Trata-se do Projeto Horta, que consiste no plantio de ervas com fins medicinais para a produção de emplastros e infusões voltados ao tratamento de dores musculoesqueléticas, que atingem os músculos, os ossos, as articulações, os ligamentos, os tendões e outras partes do corpo humano.
Coordenado pela professora doutora Patrícia Pereira Alfredo, líder de série do curso de Medicina em Alphaville, a iniciativa tem como objetivo trazer conforto e alívio aos colaboradores do campus que apresentem essa condição, com planos de expandir o atendimento para a comunidade de Santana de Parnaíba (SP).
A participação é voluntária e a adesão surpreendeu com a presença massiva de estudantes de Medicina e também dos cursos de Biomedicina, Ciências Biológicas, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição e Psicologia. Muitos dos alunos envolvidos já desenvolvem, a partir do projeto, pesquisas de Iniciação Científica orientadas por professores.
A proposta é altamente enriquecedora, uma vez que a Iniciação Científica introduz o aluno no universo promissor da pesquisa a partir do aprendizado de métodos e procedimentos próprios da produção de conhecimento científico. “Participando do Projeto Horta, os alunos serão selecionados para a Iniciação Científica por uma comissão composta pelos professores responsáveis dos diferentes cursos. Após o término e avaliação do processo, eles receberão o certificado de participação, que poderá ser utilizado para validação de horas de Atividades Complementares – Iniciação Científica em seus respectivos cursos. Além disso, os resultados dos estudos poderão ser apresentados em congressos científicos e publicados em revistas indexadas na área da saúde”, explica a professora doutora Patrícia Alfredo.
Multidisciplinaridade: o poder da união dos saberes
Unir conhecimentos de diferentes áreas é a base do Projeto Horta. A visão multidisciplinar e o trabalho em equipe possibilitam oferecer um tratamento completo aos usuários, abordando diferentes aspectos da sua saúde. Assim, cada curso desempenha um papel específico no projeto.
Sob a coordenação do professor doutor Fábio Ancona Lopez, diretor pedagógico do curso de Medicina em Alphaville, professores e alunos do 1º, 2º e 3º anos que participam do projeto envolvem-se em todas as etapas: plantio de ervas medicinais, colheita e extração dos princípios ativos para a produção de emplastros e infusões autorizados pela Anvisa, participação nas avaliações de saúde dos pacientes e fechamento dos diagnósticos.
Os alunos de Biomedicina, supervisionados pelo professor doutor Marcio Fernando Madureira Alves, coordenador auxiliar do curso na UNIP Alphaville, realizam exames laboratoriais de análises clínicas, contribuindo para o monitoramento dos efeitos do tratamento.
Os alunos de Ciências Biológicas supervisionam o plantio, participam do preparo da infusão, dos emplastros e da extração de óleos essenciais, com a orientação da professora doutora Dulci Vagenas, bióloga, coordenadora do curso e docente de Medicina.
Coordenados pela farmacêutica e professora mestre Alessandra Stroka Moreira, os alunos de Farmácia, por sua vez, manipulam e produzem as fórmulas para uso tópico dos ativos.
Na Fisioterapia, orientados pela professora doutora Patrícia Alfredo, os estudantes aplicam a sonoforese, isto é, a utilização de ultrassom com anti-inflamatórios, em pontos de dor, além de desenvolverem materiais educativos com orientações posturais e exercícios preventivos. No mesmo sentido, os alunos de Nutrição, supervisionados pelas professoras doutoras Aline Veroneze de Mello Cesar e Hellen Coelho, coordenadora do curso em Alphaville, acompanham a coleta de dados, a análise dos resultados e prestam orientações nutricionais.
Por fim, sob a orientação da professora mestre Tatiana Zambrano Filomensky, supervisora do Centro de Psicologia Aplicada (CPA – UNIP Alphaville), os estudantes de Psicologia organizam e aplicam inventários psicológicos, analisam os resultados e planejam o fluxo de atendimento.
Formação na prática, compromisso com a comunidade e responsabilidade socioambiental
O Projeto Horta é uma oportunidade para que os alunos coloquem em prática seus conhecimentos e desenvolvam a responsabilidade social e os valores humanizados, além da habilidade de trabalhar colaborativamente. Dessa forma, a atividade contribui para a formação de profissionais de diferentes áreas, capacitando-os para uma atuação integral na saúde.
