Inovação, cooperação e planejamento regional foram apontados como essenciais
Na tarde desta quinta-feira (2), o palco Conexões 360°, na Rua Coberta, recebeu o painel “Como grandes eventos de inovação impactam nas cidades”, parte da programação do Novo Hamburgo Feevale Summit 2025, que ocorre de 30 de setembro a 2 de outubro. O evento é promovido pela Universidade Feevale com correalização da Prefeitura de Novo Hamburgo, Sicredi Pioneira, Sebrae RS e Feevale Techpark. O debate reuniu o prefeito de Novo Hamburgo, Gustavo Finck, a prefeita de Sapiranga, Carina Nath, o secretário de Inovação e Desenvolvimento Econômico de Gramado, André Reis, e o secretário de Inovação de Porto Alegre, Luiz Carlos Pinto, sob a mediação do prefeito de Lindolfo Collor, Gaspar Behne.
Ao abrir sua fala, Finck destacou que, ao considerar investimentos e a implementação de novas tecnologias, é fundamental que Novo Hamburgo tenha uma visão regional. Para ele, o Município não pode trilhar esse caminho de forma isolada, mas deve estar inserido em um projeto abrangente de integração, que envolva não apenas economia e tecnologia, mas o desenvolvimento regional como um todo. O prefeito citou experiências recentes em Gramado e Medellín, na Colômbia, como referências e reforçou que Novo Hamburgo pode atuar como elo de conexão entre diferentes “meta-clusters metropolitanos” que se formam entre Porto Alegre, o Vale do Sinos e a Serra. “É imprescindível trabalharmos em união, porque a prosperidade da região beneficia diretamente cada cidade”, afirmou.
Na sequência, Reis apresentou o projeto sandbox regulatório de Gramado, aberto a startups e empresas que desejem testar suas soluções em ambiente real com segurança jurídica. A iniciativa faz parte do programa Gramado Futuro Lab, que busca transformar a cidade em um laboratório vivo de inovação em turismo, mobilidade, sustentabilidade e cultura. Segundo ele, Gramado tradicionalmente é lembrada pelos atrativos turísticos, mas cada vez mais deseja ser reconhecida pela inovação. “Estamos criando um endereço fiscal para startups, em parceria com iniciativas locais, e acreditamos estar no caminho certo para unir turismo e tecnologia”, explicou.
Já Luiz Carlos ressaltou que a inovação não é fruto de esforços isolados, mas depende de redes de colaboração. Ele lembrou que parques tecnológicos estão cada vez mais integrados às cidades, com o papel central de conectar startups, empresas e poder público. Na visão dele, a abordagem territorial é essencial, pois desafios como mobilidade, turismo ou proteção contra enchentes só podem ser enfrentados coletivamente. O secretário de Porto Alegre também reforçou a importância da diversidade de iniciativas, comparando a inovação a um jogo de futebol em que é preciso haver atacantes, goleiros e laterais. “Se todos buscarem o mesmo papel, os esforços se dispersam. A chave do sucesso é a complementaridade”, destacou.
Carina trouxe o exemplo de Sapiranga e propôs a criação de um “Vale da Inovação” no Vale Germânico. Para ela, a proximidade entre os municípios facilita a colaboração e pode gerar um movimento regional de fortalecimento da cultura inovadora. A prefeita lembrou que a cidade de Sapiranga já criou o fly-hub, um centro de desenvolvimento e experimentação, e que é necessário valorizar não apenas obras de infraestrutura, mas também planejamento estratégico voltado à inovação. “É importante distinguir o que é urgente do que é importante e reservar tempo para refletir sobre o futuro”, afirmou.
Mediando o encontro, Behne destacou que há uma nova geração de prefeitos mais disposta a compartilhar boas práticas. Citou o exemplo de Gramado, que atrai milhares de turistas, e sugeriu que a região metropolitana também pode aproveitar esse fluxo para movimentar sua economia. “Quando algo dá certo em um município, devemos copiar. Isso é positivo. O turista que vem de outros estados e países pode também conhecer nossos eventos e impulsionar a economia local”, disse.
Encerrando o painel, Finck retomou a palavra para falar sobre a realidade financeira de Novo Hamburgo. O Município viveu sob decreto de calamidade financeira e, segundo o prefeito, foi necessário adotar medidas de contenção para poder investir no futuro. Ele reconheceu que ainda não pode convidar todos os prefeitos da região para grandes eventos, mas pretende fazê-lo quando houver estabilidade fiscal. “As pessoas querem resultados rápidos, mas essa é uma maratona, não uma corrida de 100 metros. Hoje, o que comemoramos é a realização deste grande evento em parceria com a nossa universidade, que é motivo de orgulho para o povo hamburguense”, declarou.
O painel reforçou que inovação, cooperação e planejamento regional são pontos centrais para enfrentar desafios comuns e construir políticas públicas mais eficientes. Mais do que discutir tecnologia, os gestores mostraram que o futuro das cidades passa pela capacidade de se conectarem e de compartilharem soluções em benefício da população.