Conexão para despertar consciência, ação e construir o futuro. Foto: divulgação
No artigo anterior trouxe a neurociência como ferramenta, conhecimento e postura para formar e conduzir pessoas dentro e fora das empresas. Agora, retorno com o tema (nessa Parte 2)… Foram muitos e-mails e mensagens no meu WhatsApp, com dúvidas e, principalmente, o que mais ADORO: histórias, cases de experiências boas e ruins. Isso é uma felicidade, uma honra despertar gestores e empresários (que não me conhecem) confiar a mim suas dores e realidades. Muito Honrada!
E para começar a desfiar os ‘fios’ dessa Parte 2 trago ESG, Neurociência e cronobiologia…
Como fazer pessoas — de funcionários a empresários — entenderem a importância do ESG? Comece a entender de PESSOAS, principalmente, da nossa biologia, para entender a cronobiologia que influencia no nosso comportamento e desempenho profissional. Isso é a ponte para estreitar a distância entre o entender e o compreender que, podem parecer iguais, mas na vida real no nosso dia a dia se mostram a léguas de distância.
Com a normativa NR-1 em vigor, adaptação não é mais uma opção. Simples assim.
A neurociência pode ser aliada para gestores entenderem o Ser Biológico que somos. Eu e você, somos o reflexo das nossas disfunções biológicas silenciosas que acometem nosso organismo e que refletem — diretamente — no nosso humor, na nossa capacidade de decisão e de como nos relacionamos com outras pessoas.
Uma prática simples, chamada de Cronoworking, traz esse cuidado estratégico para a Gestão de Pessoas. E por quê? Pois mapeia as pessoas de forma individual, respeitando o seu ritmo biológico circadiano. Mas esta é uma prática ainda distante de ser uma rotina.
Veja exemplos reais de empresas que agiram de alguma forma e colhem resultados:
O Souto Correa Advogados, escritório de médio porte com sede em São Paulo, reorganizou agendas e práticas de gestão para reduzir estresse e melhorar a performance de seus advogados.
A rede varejista Lojas Lebes, reconhecida pela ABRH-RS com o prêmio Top Ser Humano por suas práticas de gestão de pessoas e gamificação, ajustou turnos e treinamentos para melhorar resultados.
A Tramontina, indústria que investe fortemente em ergonomia e bem-estar dos colaboradores, mostrou como cuidar da saúde no trabalho e aumentar a produtividade e engajamento.
A cooperativa agropecuária Cotrijal, vencedora do prêmio Top Ser Humano 2025 pela ABRH-RS, fortaleceu sua gestão de pessoas com programas de desenvolvimento humano e organizacional.
Práticas para conectar
Empatia pode ser treinada: Incentive líderes a se colocarem no lugar da comunidade e dos stakeholders. Trago algumas práticas que uso nas minhas mentorias:
- Educar com emoção e ciência: Apresento ESG como uma jornada de transformação, não como uma obrigação. Uso dados, mas também histórias reais para fazer sentido às pessoas e aproximá-las.
- Criar experiências sensoriais: São workshops, dinâmicas com jogos que ativam o cérebro de forma mais profunda, além do uso de slides.
- Mostrar o impacto pessoal: Isso ajuda cada pessoa a enxergar como o ESG afeta sua vida, sua família, a empresa que trabalha e o seu futuro.
- Fortalecer líderes para serem espelhos: Quando o board pratica ESG com autenticidade, o cérebro dos colaboradores tende a imitar esse padrão — é o chamado “efeito espelho”.
Comunicação positiva como ponte
Comunicar com empatia não é ser um “pirilampo alegre e saltitante”. O ser biológico oscila, e tudo bem. Lembre, que falei no artigo anterior: “O cérebro humano responde melhor a estímulos emocionais e significativos”. Isso significa que líderes que comunicam com empatia tendo um propósito CLARO, ativam áreas cerebrais ligadas à confiança e cooperação. Ser enfático não é ser bruto, é ser firme, se mostrar confiável.
DICA: Observe tom de voz e postura corporal. Pequenos ajustes podem transformar resultados.
A motivação está diretamente ligada a dopamina, neurotransmissor que regula prazer e expectativa. Quando colaboradores sentem que fazem parte de algo maior, o engajamento aumenta.
Mas campanhas de “engajamento” não podem ser só marketing interno. Se não forem consequência de ações reais, viram palavras ao vento.
O desafio da mão de obra
E se não bastasse as questões internas… Agora, está muito difícil contratar. Faltam trabalhadores. É um momento insano do mercado. E mesmo com a disposição das empresas em investir na formação, as vagas não são preenchidas. Por quê? Pesquisas mostram esse cenário…
Em setembro de 2025, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) divulgou que 85,5% das indústrias gaúchas sofrem com falta de profissionais qualificados.
No início de 2025, a Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou que 65% das empresas brasileiras relatam dificuldade em contratar mão de obra qualificada, especialmente nos setores de indústria, construção civil e comércio.
E, paradoxalmente, há milhares de desempregados sem recolocação. O GAP está em práticas de gestão antiquadas, falta de empatia e líderes sem preparo.
Pessoas: problema e solução
Tudo começa e termina em pessoas. Elas criam os problemas, mas também são a fonte da solução. O momento é de separar o joio do trigo: valorizar profissionais que querem evoluir e parar de investir em perfis de “modinha” (Leia-se: aquela Pessoa que não demonstra qualquer emoção ou vontade de expressar respeito por regras ou lideranças. Quer direitos, mas sem ter a obrigatoriedade de deveres).
… Oi !!!
E que fique muito claro que não falo dos profissionais com alguma condição como autismo, por exemplo. Pois estes, são ótimos funcionários. Cumprem regras e prazos.
A neurociência é ferramenta poderosa para seleção, formação e condução. Mas não há mágica: é preciso pacto sincero entre pessoas e empresas.
Com tanta ciência, tecnologia e processos disponíveis, por que parece que as coisas só pioram? Essa é a pergunta de milhões.
Mas não é terra arrasada!!!
Há muitas empresas fazendo o certo, buscando evolução e crescimento real. Porque mais do que prêmios e aparências, existem pessoas e empresas que se importam. Querem evoluir, crescer e seguir existindo.
KÁTYA DESESSARDS
Conselheira e Mentora em ESG e Comunicação Estratégica. Integrante do Institute On Life – Co-Autora no livro: Gestão! Como Evoluir em uma Nova Realidade? Experiência de 27 anos em diversos setores do mercado. SAIBA MAIS