Estudo "Evolução nas Relações com Investidores" mostra que quase metade (45%) das companhias considera a adaptação às normas IFRS S1 e S2 o principal desafio da área de RI atualmente. Foto: divulgação

Empresas ampliam uso de IA nas relações com investidores, aponta Deloitte e IBRI

Seis em cada dez respondentes já usam inteligência artificial nos processos de RI ou planejam fazê-lo até 2026; oito em cada dez já realizaram algum tipo de treinamento sobre o tema;

Entre as prioridades das empresas para suas áreas de RI, estão a adoção de novas tecnologias, o fortalecimento da agenda ESG e a melhoria da comunicação com o mercado.

Empresas brasileiras vêm intensificando esforços para alinhar relatórios financeiros e de sustentabilidade – especialmente a obrigatoriedade das normas internacionais de sustentabilidade IFRS S1(CBPS 1) e IFRS S2 (CBPS 2), que entram em vigor em 2026; ao mesmo tempo em que adotam tecnologias emergentes, como a inteligência artificial (IA), com foco em melhoria e personalização de conteúdo. É o que mostra a nova edição da pesquisa “Evolução nas Relações com Investidores”, realizada pela Deloitte — organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mercado — em parceria com o Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI).

O estudo contou com a participação de empresas de diferentes portes e setores com ações listadas em bolsa. Dos participantes, 84% esperam impactos significativos das novas normas (IFRS S1 e S2), enquanto 45% já veem a conformidade com os requerimentos dessas normas como o maior desafio da área de RI. Paralelamente, 62% utilizam ou planejam implementar IA na área até 2026, com foco em eficiência e ganho estratégico.

“A agenda de sustentabilidade e a transformação digital já são indissociáveis da atuação do profissional de RI. O levantamento evidencia que a inteligência artificial e as novas normas regulatórias são a nova realidade, que exigem preparo técnico, visão estratégica e atualização contínua. Nesse contexto, capacitação e integração são fundamentais para fortalecer a comunicação com o mercado e gerar valor de forma consistente”, reforça Alessandra Gadelha, vice-presidente do Conselho de Administração e Coordenadora da Comissão de Educação e Inovação do IBRI.

Prioridades e desafios da área

Entre as prioridades das companhias para as áreas de RI nos próximos dois anos, destacam-se a maior governança corporativa (50%), melhoria na divulgação de informações com qualidade e tempestividade (41%) e incorporação de novas tecnologias, incluindo inteligência artificial (41%). Já entre os desafios enfrentados pela área de RI, estão o atendimento as normas de sustentabilidade IFRS S1 e S2 (45%), paralelamente, 32% das empresas continuam focadas em aprimorar suas estratégias de comunicação e, igualmente, em reestruturar a área de RI – implementando melhorias em procedimentos, políticas e na definição de papéis e responsabilidades, incorporar processos tecnológicos às atividades e intensificar a interação com investidores.

Adaptação às normas IFRS S1 e S2

A maioria das empresas (64%) ainda prevê iniciar a adequação apenas a partir de 2026, o que indica que a transição será acelerada e exigirá investimentos consistentes em um curto prazo.

Entre os principais desafios apontados estão a necessidade de alinhar os relatórios de sustentabilidade e financeiros, adequar os sistemas internos e cumprir os prazos estabelecidos para padronização das informações. Para lidar com isso, 60% das empresas pretendem contratar consultorias especializadas e 53% planejam capacitar seus executivos e profissionais. A implementação de comitês internos, a contratação de auditorias externas para a asseguração razoável e o investimento em tecnologia complementam esse movimento.

“A convergência entre tecnologia e regulação está redefinindo o papel do profissional de RI. A adoção da IA e a adaptação às normas de divulgação de sustentabilidade e clima, IFRS S1 e S2, exigem não apenas conhecimento técnico, mas também visão estratégica e capacidade de articulação com diferentes áreas da empresa. O mercado está em busca de lideranças de RI que aliem pensamento crítico, transparência e domínio tecnológico”, afirma Reinaldo Oliari, sócio de Audit & Assurance da Deloitte.

IA cresce como aliada estratégica

A inteligência artificial tem se consolidado como uma ferramenta estratégica para a área de RI, com 62% das empresas já utilizando ou planejando adotá-la até 2026. Entre os respondentes, 81% afirmam já ter passado por treinamentos sobre o tema, o que demonstra o interesse crescente por qualificação tecnológica.

As aplicações mais comuns da IA estão na produção e revisão de relatórios financeiros, elaboração de fatos relevantes e press releases, análise de dados, uso de chatbots internos e leitura automatizada de documentos. No entanto, apesar do avanço, o uso pleno ainda encontra barreiras significativas: 88% das empresas apontam a dificuldade de interpretação de dados financeiros complexos como o principal entrave, seguido por preocupações com governança e segurança de dados, transparência dos algoritmos e escassez de profissionais capacitados.

Apesar de 41% considerarem a incorporação de novas tecnologias, como a IA, uma prioridade estratégica, apenas 17% acreditam que ela tem alto impacto na prática para a área de RI, enquanto 43% avaliam seu impacto como médio. “Isso revela uma percepção ainda moderada sobre o potencial transformador da tecnologia, com tendência a aumentar à medida que cresce a incorporação da tecnologia no dia a dia das atividades da área”, analisa Oliari.