A iniciativa, além de beneficiar diretamente os funcionários da UNIP, será expandida para atendimento aos moradores de Santana de Parnaíba, reforçando o compromisso da Universidade com a promoção da qualidade de vida na comunidade.
A horta orgânica, localizada na UNIP Alphaville, é um espaço para a produção de alimentos e plantas medicinais com base em tecnologias limpas e sustentáveis, sem a utilização de agrotóxicos. A produção limpa de alimentos alia-se ao uso eficiente de recursos naturais não renováveis, à manutenção da biodiversidade e da preservação ambiental, ao desenvolvimento econômico, ao bem-estar das pessoas e à qualidade de vida humana em um ambiente sustentável.
Além de contemplar esses objetivos ambientais, o Projeto Horta constitui-se como uma atividade social, pois desenvolve a capacidade de trabalho em equipe, ampliando a consciência da importância das ações solidárias coletivas. Em termos educacionais, desenvolve a responsabilidade social e acentua valores humanizados, permeando todo o processo de aprendizado e levando o aluno a estabelecer relações saudáveis com o trabalho, o meio ambiente e a sociedade.
A importância das plantas medicinais no tratamento das disfunções musculoesqueléticas
A utilização de plantas medicinais para prevenção, tratamento e cura de doenças não é recente. No século XVI, com base em costumes indígenas brasileiros, o padre José de Anchieta (1534-1597) listou uma série delas e já naquela época preconizava a sua utilização. Com o tempo, os estudos foram se aprimorando e hoje, mais do que nunca, as plantas medicinais são utilizadas com o mesmo fim recomendado pelo jesuíta há quatro séculos. Elas, de fato, ganharam total importância e credibilidade, tanto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 80% da população mundial depende da medicina tradicional para as necessidades básicas de saúde e cerca de 85% da medicina tradicional envolve o uso de plantas medicinais, seus extratos vegetais e seus princípios ativos.
Segundo a professora doutora Patrícia Pereira Alfredo, as disfunções musculoesqueléticas desenvolvem-se gradualmente, apresentam um curso crônico e frequentemente permanecem sem tratamento. Um dos sintomas mais comuns é a dor, que pode se agravar de forma progressiva e evoluir para a perda de função e, em alguns casos, tornarem-se intratáveis. Assim, segundo a docente, a adoção de medidas para o controle da dor e das disfunções musculoesqueléticas é essencial, tanto em termos sociais como econômicos. Com essa preocupação, foi escolhida a população do estudo: os funcionários de todos os setores do campus Alphaville que aceitarem participar.
“A dor fragiliza, sensibiliza e interfere no cotidiano, e seu manejo exige dos profissionais de saúde o conhecimento de diferentes recursos para controle e tratamento, farmacológicos e não farmacológicos. Entre os recursos não farmacológicos incluem-se as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) que, com o uso das plantas medicinais, vêm sendo utilizadas em grandes hospitais e nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de vários municípios do estado de São Paulo. As pesquisas sobre o tema têm evidenciado a eficácia e os benefícios da sua integração com o tratamento da Medicina Convencional (MC) no controle da dor aguda e, principalmente, da dor crônica tanto na atenção básica e média quanto na de alta complexidade. Elas também têm se mostrado úteis no cuidado cotidiano de saúde à população. A partir desse entendimento, a proposta é que as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, o SUS, as PICS sejam oferecidas de maneira paralela, complementar e integrada à medicina clássica, e não como substitutas”, explica Patrícia.
No âmbito das enfermidades mentais, a dor crônica é considerada um problema de saúde pública associada ao desenvolvimento de transtornos psiquiátricos ou psicológicos, com impacto socioeconômico significativo. Segundo a professora: “Infelizmente, os distúrbios físicos e mentais costumam ser tratados isoladamente, o que prejudica a qualidade de vida, da saúde e da capacidade laboral, podendo gerar aumento dos gastos com a saúde.”
Na assistência nutricional, a fitoterapia pode ser utilizada como recurso complementar, com base em evidências científicas. O nutricionista, no limite do seu campo de atuação profissional, pode prescrever plantas medicinais in natura e na forma de infusão, decocção e maceração em água, desde que seu uso não seja exclusivo do médico. “Temos como foco unir uma equipe multiprofissional que usufruirá da troca de conhecimentos para aliviar as dores musculoesqueléticas dos colaboradores da UNIP Alphaville, objetivando uma intervenção ampla e completa na saúde física, mental e nutricional”, finaliza Patrícia Alfredo.
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