Uma das vozes centrais do debate sobre educação será Alessandra Aranda Nicolau, diretora de Pesquisa e Desenvolvimento da Solução Contagie. Ela apresenta a palestra “Alfabetização: Do chão da escola à gestão”, às 15 horas do dia 27, na Arena Paraná. A educadora defende que a inovação escolar só tem impacto real quando segue evidências científicas sobre leitura e escrita e respeita contextos culturais regionais.

Para Alessandra, inovar não é apenas adotar metodologias modernas, mas alinhar currículo, formação docente, avaliações e uso pedagógico de dados. “Inovações devem contribuir para reduzir desigualdades”, afirma. Tecnologias assistivas, materiais contextualizados e monitoramento contínuo elevam indicadores de aprendizagem e ajudam a reduzir evasão e defasagem.

Ela alerta ainda para desafios persistentes, como descontinuidade de políticas, lacunas na formação de professores e desigualdades estruturais. “Busca-se o número, mas esquece-se do processo”, resume.

Cidades inteligentes e o uso da inteligência artificial

O segundo dia do FIIL 2025 começa às 8h30, com o secretário de Estado das Cidades, Guto Silva, que apresenta “Políticas públicas estaduais de cidades inteligentes”. Ele mostrará como o Paraná incorporou tecnologias avançadas — especialmente inteligência artificial — para melhorar serviços e preparar municípios para desafios futuros.

O Estado já conta com cinco soluções de IA em operação e planeja alcançar 30 no próximo ano. Entre elas, estão ferramentas que auxiliam professores na correção de redações, sistemas de leitura orientada para estudantes, recadastramento digital mais seguro, sincronização inteligente de semáforos e o CAR Inteligente, que aprimora o planejamento ambiental. “Estamos avançando na construção de cidades mais inteligentes e sustentáveis”, afirma.

Silva destaca que a Secretaria das Cidades atua além da infraestrutura física, modernizando serviços, reduzindo burocracia e qualificando o atendimento ao cidadão. O Paraná busca se tornar o primeiro Estado de IA do Brasil. “Recentemente, participei do Google Public Sector Summit, em Washington D.C., evento que reuniu gestores e especialistas em tecnologia do setor público. Lá, apresentei o plano de Inteligência Artificial do Paraná, reconhecido pela própria Google como o mais avançado do país.”

De acordo com o secretário, tecnologia deve servir à qualidade de vida e “isso exige formação contínua e estímulo a talentos”.

A integração da saúde como pilar no fortalecimento do ecossistema

O secretário estadual da Saúde, Beto Preto, abre a programação da Arena Paraná na tarde do dia 28. O tema dele será: “Reforçando a integração da saúde como pilar essencial no fortalecimento do ecossistema de inovação paranaense”. “Quando falamos em inovação em saúde, não estamos falando de tecnologia pela tecnologia. Estamos falando de ferramentas que encurtam o caminho do paciente, reduzem tempo de espera, evitam deslocamentos desnecessários e permitem um cuidado mais preciso. Isso significa digitalizar processos, integrar equipes e melhorar a capacidade de resposta dos nossos serviços”, declara.

De acordo com ele, quando a Saúde consegue “enxergar o paciente”, desde a atenção básica até o hospital, com informações atualizadas e confiáveis, é possível prestar melhor atendimento e evitar desperdícios. “Este é um dos exemplos que evidenciamos: a transformação da gestão em cuidado.”

Inovação como motor das políticas públicas

Após a participação de Beto Preto, a professora especialista em políticas públicas de desenvolvimento de cidades e governos, Michele Pillon vai falar sobre “Cidades que entregam resultados: políticas públicas que desenvolvem cidades”. Para ela, inovação deixou de ser acessória e se tornou motor central das políticas públicas. “A inovação permeia todas as áreas: saúde, cultura, direitos humanos, mobilidade, saneamento e habitação. Não existe elaborar política pública sem inovação”, diz. Michele compara inovação a uma mola propulsora capaz de multiplicar resultados: “Com tecnologia, consigo triplicar atendimentos e ampliar impactos”.

O maior gargalo, segundo ela, é estrutural. Muitos municípios não possuem secretaria ou coordenação dedicada à inovação e a área costuma ficar diluída em outras pastas. Michele destaca a importância de criar uma estrutura administrativa robusta — com conselhos, fundos, equipes capacitadas e orçamento próprio — para que a inovação se torne política pública de fato. “A Secretaria de Inovação deve ser o braço direito do prefeito ou do governador.” Além da estrutura, a formação permanente de servidores é essencial.

Fortalecendo a inovação nos municípios

 Fechando a programação da Arena Paraná, às 17 horas do dia 28, o secretário de Estado da Inovação e Inteligência Artificial, Alex Canziani, apresenta a palestra “Como o Paraná vai transformar os municípios cada vez mais inovadores”. Ele afirma que o FIIL se consolidou como principal espaço para compreender o momento vivido por Londrina em termos de inovação e como as iniciativas locais têm impulsionado o ecossistema regional.

Canziani destaca o papel do Governo do Estado — por meio da Secretaria de Inovação e IA, Fundação Araucária e Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) — no fortalecimento de projetos estruturantes, como investimentos no Parque Tecnológico da UEL, expansão do Hub X e repasses fundo a fundo destinados diretamente aos municípios para fomentar inovação ainda este ano. “Estamos construindo bases sólidas para que as cidades do Paraná avancem de forma contínua e sustentável”, afirma.

Sobre o FIIL 2025

O FILL 2025 é promovido pela Estação 43, com co-realização do Sebrae/PR e Abratic, e conta com apoio do Governo do Estado, por meio das secretarias da Inovação e Inteligência Artificial (Seia), Turismo (Setu), Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e da Fundação Araucária. Serão dois dias de imersão em inovação, conexões e debates que unem tecnologia e desenvolvimento.