Estratégias ESG ganham força, mas ainda enfrentam desafios de robustez

A consolidação de práticas ESG é apontada como um passo essencial para o cumprimento de divulgação das IFRS de Sustentabilidade, oferecendo maior transparência aos investidores na tomada de decisão, incluindo a avaliação da estratégia de negócios mais sustentáveis e resilientes, , mas ainda há lacunas a preencher. Mais da metade das empresas (55%) já criou métricas específicas de desempenho relacionadas a ESG. No entanto, apenas 31% vinculam esses indicadores à remuneração dos executivos, o que ainda limita o engajamento estratégico com o tema.

Além disso, ações como diagnósticos internos para avaliar o estágio atual da empresa, planos para aprimorar ratings ESG e medidas prevenção ao greenwashing ainda são adotadas de forma pontual. No tema de diversidade, 78% das empresas afirmam ter líderes de grupos minorizados e 59% promovem ações de diversidade, equidade e inclusão.

O papel do profissional de RI evolui e exige perfil multidisciplinar

O profissional de RI tem ampliado sua atuação para além da relação com investidores, assumindo responsabilidades em áreas como finanças, governança e comunicação— realidade de 53% dos entrevistados. Essa atuação transversal favorece a integração entre relatórios financeiros e de sustentabilidade, cada vez mais demandada pelo mercado.

A pesquisa mostra que o maior desafio da área, citado por 84% dos respondentes, é justamente a necessidade de conhecimento multidisciplinar – nesse sentido, as formações mais procuradas para contratação incluem administração, economia, contabilidade, engenharia, entre outros. Entre as competências mais valorizadas para o futuro estão o pensamento crítico, comunicação interpessoal, análise financeira, inteligência emocional e liderança de equipes também se destacam como diferenciais relevantes.

Comunicação com o mercado: entre a tradição e a inovação

Embora os canais tradicionais — como websites institucionais, e-mails e eventos como o Investor Day — ainda sejam os mais utilizados, cresce a percepção da importância de formas mais modernas de engajamento. Para 32% das empresas, desenvolver uma comunicação com investidores inovadora, disruptiva e diferenciada é uma prioridade.

A retomada de eventos presenciais também vem ganhando força: 44% das empresas estão ampliando a realização de encontros ao vivo com o mercado, buscando maior proximidade com investidores institucionais e minoritários.

Metodologia e amostra

A pesquisa “Evolução nas Relações com Investidores” foi elaborada com base em questionário online, aplicado entre fevereiro e maio de 2025. Participaram do estudo 34 empresas, das quais 50% estão listadas somente na B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), 18% listadas tanto na B3 quando no exterior e 3% somente no exterior. Um terço (34%) tem receita líquida anual superior a R$ 7,5 bilhões. Entre os respondentes, 40% ocupam cargos executivos e 6% são membros de conselhos de administração. Quanto à área de atuação, 64% pertencem a Relações com Investidores e 21% às áreas Financeiras.

O levantamento contempla empresas de diversos setores da economia nacional, com destaque para os segmentos de Serviços Financeiros (37%), Infraestrutura (21%), Serviços (12%), Tecnologia da Informação e Telecomunicações (9%), Agronegócio (6%), Bens de Consumo (6%), Comércio (6%) e Mineração, Petróleo e Gás (3%).

Sobre a Deloitte

A Deloitte é a organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mercado, com cerca de 460 mil profissionais em todo o mundo, gerando impactos que realmente importam em mais de 150 países e territórios. Com base nos seus 180 anos de história, oferecemos serviços de auditoria, asseguração, consultoria, impostos e serviços relacionados para quase 90% das empresas da lista da Fortune Global 500® e milhares de outras organizações. Nossas pessoas proporcionam resultados mensuráveis e duradouros para ajudar a reforçar a confiança pública nos mercados de capitais e permitir aos clientes transformar e prosperar, e lideram o caminho para uma economia mais forte, uma sociedade mais equitativa e um mundo sustentável. No Brasil, onde atua desde 1911, a Deloitte é líder de mercado, com mais de 7.000 profissionais e operações em todo o território nacional, a partir de 18 escritórios.

A Deloitte refere-se a uma ou mais empresas da Deloitte Touche Tohmatsu Limited (“DTTL”), sua rede global de firmas-membro e suas entidades relacionadas (coletivamente, a “organização Deloitte”). A DTTL (também chamada de “Deloitte Global”) e cada uma de suas firmas-membro e entidades relacionadas são legalmente separadas e independentes, que não podem se obrigar ou se vincular mutuamente em relação a terceiros. A DTTL, cada firma-membro da DTTL e cada entidade relacionada são responsáveis apenas por seus próprios atos e omissões, e não entre si. A DTTL não fornece serviços para clientes.

Sobre o IBRI

O Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI) é uma entidade sem fins lucrativos, que foi criada em 05 de junho de 1997 com o objetivo de valorizar o papel da comunidade de profissionais de Relações com Investidores no mercado de capitais brasileiro. O Instituto tem como missão formar e valorizar os profissionais de Relações com Investidores (RI), considerados agentes protagonistas no desenvolvimento deste mercado, uma vez que exercem papel importante na promoção de boas práticas de governança e transparência, na observância da legislação vigente e aderência das companhias às regras do mercado, na promoção de disclosure socioambiental, na democratização e acessibilidade do mercado de capitais e no engajamento com temas relevantes no mundo dos investimentos.

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