturados em seis etapas visando à redução de emissões de GEE. Para micro e pequenas indústrias com faturamento anual bruto de até R$ 8 milhões, o programa é oferecido de forma gratuita.
“Temos que reduzir as emissões dos Gases de Efeito Estufa, como foi reforçado agora na COP30, e até 2050 falamos da neutralidade de carbono em São Paulo. Isso é lei. A participação na Jornada de Descarbonização posiciona as indústrias de Ribeirão Preto como líderes em sustentabilidade, facilitando o acesso a linhas de crédito verdes e a parcerias com grandes players que buscam fornecedores alinhados aos princípios de baixo carbono. Aderir ao programa é um investimento no futuro que assegura a longevidade, a rentabilidade e o protagonismo regional”, ressaltou Sampaio.
O evento, realizado na Escola Senai Engenheiro Octávio Marcondes Ferraz, contou ainda com a presença de Abílio Neto, presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Ribeirão Preto – SINDIVERP, José Carlos, vice-presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de Ribeirão Preto – SINDIPÃO, Vanessa Accunzo, diretora executiva do Sindicato da Indústria de Esquadrias e Construções Metálicas do Estado de São Paulo – SIESCOMET, e Antonio Carlos Moretti, secretário municipal de Tecnologia e Governo Digital, representando a Prefeitura de Ribeirão Preto.
Cases de sucesso
Os participantes também conheceram os cases de sucesso da BBC Indústria e Comércio e da RV Soluções Industriais, que ilustram essa urgência, e ainda conferiram as mudanças positivas promovidas pela Jornada de Descarbonização em algumas indústrias participantes do programa.
Ao fim do evento, Marcelo Sequeira, coordenador de Desenvolvimento Intersindical da Fiesp, moderou um bate-papo com Valter Sampaio, diretor da unidade de São José dos Campos do Senai-SP, Lenira Aida, empresária da Mundi, e Paulo Arruda, representante do escritório regional do Sebrae de Ribeirão Preto.
Na Mundi, que iniciou o processo no início do ano, já é possível perceber o retorno entre os clientes. Segundo Lenira, o engajamento dos funcionários e da diretoria tem sido fundamental. A indústria, que é referência em soluções de EPS, oferece produtos como embalagens personalizadas e painéis para construção civil.
“Estamos no mercado há mais de 30 anos e a Jornada da Descarbonização veio como um grande diferencial. Quando procuramos ajuda para entender melhor sobre o assunto, porque todo mundo fala, mas não têm conhecimento, queríamos saber como podíamos nos adequar ainda mais às normas ambientais. Atendemos variados mercados e alguns clientes começaram a nos cobrar sobre questões climáticas”, detalhou Lenira.
Na avaliação de Paulo Arruda, representante do escritório regional do Sebrae de Ribeirão Preto, os empresários precisam avaliar os benefícios da porta para dentro e também da porta para fora de suas empresas.
“Da porta para dentro, é muito importante criar indicadores e investir em tecnologia para monitorar e acompanhar o quanto, por exemplo, uma empilhadeira está impactando no meio ambiente. E, da porta para fora, a sociedade valoriza mais as empresas socialmente responsáveis. Hoje, no mundo, todos estão preocupados com a sustentabilidade”, pontuou Paulo.
Escola Móvel de Economia Circular
Durante o evento, os participantes puderam visitar as instalações da Escola Móvel de Economia Circular do Senai-SP. Idealizada para promover a capacitação, o treinamento e a disseminação de conhecimento sobre o tema, a unidade aborda a temática com aula imersiva sobre os principais conceitos da economia circular, que propõe uma mudança de mentalidade ao repensar produtos e serviços, desde o projeto até a revisão de modelos de negócio.
A escola móvel também é uma oportunidade para fortalecer a colaboração global e envolver empresas no desenvolvimento de um futuro sustentável pautado pela Economia Circular, um conceito cada vez mais relevante e imprescindível atualmente.