Painéis abordam empreendedorismo e inovação no Tecnopuc Experience
Entre as diversas temáticas trabalhadas no evento, painéis em diferentes palcos trouxeram dicas e insights para quem quer aumentar suas habilidades para inovar e empreender
Empreendedorismo e Inovação são temas que fazem parte do cotidiano no Tecnopuc e, no Experience, não foi diferente. Realizado próximo do Dia do Empreendedor (05 de outubro), o evento contou com uma série de painéis sobre essas temáticas. O grupo de estudantes da PUCRS que integra a empresa júnior Legacy e participou, de forma voluntária, da cobertura do evento acompanhou alguns desses painéis. Nesse texto, a estudante Joane Cocco, compartilha alguns dos destaques:
Como tirar ideias do papel
No Espaço Mentorias de Negócios, que teve curadoria do SebraeX, foram compartilhadas dicas para aqueles que desejam validar suas ideias e transformá-las em negócios bem-sucedidos. Por lá, os palestrantes do SEBRAE RS destacaram que a pesquisa de mercado e o teste de conceito são formas eficientes de analisar se há demanda para a solução que se propõe a desenvolver, bem como destacaram que os projetos precisam resolver problemas de uma grande quantidade de pessoas, não somente do empreendedor e do seu círculo de amigos.
Citando “Apaixone-se pelo problema, não pela solução” livro de Uri Levine, um dos criadores do Waze, a analista de projetos de inovação do SEBRAE RS, Sonia Sauer, explicou que essa perspectiva orienta os empreendedores a focarem nas necessidades reais dos consumidores, ajustando o produto ou serviço de acordo com essas demandas.
Em complemento à fala de Sonia, Lucas Starmac, que também é analista de projetos de inovação no SEBRAE RS, reforçou que há ferramentas e métodos que nos ajudam a “ler” os consumidores. Alguns exemplos citados por ele são o Mapa da Empatia e o Canvas da Proposta de Valor. O primeiro serve para entender como o cliente enxerga, ouve e interage com o mercado – informações essenciais para estudar a maneira correta de chegar ao público-alvo e como converter o lead (potencial cliente) de maneira mais certeira. Já o segundo, também conhecido somente como Canvas, é um método que ajuda a definir como o seu negócio entrega valor para o mercado a partir de perguntas essenciais, entre as quais: O quê?; Como?; Para quem?; e Quanto?.
A experiência do cliente também foi um dos pontos destacados pelos especialistas como um fator central para a diferenciação em mercados competitivos. Para Sonia, exemplos práticos, como restaurantes temáticos e serviços personalizados, mostram que uma experiência única pode ser o diferencial que atrai e fideliza consumidores. A analista reforçou, ainda, que é necessário focar tanto nas experiências inovadoras externas – para o público, quanto nas internas – para a empresa.
Cultura de inovação e intraempreendedorismo
No palco Open Innovation a programação teve curadoria da Innoscience. Nele, Daniele Lopes, coordenadora de inovação e gestão estratégica da SLC Agrícola, Fabio Machado, head de Inovação no Panvel Labs, Rafael Zanatta, head Vibee Unimed, e Sérgio Gualdi Ferreira da Silva, sócio da Innoscience compuseram o painel Cultura de Inovação e Empreendedorismo.
Daniele evidenciou o sucesso do programa de intraempreendedorismo da SLC Agrícola, contando que ele começou como uma campanha para incentivar os colaboradores a compartilharem suas ideias. Hoje, a organização criou um canal disponível 24 horas para seus funcionários, onde eles podem apresentar sugestões, permitindo que pensem fora da rotina. Segundo ela, essa metodologia incentiva os colaboradores a inovar. Daniela reforçou, ainda, ser essencial que o “porquê” e as metodologias de inovação estejam claramente definidos, garantindo que os projetos estejam alinhados à estratégia da empresa.
Rafael alertou para o risco de empresas que não adotam a inovação ficarem para trás. Segundo ele, a inovação deve permear todos os níveis da empresa, desde o atendimento até a prestação de serviços. Para ele, a inovação vai além de somente uma ideia boa que vende: seu objetivo é gerar impacto. O especialista defendeu o intraempreendedorismo como uma forma poderosa de fortalecer a cultura de inovação ao permitir que os colaboradores vejam suas ideias postas em prática.
