Indústrias apresentam problemas reais e estudantes são desafiados a desenvolver soluções criativas e aplicáveis à realidade das empresas. Com essa premissa, alunos do Senai-RS desenvolveram 36 soluções tecnológicas no Futur.E, evento que conecta educação, inovação e futuro do trabalho, e que se encerra nesta sexta-feira (3) na sede do Sistema FIERGS, em Porto Alegre.
Ao todo, 181 alunos e 74 instrutores participam da mostra, que faz parte do projeto Inova Senai e segue a metodologia do projeto integrador, aproximando teoria e prática. Neste ano, 34 empresas levaram demandas a 26 centros de Formação Profissional do Senai, resultando em protótipos que comprovam o potencial da educação técnica para inovar no ambiente industrial.
“Trazer os nossos alunos e os projetos desenvolvidos por eles para o Futur.E é, com certeza, possibilitar que eles vivenciem uma experiência única de aprendizagem. Nestes três dias, eles aplicam na prática e fora do contexto da escola, habilidades e competências construídas ao longo do ciclo de trabalho no projeto”, diz a coordenadora de Estratégia e Metodologias Educacionais do Senai-RS, Roberta Acorsi.
Um dos projetos apresentados é dos alunos do Senai Santa Rosa, em parceria com a AGCO, que desenvolveram o projeto Parada Zero, uma ferramenta de apoio à gestão industrial que otimiza o controle da linha de produção. O sistema monitora paradas na linha de pintura, calcula automaticamente a efetividade do uso dos equipamentos e apresenta dados em dashboards visuais e objetivos. Seu diferencial é o sistema de alertas por e-mail, que aciona responsáveis em ordem de prioridade, evitando duplicidades e garantindo agilidade na resposta.
“Os alunos desenvolveram um software baseado nos cálculos de OEE — disponibilidade, qualidade e performance — em constante alinhamento com a AGCO do Brasil, com reuniões semanais e ajustes conforme as necessidades. Todo o processo envolveu testes, trocas de ideias e programação em Python”, explica o instrutor do Senai Luis Alexandre Ribeiro Knecht.
“No processo, crescemos muito profissionalmente, adquirimos novos conhecimentos e abrimos portas para oportunidades futuras, além de ampliar nosso networking e habilidades”, diz o aluno do Senai Michel Alan Severo, técnico em automação industrial que pretende seguir no ramo industrial, em especial, na área metalmecânica. Também integram o projeto o instrutor Elzer Stochero e os alunos Kauã Machado, Guilherme Henrique Arnold, Bernardo Nataniel dos Santos e Vitor Thiago Keller.
Outro projeto em destaque é do Senai de Passo Fundo, o Z.E.N.A – Zona de Embalagem e Nivelamento Automatizado. A iniciativa consiste no desenvolvimento de uma máquina automatizada para arquear caixas de madeira, com foco em otimizar o processo, aumentar a eficiência e a segurança, além de reduzir o tempo de operação e os erros humanos.
Senai propôs uma solução para um gargalo na linha de produção da GSI, relacionado ao arqueamento das caixas de primavera, que transportam peças dos silos e pesam de 400 quilos a duas toneladas. Hoje, a produção é de 3 milhões de caixas diárias, mas o gargalo impedia o aumento e a captação de novos clientes. Após visitas e análise do setor, os alunos desenvolveram a máquina Ozena, que automatiza completamente o processo: o operador seleciona o modelo e o peso da caixa, e o sistema define o número de cintas e realiza o arqueamento automaticamente. Segundo o instrutor Guilherme Hoeveler de Quadros, antes o processo manual levava de quatro a cinco minutos por caixa e com a Ozena são 30 segundos. Com isso, a produção de 60 caixas diárias passou para 320, reduzindo riscos e permitindo que a empresa amplie a produção e conquiste novos clientes.
“Fiquei responsável pela programação e pela parte de montagem, incluindo o teclado, o LCD e os botões. Pretendo continuar nessa área, fazendo cursos complementares e, futuramente, uma faculdade voltada à engenharia”, resume a aluna do Senai Emanuelly dos Santos.
Para Nathan Muriel Rodriguez da Cunha, a experiência foi totalmente inovadora: “Tenho 15 anos e consegui ajudar a solucionar o problema de uma empresa de grande faturamento, o que achei incrível. Aprendi muito sobre elétrica, programação, montagem e mecânica, participando ativamente de todas as etapas do projeto. Também fiz novas amizades e vivi uma experiência única”. Também compõem a equipe o instrutor Giani Augusto Braga e os alunos Luiza Amaral dos Santos, Rafael Medeiros Dalpaz e Giulia Teodosio Martins.
Dos 36 projetos apresentados, três serão premiados como destaques. A premiação visa valorizar as soluções desenvolvidas pelos estudantes, tendo como critério sua inovação, criatividade, empreendedorismo e soluções alinhadas às demandas da indústria.