O desafio de prosperar e liderar em meio a mudanças significativas que impactam o mundo foi o fio condutor temático das primeiras palestras do terceiro e último dia de CONGREGARH 2025, considerado o principal evento de Gestão e Pessoas do Sul do Brasil. O encontro, realizado pela ABRH-RS, no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre, segue até a tarde desta sexta-feira (19).
Logo na palestra de abertura do palco principal, Giovani Baggio, economista-chefe do Sistema Fiergs, abordou a temática “Economia em movimento: como as tensões globais redesenham o futuro das organizações gaúchas”, trazendo um recorte local sobre o impacto das recentes mudanças econômicas para o Rio Grande do Sul.
Ele apresentou dados que endossam o cenário de dificuldade para o Estado, recentemente afetado em suas exportações pela nova política monetária americana. O pessimismo, no entanto, não se restringe ao momento atual e precisa ser analisado sob uma perspectiva maior. “O impacto das tarifas começou a ser sentido há pouco, mas outros problemas, como a baixa produção industrial, o envelhecimento da população e a falta de mão de obra qualificada ajudam a justificar a estagnação econômica gaúcha”, sintetizou.
A questão demográfica representa um alerta importante, haja vista que, segundo projeções, a população do RS deve começar a cair em 2027, acompanhando o crescente saldo migratório negativo (saída da população para outros lugares). Ainda que o Estado tenha uma taxa de desemprego na mínima histórica, Baggio ponderou sobre o efeito dos programas sociais do governo no mercado de trabalho. “Precisamos revisitar os programas e benefícios sociais, pois estudos já mostram que esses programas são fatores decisivos para pessoas entrarem ou não no mercado de trabalho”, salientou.
Apesar dos desafios à frente, o economista se mostrou otimista com o futuro. “As notícias não são positivas, mas temos totais condições de encontrar oportunidades para contornar o cenário”, concluiu.
Renato Curi enaltece o papel do líder em meio ao caos
O Chief Product Officer (CPO) e Líder no desenvolvimento das soluções de aprendizagem da Crescimentum, Renato Curi, subiu ao palco na sequência para a sua apresentação intitulada “Ação frente ao caos: da liderança disfuncional à liderança consciente”, na qual buscou explorar o potencial transformador que pulsa exatamente entre o caos e a consciência, acompanhando o tema central desta edição do CONGREGARH.
Ao longo de sua explanação, Curi elencou os tipos de liderança que enfraquecem os ambientes de trabalho, destacando a importância de as pessoas tentarem se desvencilhar de seus vícios comportamentais naturalmente enraizados. Para ele, quanto mais o líder puder se conhecer e se desafiar, melhor será a sua resolutividade. “Autoconhecimento é a chave para sair do caos para a consciência. É uma forma de ser livre de si mesmo. Quanto maior for a nossa caixa de ferramentas, mais condições e recursos temos enquanto líderes para lidar com os desafios atuais”, afirmou.
Um dos erros mais comuns observados por ele em sua trajetória profissional é, até hoje, o medo de demonstrar vulnerabilidade. “Quanto mais ser humano você for, mais respeito você terá”, completou.
Executiva canadense fala sobre liderança autêntica e autoconhecimento
Em sua palestra “Vivendo e liderando com autenticidade: consciência no caos”, Katherine Dudtschak, fundadora da Incluvest Foundation, CEO do HomeEquity Bank e autora do livro My Story, trouxe reflexões aprofundadas sobre como abraçar a autenticidade, a fim de transformar a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos com o mundo.
Ao longo da palestra, ela dissertou sobre seu longo processo de autoconhecimento até a realização da sua transição de gênero, em 2019, quando revelou sua verdadeira identidade como mulher trans. Katherine destacou a decisão como um ato de coragem pessoal e profissional, que a transformou em referência de autenticidade e inclusão no mercado financeiro. “Quando me vi pela primeira vez no espelho como sempre desejei, comecei a me amar de verdade”.
Por conta de sua trajetória de vida, ela passou a defender e disseminar uma liderança inclusiva, baseada em propósito e no desenvolvimento humano. “Vivemos a era da colaboração e da informação, mas ao mesmo tempo da desinformação, que promove medo e caos. Achar a curiosidade e a coragem é o caminho para encontrar e perseguir um propósito maior, em um mundo mais inclusivo e com empatia. Dessa forma, conseguimos resolver qualquer problema do mundo”, proferiu.