Um ponto recorrente entre os palestrantes foi a necessidade de entender os diferentes perfis de inovação dentro da empresa. Daniele mencionou que muitos colaboradores não se enxergam como inovadores porque associam inovação apenas a grandes ideias. Em setores como o da saúde, por exemplo, muitos profissionais não se enxergam como empreendedores ou inovadores, simplesmente porque não estão diretamente ligados ao mundo dos negócios.
Pessoas como base para a inovação
No palco Carreira e Mercado, que teve curadoria do PUCRS Carreiras, Rafaela Marques, head de people da Oxygea, falou sobre as competências fundamentais para a jornada empreendedora. No mesmo palco, Marina Mendonça, da Troposlab, abordou como acelerar as habilidades de inovação.
Rafaela explicou que há uma diferenciação entre os perfis empreendedor e corporativo, destacando que o perfil corporativo costuma ser marcado pela estabilidade e mitigação de riscos, enquanto o empreendedor é caracterizado pela tomada de riscos e pela ambição. Segundo ela, essa distinção acaba causando uma sensação de falta de empreendedorismo nos colaboradores de uma empresa. No entanto, ser inovador e empreendedor também significa saber executar e refinar ideias. Nesse ponto, a inovação precisa ser incentivada, organizada e integrada à cultura corporativa. De acordo com ela, o intraempreendedorismo, aliado a uma estratégia bem definida e a um ambiente que acolha tanto as ideias quanto a execução, é uma das chaves para o sucesso empresarial em um cenário cada vez mais competitivo.
Marina destacou que a inovação deve ser vista a partir da perspectiva humana. Para ela, a inovação é um meio estratégico para alcançar resultados de excelência, o que só é possível quando as pessoas estão preparadas para mudar seus comportamentos e se adaptar ao novo. Ela enfatiza que o comportamento humano é a variável mais complexa em qualquer organização. Segundo ela, não reconhecer as pessoas como base da inovação resulta em um “fracasso invisível”. Esse fracasso tem consequências graves, como a frustração e a desmotivação de intraempreendedores, que se sentem sozinhos e desamparados dentro das empresas. A palestrante afirmou, ainda, que para que ocorra essa mudança cultural, é necessário um trabalho contínuo e especializado, com intervenções “just in time”, ou seja, agindo e orientando os colaboradores quando as situações ocorrem. Nesse ponto, ela trouxe o exemplo da Troposlab, contando que mentores especializados, inclusive psicólogos, acompanham de perto o desenvolvimento dos colaboradores, ajudando-os a ajustar seus comportamentos de forma eficaz.
Ao trazer habilidades essenciais para empreender, Rafaela destacou que a jornada empreendedora atrai muitos brasileiros, sendo o terceiro maior desejo da população, atrás apenas de ter a casa própria e viajar pelo mundo. Ela reforçou, porém, que para um empreendedor seja bem-sucedido no desafiador ambiente de negócios no Brasil é preciso que ele domine quatro pilares principais: visão (descobrir oportunidades, desenvolver ideias e vendê-las), execução (capacidade decisão, análise e inovação), colaboração (orquestrar equipes, motivar, fazer networking e gerenciar relacionamentos) e aprendizado (aprender rapidamente com erros, testar limites e reinventar-se constantemente). A palestrante afirmou que os melhores empreendedores absorvem novas informações, colocam-nas em prática e, quando falham, aprendem e tentam de novo.
Além disso, Rafaela afirmou que o empreendedorismo atual deve levar em conta a diversidade e inclusão. Segundo ela, empresas bem-sucedidas estão cada vez mais se preocupando em transformar suas culturas ao oferecer oportunidades para pessoas de diferentes perfis. Tais iniciativas precisam partir das lideranças, pois em um ambiente onde todos os perfis se mesclam, as chances de sucesso no empreendedorismo aumentam consideravelmente, além de trazer uma melhora para a população como um todo.