A Associação Brasileira de Startups (ABStartups) acaba de lançar a oitava edição do Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups, um dos principais estudos nacionais sobre o mercado de inovação. Atualizado com dados de 3.650 startups distribuídas por 424 cidades brasileiras, o material reforça o compromisso da entidade em oferecer uma visão precisa sobre a evolução, os desafios e as oportunidades do setor.
Os dados deste ano apontam para um amadurecimento crescente das startups brasileiras, com destaque para a consolidação de modelos voltados para empresas: 82,2% das soluções têm foco B2B ou B2B2C. Em termos de maturidade, 53,1% já estão em operação ou tração, evidenciando maior estabilidade em comparação às primeiras edições do estudo.
Entre as verticais, a liderança permanece com as edtechs (10,1%), seguidas por healthtechs e life sciences (9,4%), que ultrapassaram as fintechs e agora ocupam a segunda posição. As techs de software aparecem logo na sequência, com 8,8%. O modelo SaaS segue dominante, representando 39,2% das operações. O faturamento médio anual ficou em R$ 736 mil.
Cláudia Schulz, CEO da ABStartups, destaca a importância da leitura regional dos dados e o papel das conexões locais no desenvolvimento do setor. “O crescimento da participação do Nordeste e do Norte mostra que o ecossistema está expandindo sua presença de forma consistente. As redes regionais de empreendedores e investidores seguem fundamentais para esse processo”, afirma.
A distribuição geográfica continua concentrada, com o Sudeste reunindo 60,2% das startups, mas o estudo mostra avanços: o Nordeste agora soma 10,5% e o Norte cresceu para 5,4%. Entre os estados, São Paulo permanece isolado na liderança, concentrando 45% das startups mapeadas.
Na frente de empregabilidade, o setor manteve ritmo positivo: 56,1% das startups abriram vagas no último ano, contratando em média cinco pessoas. Os desligamentos também se mantêm dentro de um padrão saudável, sendo que 84,8% tiveram entre um e cinco colaboradores saindo — majoritariamente por incompatibilidade cultural e valores (44,7%).
A diversidade também avança. O percentual de pessoas fundadoras pretas e pardas chegou a 24,3%, e as mulheres representam 19,9% — um avanço leve, porém contínuo. Nos times, a presença de grupos minorizados é significativa: 76,7% das startups têm pessoas pretas e pardas, 84,6% têm mulheres e 38% contam com profissionais LGBTQIAPN+.
“Olhando para o nosso cenário, saber que a diversidade não é só uma pauta social, é uma pauta estratégica. Startups diversas tomam decisões melhores, constroem produtos mais completos e geram impacto real. Ver esse avanço — ainda que lento — mostra que o ecossistema está caminhando na direção certa, com mais consciência sobre quem constrói inovação no Brasil”, comenta a CEO.
No campo de investimentos, 34,8% das startups já receberam algum aporte, com média de R$ 1 milhão. Investidores-anjo continuam sendo a principal fonte (36,8%), seguidos por programas de aceleração (14,1%). Um dado relevante desta edição é que 68,5% dos investimentos vieram de redes locais, da própria cidade ou estado — reforçando o fortalecimento dos ecossistemas regionais.
Encerrando, Cláudia ressalta o papel do material da ABStartups como ferramenta estratégica para todo o setor. “O Mapeamento não é apenas um estudo — é um instrumento de transformação. Ele orienta decisões, inspira políticas públicas e nos ajuda a entender onde estamos e para onde podemos ir. Construir o Brasil do futuro passa por valorizar dados, colaboração e visão de longo prazo.”
A pesquisa foi realizada entre julho e setembro de 2025. Para acessar a versão completa e interativa do mapeamento, clique aqui.