O Sistema CNA/Senar realizou, na quarta (19), no Pavilhão AgroBrasil, na Agrizone, painéis dedicados aos debates sobre energias renováveis, segurança alimentar, desenvolvimento regional e sustentabilidade ambiental.
O primeiro painel do dia discutiu como conciliar a produção de matérias-primas, alimentos e energia.
O debate reuniu o diretor-executivo da Bioind, Giuseppe Lobo, o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Palma (Abrapalma), Victor Almeida, e o superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, com a moderação da gerente de Sustentabilidade da Faemg, Mariana Ramos.
Giuseppe Lobo apresentou o avanço da produção de etanol de milho em Mato Grosso, destacando que o setor tem gerado emprego e renda para a população local.
Já Victor Almeida ressaltou o impacto social da produção de palma de óleo no Pará. Para ele, a cultura tem melhorado significativamente a qualidade de vida dos pequenos produtores e, hoje, há famílias que alcançam melhoraria da renda, garantindo segurança alimentar e estabilidade financeira.
Tokarski destacou que o biodiesel vai além do uso como combustível líquido, ele impulsiona a cadeia da soja e contribui para o aumento da oferta de alimentos. E ressaltou que ampliar a mistura de biodiesel no Brasil pode gerar mais alimentos, mais empregos e abrir espaço para exportação de diesel fóssil.
Transição energética– O segundo debate do dia reuniu a analista de sustentabilidade da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Laís Nara; o diretor-executivo da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), José Guilherme Nogueira; o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar; e o presidente da Bioenergia Brasil, Mário Campos.
A moderação foi realizada pelo presidente da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da CNA, Nelson Perez Júnior.
Laís Nara destacou que a transição energética ganhou força desde a COP 28 e que, nesta edição, o Brasil tem condições de impulsionar ainda mais esse processo. Para ela, o cooperativismo tem papel estratégico na construção de consensos e na aceleração da transição.
Nogueira reforçou que o etanol é uma das engrenagens da transição energética e que sua utilização mais ampla, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, onde a gasolina ainda predomina, poderia fortalecer o desenvolvimento regional e nacional.
André Nassar apontou que o setor agroindustrial passa por transformações profundas. Segundo ele, hoje a demanda energética ganha protagonismo, gerando impactos diretos na rotina e nas decisões dos produtores.
Ao final, Nogueira também lembrou os 50 anos do lançamento do Pró-Álcool, marco histórico que impulsionou o setor e consolidou o uso do etanol no país. Para ele, essa trajetória é fundamental e merece ser defendida e valorizada.
Sustentabilidade ambiental – O papel dos biocombustíveis na redução de emissões e na descarbonização da matriz energética e dos transportes foi o tema do terceiro e último painel do dia.
O debate contou com a participação do chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso, e do diretor-superintendente da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), Antônio Ventilli, sob moderação do presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia, Evandro Gucci.
Alonso destacou que os biocombustíveis, além de representarem uma alternativa energética, constituem um dos meios mais eficientes de mitigar gases de efeito estufa, desempenhando papel fundamental na captura e reciclagem de carbono.
Ventilli reforçou a relevância dos biocombustíveis para a sustentabilidade, tanto no Brasil quanto no cenário global. Segundo ele, no contexto nacional, a agricultura — com a adoção de duas a três safras anuais — tem contribuído significativamente para a melhora do balanço de emissões de carbono.