Foto: divulgação

IA testada pela Procempa e Santa Casa permite detectar câncer de mama

Neste Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização sobre a prevenção do câncer de mama, a Procempa e a Santa Casa de Porto Alegre estão testando uma IA capaz de detectar a doença precocemente em exames de mamografia. Ela identifica pacientes com alto risco de desenvolver a doença com até cinco anos de antecedência e com 81% de precisão. O Mirai, como é chamado, analisa as imagens de mamografia, identifica padrões que podem indicar riscos futuros de desenvolver câncer e sinaliza os casos que têm propensão para o surgimento da doença através de uma pontuação de risco.

Ao identificar pacientes com alto risco de desenvolver a doença, a IA permite que os médicos otimizem as estratégias para um tratamento eficaz. Na prática, esta ação possibilita que equipes de saúde personalizem a terapia, ajustando a frequência de exames e encaminhando para triagens adicionais. Já aquelas pacientes que apresentam baixo risco, podem evitar exames desnecessários.

“O uso da IA para a detecção precoce do câncer de mama é um exemplo concreto de como a tecnologia pode salvar vidas quando é colocada a serviço das pessoas”, afirma a presidente da Procempa, Débora Roesler. Para ela, esta iniciativa reafirma o papel estratégico de Porto Alegre como um polo de inovação, onde o investimento em tecnologia se traduz em benefícios reais ao cidadão. “Seguimos comprometidos em colocar a tecnologia a serviço da vida, da saúde e do futuro”, enfatiza.

No Brasil, a IA foi calibrada e validada pela Empresa Pública de Tecnologia da Informação e Comunicação de Porto Alegre (Procempa) em conjunto com a Santa Casa com mil mamografias. Esta iniciativa é uma colaboração com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), dos Estados Unidos, que desenvolveu o Mirai. As pesquisas realizadas pelo MIT revelaram que a IA foi mais precisa do que ferramentas tradicionais já existentes de detecção precoce de câncer. A tecnologia manteve sua precisão em pacientes de diferentes densidades mamárias, idades e grupos raciais.

“Quando conseguimos transformar o conhecimento produzido em benefício direto ao paciente, cumprimos o verdadeiro propósito da ciência”, ressalta a gerente de Ensino e Pesquisa da Santa Casa, Roberta Almeida. Segundo ela, projetos como o Mirai mostram o quanto é essencial investir em estudos com impacto real na vida das pessoas. “A integração entre pesquisa, tecnologia e cuidado reforça nosso compromisso com a inovação e com a busca constante por melhores desfechos em saúde.”

Em funcionamento, após a inserção dos exames na IA, o sistema extrai propriedades relevantes para identificar possíveis sinais de risco. Este processo é feito com todas as imagens de uma mesma paciente. Os diferentes ângulos de visualização dos exames são combinados para a obtenção de resultados mais precisos sobre o estado real das glândulas mamárias. A partir desta análise detalhada de características importantes nos exames, o Mirai prevê o risco da paciente desenvolver câncer de mama em cada um dos próximos cinco anos.

Processo de calibragem do Mirai

A calibragem do Mirai iniciou no final do ano de 2023 e encerrou em abril de 2024. Este processo de validação da eficácia da tecnologia foi possível devido ao acordo de cooperação firmado entre a Procempa e a Santa Casa de Porto Alegre em julho de 2023. Atualmente, a IA está sendo usada apenas em pesquisas científicas. Para ser integrado ao sistema de saúde, é necessário que a tecnologia passe por validações que comprovem sua eficácia e que seja aprovada pelos órgãos de regulação da saúde.

Os mil exames de mamografia utilizados fizeram parte da primeira etapa do estudo retrospectivo. Nesta fase, foram analisadas imagens de mulheres que realizaram mamografia entre dezembro de 2019 até abril de 2024. As imagens eram de pacientes que já haviam recebido atendimento e não estavam internadas no momento da pesquisa. Este primeiro passo retrospectivo confirma a eficácia da IA na população local, permitindo que, no futuro, possa ser aplicada à rotina médica. Os resultados deste estudo foram aceitos para publicação no Brazilian Journal of Oncology (Revista Brasileira de Oncologia, em tradução livre).

A próxima etapa são os testes clínicos, em que a IA é testada prospectivamente em pacientes que irão realizar a mamografia como exame de rotina. O início desta fase ainda depende de financiamento, que a Procempa e a Santa Casa estão solicitando junto aos órgãos de fomento.

Para o supervisor técnico responsável pelo projeto na Procempa, Márcio Scherer, a troca de experiências e informações com especialistas da Santa Casa e do MIT reforça a capacidade técnica e o potencial global das iniciativas locais. “Temos orgulho de contribuir para uma rede de conhecimento que une instituições de excelência e reforça a capacidade da cidade de protagonizar soluções que dialoguem com um dos maiores centros de inovação do mundo”, pontua Márcio.

Câncer de mama no Brasil

Segundo o relatório trienal, de 2023 a 2025, do Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Brasil, o câncer de mama é o tipo mais comum na população feminina. Ele representa 30,1% de todos os casos de câncer entre as mulheres. No Rio Grande do Sul, a cada 100 mil mulheres, aproximadamente 62 possuem câncer de mama. Em Porto Alegre este número sobe para 81. Tanto no estado como na capital, ele também é o tipo de câncer com mais incidência na população.

Metade dos casos ocorre sem fatores de risco específicos, exceto pelo fato de serem mulheres com mais de 40 anos, explica a coordenadora do projeto na Santa Casa, Carmela Farias. “A detecção precoce é fundamental para identificar o câncer em fases iniciais, o que irá permitir tratamentos menos agressivos e aumentar significativamente as chances de cura”, completa. Segundo ela, modelos de IA, como o Mirai, estão revolucionando a detecção precoce. “Eles podem prever o risco futuro de uma pessoa desenvolver câncer de mama com mais precisão do que os métodos tradicionais.”

Mirai nos Estados Unidos

Desenvolvido pelo MIT nos Estados Unidos, o Mirai foi treinado, inicialmente, com aproximadamente 200 mil mamografias disponibilizadas pelo Hospital Geral de Massachusetts. Este processo foi coordenado pela Clínica Jameel, uma instituição ligada ao MIT voltada para o desenvolvimento de IAs na saúde, e liderado pela professora Regina Barzilay, que em 2025 foi nomeada pela Revista Time como uma das cem pessoas mais influentes em IA no mundo. 

A implantação da IA nos sistemas de saúde depende da validação da tecnologia em diferentes populações, segundo os pesquisadores. O Mirai está sendo calibrado em 72 hospitais de 22 países. Pelo menos duas milhões de mamografias já foram validadas ao redor do mundo.

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