Campinas mobiliza indústrias para o desenvolvimento sustentável e a competitividade global

Iniciativa conjunta de Fiesp, Senai-SP e Sebrae-SP propõe aumento na competitividade de micro, pequenas e médias indústrias por meio da redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Foto: divulgação

Fiesp / Renata Victal

Cerca de 180 empresários e autoridades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) participaram nesta terça-feira (18/11) do evento Jornada de Descarbonização. A iniciativa, organizada pela Fiesp, Senai-SP e Sebrae-SP, detalhou como as indústrias paulistas podem se adequar às crescentes exigências ambientais internacionais e contribuir para um futuro mais competitivo.

Com um PIB de R$ 73 bilhões, a RMC é um pilar econômico do estado, notável por setores como alta tecnologia, manufatura avançada, metalurgia e alimentos.

Conformidade global e urgência do clima

Durante a abertura do encontro, Paulo Henrique Schoueri, diretor titular do Departamento de Desenvolvimento Intersindical e vice-presidente da Fiesp, alertou para a urgência da adaptação às normativas ambientais:

“O tempo é cada vez mais curto para que as empresas brasileiras estejam preparadas para seguir exportando. É possível que, em breve, uma empresa deixe de vender um parafuso ou um componente porque não atende à legislação ambiental europeia. Nosso programa ajuda as indústrias a se adequarem, medindo as emissões de GEE e mapeando o processo, para que possamos sair na frente no planejamento empresarial para o futuro”, afirmou Schoueri.

O diretor da unidade de Campinas do Senai-SP, Everson Capobianco, ressaltou o contexto global do evento, citando a COP30, e o compromisso estadual: “Em São Paulo, o objetivo é alcançar a neutralidade de carbono até 2050, conforme o compromisso firmado na campanha Race to Zero, da ONU. O Brasil precisa reduzir entre 59% e 67% das emissões até 2035. Nossa jornada ajuda as indústrias a fazer a sua parte.”

Jornada estruturada

A Jornada de Descarbonização oferece consultorias e projetos estruturados em seis etapas visando a redução de emissões de GEE. Para micro e pequenas indústrias com faturamento anual bruto de até R$ 8 milhões, o programa é oferecido de forma gratuita.

A economista Camila de Oliveira, especialista em inteligência de mercado do Senai-SP, reforçou que a medição das emissões de GEE é uma demanda de mercado de hoje, não de amanhã, dada a relevância da RMC no cenário econômico nacional.

Ela explicou que, hoje, a região metropolitana de Campinas é um grande centro de dinamismo econômico, de emprego e social e, por isso, precisa estar alinhada às exigências ambientais globais.

“Por ano, a riqueza gerada pela região é de R$ 73 bilhões, o quarto maior PIB do estado, e o nono maior PIB industrial no estado, ofertando mais de 85 mil empregos formais na indústria. Para continuarem fornecendo para outros players e tendo destaque no cenário, nossas indústrias precisam medir as emissões de GEE”, ressaltou.

O evento, realizado na Escola Senai “Roberto Mange”, contou ainda com a presença da Secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Campinas, Adriana Flosi, do presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas de Campinas (SIGC), Flávio Lamas, do presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria de Doces e Conservas Alimentícias de Campinas (SIPAC), Antônio Lourenço, do Diretor Regional do Sindicato da Indústria da Construção Civil (SINDUSCON), Márcio Benvenutti, e do Diretor Regional do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo (SINDIREPA), Sérgio Santos.

Cases de sucesso

Os participantes também conheceram cases de sucesso da BBC Indústria e Comércio e da RV Soluções Industriais que ilustram essa urgência e ainda conferiram as mudanças positivas promovidas pela Jornada de Descarbonização em algumas indústrias participantes do programa.

Ao fim do evento, Marcelo Sequeira, coordenador de Desenvolvimento Intersindical da Fiesp, moderou um bate-papo com Ciro Caetano, empresário da Multivegetal; Luis Silva, Diretor de Operações da Martin Engrenagens; com José Neto, Gestor Estadual do Setor Industrial do Sebrae e ainda com Camila de Oliveira, especialista em inteligência de mercado do Senai-SP.

Metalúrgica com 24 plantas nos Estados Unidos, três na China, outras três no México e uma em Artur Nogueira, a Martin Engrenagens iniciou a Jornada de Descarbonização por recomendação de um dos seus clientes. Luís Silva explicou que a empresa sempre monitorou os eventos climáticos ao redor do mundo e que havia um planejamento para fazer o processo de inventário dos GEE, mas que o processo não era uma prioridade:

“Um grande cliente entrou em contato e colocou a situação: ou vocês iniciam o processo ou não vamos priorizar os negócios com vocês. Isso porque o cliente final dele é um grande exportador, e tem a demanda para que a cadeia produtiva seja cada vez mais sustentável. Esse foi o motivo que nos fez iniciar o processo. Um plano que, inicialmente, não era para esse momento, mas o cliente final nos provocou. Imaginávamos que seria um processo complexo e o resultado foi tranquilo, fizemos o inventário e estamos definindo os próximos passos”, detalhou Luis.

Já na Multivegetal, explicou Ciro Caetano, a demanda foi interna. Ele contou que sua pequena empresa familiar, com sede em Barão Geraldo, em Campinas, trabalha com uma linha de cosméticos naturais e que a sustentabilidade está no DNA da empresa desde 1991.

“Hoje, nossa pequena fábrica é toda movida com energia renovável, temos uma planta solar, e nossa caldeira foi substituída por aquecimento solar. E fizemos isso com investimento próprio. A Jornada de Descarbonização já era uma grande necessidade. Estamos na etapa de inventário e já conseguimos enxergar com mais clareza para começar a produzir relatórios e alcançar novos mercados”, contou Ciro.

Para José Neto, Gestor Estadual do Setor Industrial do Sebrae, o Brasil precisa ser protagonista, fazendo com que a sustentabilidade faça parte do chão de fábrica. “Temos que fazer mais e melhor com menos recursos. Nossa empresa tem que ser sempre melhor do que foi ontem e projetar um futuro de melhoria contínua”, pontuou.

Ele ressaltou que a maior dificuldade para descarbonizar um negócio é dar o primeiro passo, mas que essa é uma demanda urgente.

“Os impactos para cada grau na temperatura que a gente não conseguir reduzir até 2050, terá um impacto de 10% do PIB mundial. Cada grau, até 2050 representa 10 milhões de dólares, isso dá 10 vezes o Brasil. A boa notícia é que os grandes estudiosos dizem que vamos chegar nesse patamar em 2040 e a nossa atividade empresarial representa 25% desse impacto. Temos que fazer nosso papel. Nosso maior desafio é começar a fazer”, concluiu.

Escola Móvel de Economia Circular

Durante o evento, os participantes puderam visitar as instalações da Escola Móvel de Economia Circular do Senai-SP. Idealizada para promover a capacitação, o treinamento e a disseminação de conhecimento sobre o tema, a unidade aborda a temática com aula imersiva sobre os principais conceitos da economia circular, que propõe uma mudança de mentalidade ao repensar produtos e serviços, desde o projeto até a revisão de modelos de negócio.

A escola móvel também é uma oportunidade para fortalecer a colaboração global e envolver empresas no desenvolvimento de um futuro sustentável pautado pela Economia Circular, um conceito cada vez mais relevante e imprescindível atualmente.

FIESP

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