A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) inaugurou nesta segunda-feira (10/11), seu pavilhão na Green Zone da COP30, em Belém. A cerimônia, que marcou o início da participação da Agência na conferência e reforça o protagonismo da agenda industrial nas discussões sobre o clima, apresentou o novo serviço de conexão via satélite de média órbita (MEO) e alta velocidade desenvolvido em parceria com a Telebras.
“A gente vai falar bastante, aqui, de projetos que nos orgulham muito, como o Recircula Brasil, citado pela ONU como exemplo de plataforma que está conseguindo certificar a utilização de material reciclado na indústria e que vai além disso: fornece dados, elementos para toda uma política de tratamento de resíduos, completando todo o círculo da circularidade na indústria”, celebrou o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, na abertura do pavilhão.
A conectividade disponibilizada pela Telebras também foi comemorada por Cappelli por se somar a serviços já oferecidos na região Norte. “É importante termos alternativas de conectividade segura”, disse, dirigindo-se ao ministro das Comunicações, Frederico Filho, também presente à cerimônia. “Quanto mais alternativas, melhor, para que o Brasil não fique dependente de empresa A, B, C ou D.”
A operação da tecnologia MEO demonstrada no espaço da ABDI – a primeira a ser realizada no Brasil – é fruto da cooperação entre a Telebras e a empresa luxemburguesa SES. O sistema de conexão satelital de média órbita apresenta performance superior e benefícios ambientais relevantes, como menor necessidade de lançamentos espaciais, redução das emissões e do risco de lixo orbital, além de maior vida útil dos satélites.
O presidente da Telebras, André Leandro Magalhães, destacou na inauguração do pavilhão as vantagens da tecnologia, que também exige menor consumo de combustível e recursos. “Ela tem uma capacidade mais ampla – de até 1,5 GB – e uma baixíssima latência, o que permite que serviços públicos cheguem ao cidadão brasileiro, possibilitando inclusão social por meio da inclusão digital”, explicou, antes de citar, como exemplos, telemedicina, teleserviços e previdência.
“É uma oportunidade de fazer um Brasil melhor, com sustentabilidade, que também essa tecnologia permite. Menos satélites, menos lançamentos, menos sujeira espacial e um mundo mais sustentável.”
As vantagens da conexão foram igualmente celebradas por Frederico Filho. “O Ministério das Comunicações está preocupado com a ampliação da inclusão digital. E o exemplo aqui é esse, através de soluções que a Telebras encontrou para ampliar a capacidade de transmissão de dados, para conectar pessoas, aproximar famílias mais distantes”, observou.
Ao longo da COP30, o Pavilhão ABDI disponibilizará o acesso aberto à internet via satélite fornecido pelo sistema, ação que reafirma o compromisso da Agência em promover conectividade sustentável e inclusão digital em regiões remotas.
Alinhamento de agendas
O espaço da ABDI na Conferência do Clima também funcionará como um hub de conexões estratégicas, com 42 painéis dedicados a temas como economia circular, bioeconomia, eficiência energética e financiamento da bioindústria. A programação inclui conferências, demonstrações tecnológicas, área de café, encontros de negócios e exposições de soluções sustentáveis.
“Essa é a COP da verdade”, disse a diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI, Perpétua Almeida. “A COP da verdade porque não queremos esconder nem as belezas da Amazônia, nem as adversidades e dificuldades que temos pela frente.”
Também presente à abertura do pavilhão, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, manifestou total alinhamento à agenda da ABDI. “A nossa industrialização é em bases sustentáveis e tecnológicas. Esses desafios passam por transição energética, passam pela transformação digital, passam pela bioeconomia. Passam, portanto, pela ciência, tecnologia e inovação para poder fazer valer uma agenda de sustentabilidade”, afirmou.
“A ABDI e nós estamos integrados a esse desafio, com recursos da Finep, para a gente poder sonhar com um Brasil inclusivo, um Brasil desenvolvido, e que nós tenhamos capacidade de nos inserir nas cadeias mais dinâmicas da economia.”
A cerimônia de inauguração também contou com as presenças, entre outros, do secretário-adjunto de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Lucas Ramalho, e do prefeito de Recife, João Campos.
Economia circular como política industrial
A ABDI também realizou nesta segunda-feira o painel “Estratégia Nacional de Economia Circular: desafios e oportunidades para a Indústria”, que marcou a abertura do pavilhão da Agência na Green Zone da COP30. O encontro reuniu ABDI, representantes do governo, da indústria e de instituições internacionais para discutir caminhos rumo a uma economia mais sustentável e competitiva.
A diretora da ABDI Perpétua Almeida destacou no debate que a economia circular vai além da reciclagem, representando “política industrial, estratégia econômica, inovação e justiça social”. Segundo ela, o Brasil já possui bases sólidas para avançar, com políticas como a Estratégia Nacional de Economia Circular (ENEC) e o Plano de Transformação Ecológica, que formam “uma arquitetura nacional convergente para a reindustrialização sustentável”.
O painel também apresentou a Plataforma Recircula Brasil, que rastreia materiais e produtos, ampliando transparência e segurança nas cadeias produtivas. “O que falta agora não é descobrir o que fazer. É fazer junto. O Brasil tem tudo para liderar essa agenda – e liderar sem deixar ninguém para trás”, afirmou Perpétua.
O pavilhão da ABDI na COP30 segue com programação voltada à inovação, sustentabilidade e à transição ecológica da indústria brasileira.
ABDI na COP30
No pavilhão de 70m² montado na Zona Verde (Green Zone), a Agência promove discussões sobre economia circular, bioeconomia, eficiência energética e instrumentos de financiamento para a transição produtiva em 42 painéis temáticos ao longo da programação da Cúpula, de 10 a 21/11. O espaço conta com infraestrutura para recepção de delegações e realização de atividades técnicas, incluindo conexão de alta velocidade via satélite de média órbita disponibilizada pela Telebras. Além da atuação no pavilhão próprio, a ABDI integra debates no Pavilhão Brasil e na Zona Azul (Blue Zone), área onde ocorrem as negociações oficiais e a Cúpula de Líderes Mundiais, reforçando a colaboração institucional com ministérios, entidades empresariais, universidades e organizações dedicadas ao desenvolvimento sustentável.
Sobre a ABDI
A ABDI é vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC)/Governo Federal e atua para fortalecer a indústria nacional, impulsionando a competitividade, inovação e sustentabilidade do setor produtivo. A Agência formula e executa ações que contribuem para o desenvolvimento do setor produtivo nacional. Sua missão é promover a transformação digital dos negócios por meio do estímulo à adoção e à difusão de tecnologias, a novos modelos de negócios e à política de neoindustrialização, com atenção especial à economia sustentável e à indústria verde.