Foto: divulgação

Conferência Anprotec: IA no ecossistema de inovação e seu impacto na sociedade

Na quarta-feira (15), durante a 35ª Conferência Anprotec em Foz do Iguaçu, especialistas discutiram como a inteligência artificial está redefinindo oportunidades e desafios nos ecossistemas de empreendedorismo. O painel “A Inteligência Artificial e os Ecossistemas de Inovação” buscou compreender se a tecnologia está ampliando oportunidades para startups e empresas ou aprofundando desigualdades entre players de diferentes portes.

Moderado por Michelle Silva Wangham, Diretora Adjunta de P&D da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), o debate reuniu três especialistas com perspectivas complementares sobre aplicações de IA, robótica e metodologias de validação de negócios.

Andre Fernando de Almeida, Fundador e CEO da Dom Rock (empresa de tecnologia em dados e inteligência artificial), destacou que o Brasil possui as matérias-primas necessárias para se consolidar como hub de IA, mas enfrenta gargalos críticos. “Nós somos uma das maiores reservas de terras raras do mundo e não produzimos nenhuma GPU. Temos energia limpa. Então fica aqui uma reflexão”, afirmou Almeida, apontando a infraestrutura computacional como principal entrave.

Na prática, a diferença entre usar IA apenas para automação e para geração de valor é significativa. Almeida descreveu um estudo com uma empresa de varejo que tinha 200 mil comentários de clientes, 20 mil produtos e 2 mil páginas de relatórios econômicos para analisar. “Em um processo normal, talvez levaria meses. Neste ensaio, em 50 segundos, um software gerou quatro cenários razoáveis sobre o que fazer naquela situação”, explicou, ressaltando que a IA libera profissionais para atividades criativas.

Thiago Araújo, Líder de Equipe de Engenharia de Software, apresentou metodologia que integra inteligência artificial ao processo de criação de startups desde as fases iniciais. O método utiliza agentes de IA para antecipar aprendizados antes da construção completa do produto.

“O maior problema não é falta de metodologia nem falta de ferramenta. É a falta da integração entre criatividade e validação”, explicou Araújo. Segundo ele, muitos empreendedores desenvolvem produtos por meses sem testar hipóteses com usuários reais. “O ciclo de desenvolvimento se transforma em processo de aprendizado contínuo. O aprendizado acontece antes da produção, antes do código”, destacou.

Fred Wirtz, CEO da MONSTERlab Robotics, apresentou aplicações da fusão entre inteligência artificial e robótica, utilizando visão computacional, compreensão de linguagem natural e síntese de voz para interações humano-máquina.

Questionado sobre a substituição de empregos, respondeu de forma pragmática: “O robô vai tirar trabalho. A inteligência artificial também, isso é bom”. Segundo ele, o desafio é reaprender a relação com o trabalho. “A IA para a parte criativa e a robótica para a parte braçal conseguem liberar o humano para funções realmente criativas, que só um ser humano consegue fazer”, argumentou, citando que robôs de quiosques de alimentação substituem posições repetitivas, não restaurantes de alto padrão.

Wirtz identificou a cultura como principal entrave: “O Brasil está acostumado a terceirizar. A gente precisa trazer para dentro de casa. A gente só ganha know-how aplicando, fazendo”.

A discussão sobre marco regulatório revelou que a regulação é inevitável, mas pode acelerar ou travar inovação. Andre Almeida defendeu que, bem estruturada, ela promove inovação.

A educação emergiu como prioridade central. Michelle Silva Wangham apontou iniciativas como os currículos de referência da Sociedade Brasileira de Computação para cursos de IA e ciência de dados. “Você precisa de formação técnica que domine a tecnologia e de doutores em pesquisa”, afirmou.

Thiago Araújo reforçou a necessidade de abandonar a “reinvenção da roda” na academia. “Falta coragem para usar soluções que já existem, ferramentas, co-pilots que ajudam na programação. Universidades devem se associar a fornecedores para trazer inovação”, argumentou.

Uma reflexão transversal atravessou o painel: qual é o lugar da criatividade e dignidade humana na era da automação. Andre Almeida questionou: “Será que hoje em dia nós estamos com 8 bilhões de pessoas no planeta e quantos empregos tem por aí que são realmente dignos do ser humano?”, citando o Relatório do Fórum Econômico Mundial de 2025, que aponta criatividade como a competência mais crítica para o futuro.

Fred Wirtz provocou e projetou mudanças estruturais: “A gente está caminhando para um futuro em que o trabalho é opcional”.

Sobre a 35ª Conferência Anprotec

A 35ª Conferência Anprotec acontece de 13 a 16 de outubro de 2025, em Foz do Iguaçu (PR), com o tema “Ecossistemas colaborativos e integrados à inovação global”. O evento é promovido pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A realização local é do Sistema Estadual de Ambientes Promotores de Inovação do Paraná (Separtec), da Fundação Araucária, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e do Governo do Estado do Paraná.

Rede Brasil Inovador

Aldo Cargnelutti é editor na Rede Brasil Inovador. Estamos promovendo os ecossistemas de inovação, impulsionando negócios e acelerando o crescimento econômico. Participe!

+55 11 94040-5356 / rede@brasilinovador.com.br

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ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO

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