Condição básica para competir no mercado. Essa foi a principal reflexão trazida sobre IA durante o Web Summit Lisboa 2025, um dos maiores eventos de tecnologia da Europa. Foto: divulgação
Ao longo de todos os dias do evento, estandes, painéis e discussões não tinham outro foco a não ser Inteligência Artificial e sua aplicação, desde a infraestrutura de produtividade até a exibição de robôs com habilidades impressionantes.
O evento mostrou que estamos no hype, mas também em um momento de consolidação prática da IA no mercado e posicionamento de países no que tange a essa tecnologia. Em uma das principais palestras, foi citado que a China deve ultrapassar os Estados Unidos como líder mundial em Inteligência Artificial nos próximos anos, sendo o ponto de virada no eixo global de liderança tecnológica e estabelecimento do Oriente como potência mundial.
Essa fala reforçou que a inovação está sendo descentralizada, com países fora do eixo tradicional assumindo papéis de protagonismo. O foco saiu da capacidade de processamento para a aplicação prática, e foi nesse cenário de pragmatismo global que o Brasil emergiu como um protagonista inesperado, não apesar de seus desafios, mas por causa deles.
Em meio a essa transformação, o país demonstrou, na prática, como a inovação com propósito e capacidade de execução superam simples infraestruturas ou falta de capital. A tese é clara: a “fome” por soluções robustas, gerada pela complexidade do mercado brasileiro, cria um laboratório de testes inigualável. Enquanto mercados maduros e menos complexos (como a Europa) podem se dar ao luxo de inovar em nichos ou esperar por “condições ideais”, o Brasil é forçado a criar soluções que funcionem para 200 milhões de pessoas em um ambiente desafiador.
O grande case, é claro, foi o Pix. O sistema de pagamento instantâneo brasileiro foi universalmente reconhecido como uma referência global de eficiência, inclusão financeira e visão estratégica. O Pix é a prova viva de que a inovação não depende mais exclusivamente de capital massivo ou da localização geográfica, mas de visão e capacidade de execução em cenários adversos.
A admiração pelo Pix abre portas para o Brasil se posicionar de forma ainda mais estratégica na era da IA. O país tem a oportunidade real de se tornar uma referência global na aplicação prática dessa tecnologia em setores cruciais, como energia renovável, cidades inteligentes, agronegócio e indústria, áreas onde já existem necessidades latentes.
A transformação global da inovação mostra que não é mais sobre onde a tecnologia é criada, mas sobre como ela é aplicada para gerar impacto real. O Brasil, com sua complexidade e desafios únicos, é um dos laboratórios mais férteis e valiosos do mundo, preparando soluções robustas e aplicáveis que os mercados mais simples não conseguem conceber.
*André Sih é Founder & Managing Partner da Fu2re.
Sobre a Fu2re
A Fu2re é especializada em soluções de inteligência artificial que transformam operações e otimizam processos nas indústrias de energia, óleo e gás. Primeira startup acelerada pela NVIDIA no Brasil, com uma equipe altamente qualificada, desenvolve tecnologias de ponta, como o SmartVision AI, uma plataforma no-code que combina visão computacional e IA, permitindo atualizações rápidas nos modelos de inteligência artificial. Tendo recebido, em 2025, o aporte da Copel Ventures (gerido pela Vox Capital) e Indicator Capital, gestora early-stage de venture capital líder em deep-tech; a Fu2re se destaca por entregar resultados mensuráveis e assertivos, atendendo às necessidades específicas de grandes empresas. Reconhecida no ranking 100 Startups to Watch pelo segundo ano consecutivo, está no TOP3 entre scale-ups de IA e no TOP100 geral, consolidando-se como referência em inovação e transformação digital.
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