Estudo da Febraban mostra que as tecnologias estão impulsionando automação, ganhos de produtividade, realizando operações para clientes, como compras e pagamentos, além de proteger os bancos contra fraudes. Foto: divulgação
O setor bancário brasileiro, reconhecido mundialmente por sua digitalização pioneira, entra em uma nova era de transformação. O relatório Tecnologias Emergentes para o Setor Bancário 2025, fruto da colaboração entre Febraban e outras empresas do setor financeiro e de tecnologia, identificou quatro pilares que sustentarão a próxima geração de serviços financeiros: Inteligência Artificial para o Ciclo de Desenvolvimento de Software (SDLC), Agentes de IA, Computação Quântica e Identidade Digital & Biometria.
De acordo com o estudo, as tecnologias estão impulsionando automação, ganhos de eficiência operacional e de produtividade, realizando operações do dia a dia dos clientes, como compras e pagamentos, além de proteger os bancos contra invasões e fraudes.
Inteligência Artificial
A Inteligência Artificial já não é promessa, mas realidade. De acordo com o estudo, aplicada ao desenvolvimento de software, a IA proporciona ganhos de produtividade superiores a 20%, automatizando desde a geração de requisitos até a manutenção de sistemas.
Modelos generativos são aplicados na geração de requisitos, criação de códigos, execução de testes, produção de documentação e manutenção de sistemas. As aplicações podem reduzir o tempo de desenvolvimento, elevar a produtividade das equipes e melhorar a qualidade dos sistemas entregues.
Agentes Autônomos
Um agente de IA é um sistema computacional projetado para perceber seu ambiente, processar informações e agir de forma autônoma para atingir objetivos pré-definidos. Diferentemente de um programa tradicional, que segue estritamente regras codificadas, ou de um simples assistente de IA que responde passivamente a comandos, os agentes possuem um grau de inteligência contextual e autonomia decisória que lhes permite tomar iniciativas e se adaptar às circunstâncias.
Eles operam conectados a ambientes digitais, recebem dados em tempo real, tomam decisões sem intervenção humana e adaptam seu comportamento de forma reativa, proativa e social. A IA generativa atua como o “cérebro” do agente, fornecendo raciocínio avançado para interpretar dados, planejar ações e decidir quais ferramentas utilizar.
Os agentes de IA podem realizar operações do dia a dia de clientes, como compras e pagamentos, e podem terceirizar trabalhos, como planejar investimentos, recomendar melhores forma de pagamento, planejar como arcar com grandes compras, entre outros exemplos.
Computação Quântica
O relatório destaca que a computação quântica está deixando de ser apenas uma promessa distante para se tornar um fator estratégico no setor financeiro brasileiro. Fundamentada em princípios como superposição, emaranhamento e interferência, a computação quântica permite que qubits processem informações de forma paralela e exponencialmente mais eficiente do que os bits tradicionais. Isso abre caminho para resolver problemas de otimização, simulação e análise de dados.
No último ano, o setor testemunhou avanços expressivos em chips e algoritmos quânticos, com aplicações promissoras em algoritmos variacionais para otimização financeira, quantum machine learning para detecção de fraudes e simulações para análise de risco. Ainda que nenhum caso de uso tenha atingido escala comercial, bancos globais já testam infraestruturas híbridas para proteger dados sensíveis e garantir resiliência frente a ameaças futuras.
Identidade Digital
A Identidade Digital consolidou-se como conceito central para garantir segurança, confiança e conveniência nas interações entre clientes e bancos. Com o aumento das fraudes e a sofisticação dos ataques, cresce a adoção de credenciais biométricas, autenticação multifatorial e soluções de “segurança invisível”, que equilibram proteção e experiência do cliente. O conceito de Identidade Digital Integrada surge para consolidar dados em um perfil único, reutilizável e seguro, permitindo jornadas fluidas e personalizadas.
No setor bancário, é um dos pilares da operação: garante que apenas pessoas ou agentes autorizados acessem contas, realizem transações e assinem contratos remotamente. Sua relevância cresce à medida que os canais digitais se tornam predominantes.
A Identidade Digital integrada surge para consolidar todos os dados de identificação em um perfil único, confiável e reutilizável ao longo de toda a jornada do cliente bancário — do onboarding à autenticação contínua e autorizações de transações.
De acordo com o estudo, os bancos podem assumir um novo papel como emissores de credenciais reutilizáveis, integradas a carteiras digitais. Também têm a oportunidade de atuar como facilitadores das soluções de infraestrutura, como blockchain, dado a aceitação e a confiança que as pessoas têm nos serviços existentes, e podem se posicionar como validadores confiáveis para terceiros.
“O relatório conclui que o verdadeiro potencial transformador está na convergência dessas tecnologias. A integração entre Inteligência Artificial, agentes autônomos, computação quântica e identidade digital permitirá aos bancos brasileiros manterem a liderança conquistada e transformar tecnologia em vantagem competitiva sustentável”, afirma Rodrigo Dantas, diretor do Comitê de Inovação e Tecnologia da Febraban.
Sobre o estudo:
O relatório é resultado de workshops temáticos, visitas a empresas e startups nos EUA, sessões de debate com especialistas nacionais e internacionais, e cocriação com o setor bancário brasileiro. Leia o estudo neste link.