Setor é responsável pela geração de mais de 13 mil empregos formais diretos, mas ainda enfrenta desafios com a informalidade e leis municipais que inviabilizam a mineração sustentável
Alex de Souza
Do piso ao telhado, do automóvel ao smartphone, a mineração está em toda parte. E na construção civil, um dos setores mais dinâmicos da economia, os minerais são essenciais. A fim de aprofundar os debates sobre o tema, a Fiesp lançou um estudo inédito na sexta-feira (15/8).
Intitulado “Recursos Minerais para a Construção: Panorama Setorial Paulista”, o levantamento reúne dados inéditos e análises sobre a importância econômica, social e ambiental da mineração paulista voltada ao setor da construção.
O estudo aponta que em todo o estado de São Paulo há 776 empreendimentos ativos, responsáveis por uma produção bruta superior a 150 milhões de toneladas de minérios por ano e pela geração de mais de 13 mil empregos formais diretos.
O coordenador do Grupo de Trabalho de Mineração do Conselho Superior da Indústria da Construção (Consic) da Fiesp, Carlos Eduardo Pedrosa Auricchio, ressaltou o papel estratégico da atividade, lembrando que a extração de minerais não metálicos como areia, brita, calcário e argila é essencial. “Esses recursos constituem a base para atender às demandas crescentes de moradia e infraestrutura”, afirmou.
Atualmente, a mineração paulista é responsável por 70% da areia industrial do Brasil, 50% da areia comum, 30% da brita e 16% da argila. “Mais do que números, o estudo mostra o quanto essa atividade é estratégica para o crescimento urbano e regional”, comentou.
Entretanto, o setor tem seus desafios, que incluem a informalidade, o excesso de peso no transporte rodoviário e leis municipais que inviabilizam a mineração sustentável. “Por meio do CadMinério, que é o Cadastro Estadual de Pessoas Jurídicas que comercializam produtos e subprodutos minerais, é possível reduzir a informalidade”, acredita Auricchio.
Outro ponto crítico apontado por ele é o excesso de peso no transporte rodoviário, especialmente de agregados, o que compromete a estrutura viária e coloca em risco a segurança dos usuários. Mais fiscalização é o caminho adequado, mas o maior entrave, de acordo com o coordenador, reside nas leis municipais.
“Alguns municípios expulsam a atividade mineradora de seu território, e geram impactos econômicos e sociais significativos”, alertou Auricchio. “Defendemos que a regulação seja regional ou estadual, evitando extremos de centralização federal ou municipalização total”.
Sustentabilidade como parte do negócio – A diretora da Divisão da Cadeia Produtiva da Mineração (Comin) da Fiesp, Sandra Maia de Oliveira, observou que o setor compreende a necessidade de aliar produção à extração consciente dos recursos e que essa preocupação já é inerente ao plano de negócios de muitas mineradoras.
“Hoje, temos empresas investindo em recuperação de áreas, uso racional de água, eficiência energética e gestão de resíduos”, relatou.
Ela entende que reconhecer o papel estratégico da mineração é essencial e disse ser preciso encontrar caminhos para torná-la ainda mais integrada às políticas públicas de desenvolvimento com foco na sustentabilidade, na inovação e na geração de valor para a sociedade.
“A mineração moderna entende que cuidar do meio ambiente é a parte essencial do negócio e não obstáculo do seu desenvolvimento”, concluiu.
Acesse o estudo para saber mais sobre o assunto.