Ao longo do dia 30 de novembro, no auditório da Farsul, aconteceu o Workshop Agro.BR 2023. O evento apresentou oportunidades do mercado externo e trouxe cases de sucesso para produtores e empresas brasileiras, tendo como foco a venda e o marketing internacional. A realização foi do programa Agro.BR, uma parceria entre a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) e que na Região Sul do Brasil conta com suporte da Farsul.
Os participantes puderam conhecer o programa Agro.BR, alguns pontos importantes do mercado internacional, acompanhar painéis com cases de cadeias que já estão inseridas no comércio exterior e ferramentas de apoio à exportação, entre outros temas. A saudação inicial foi feita pelo presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, que iniciou lembrando que na cerimônia de posse da sua primeira gestão, o presidente da CNA, João Martins, informou que a diretoria de Relações Internacionais da Confederação ficaria com a Farsul. “Muito honrado que fiquei, evidentemente, porque é uma diretoria altamente desafiadora. Porque, na realidade, o Brasil é um grande exportador de alimentos. Hoje é o maior exportador líquido, o que significa que põe mais produtos no mundo e importa menos”, declarou.
Gedeão destacou o crescimento do setor na última década e qual o objetivo atual da CNA. “Nós somos grandes vendedores de soja e milho, algo espetacular nos últimos dez anos. Já superamos os Estados Unidos em exportação de milho. Somos grandes exportadores de carne bovina, o maior de carne de frango. A CNA não está preocupada com soja, milho ou carne, porque essas cadeias estão organizadas. O alvo de preocupação da CNA é com os pequenos produtores. E realmente é uma tarefa hercúlea, porque não é fácil chegarmos lá fora no mercado Internacional”, afirmou.
“Então, esta é a nossa tarefa, levar vocês, ajudar vocês, ajudar neste caminho para que possamos chegar lá”, continuou Gedeão. Ele reforçou que não há impedimentos no mercado internacional pelo porte do produtor. “Não interessa, todo mundo é produtor. É que o nosso slogan diz, para a Farsul, produtor rural não tem tamanho. Pode ser micro, pequeno, médio, grande, não interessa, tem que ser produtivo, tem que ser eficiente, que é para a gente possa chegar nos mercados”, ressaltou.
O presidente estimulou a participação no programa Agro.BR. “Existe um esforço muito grande que a CNA está fazendo e que eu peço a vocês, aproveitem, porque temos um contrato com a Apex Brasil. É um convênio grande que tem a CNA. Lá fora utilizamos os canais da Apex que tem uma boa expertise. A Confederação leva vocês. Vamos lá, vamos tentar vender, porque é assim que faz. Não temos um mercado interno para tudo isso que produzimos. Então, nós temos que, sim, fazer este esforço para chegarmos mais no mercado Internacional, criarmos as nossas marcas, criarmos confiabilidade no Made in Brazil”, disse e completou, “Temos que ter muito cuidado com qualidade. Qualidade, embalagem e apresentação. Se não, não chegamos a lugar nenhum. E mercado Internacional é um mercado que concorre”.
Na sequência, o superintendente do Senar-RS, Eduardo Condorelli, também fez sua saudação. Ele comunicou a criação de um novo departamento, ligado à diretoria técnica, que é voltado ao desenvolvimento e inovação. “Ele está com a responsabilidade da manutenção e gestão do programa Juntos Para Competir, mantido pelo Senar, Farsul e Sebrae, que busca um realinhamento e um reposicionamento em um trabalho pós porteira. Trata da agregação de valor e possibilidades de mercado, de conquistas de mercado, para produtores e agroindústrias”, descreveu.
Condorelli ressaltou algumas possibilidades já em trabalho no programa. “Dentro do Juntos Para Competir já temos a possibilidade de iniciativas que vão justamente trabalhar esta questão do apoio necessário para a estruturação para a conquista de mercados. Essa é uma nova ação que o programa passa a ter e que será construída ao longo desses próximos poucos meses à frente, de maneira que, ainda em 2024, a gente já comece a devolver aos produtores o apoio necessário para que esse processo possa acontecer”, disse.
“Nós temos, obviamente as ações construídas pela CNA, pela Federação da Agricultura, pelo cenário em nível nacional. Mas, estamos agregando ainda mais iniciativas que possam fazer com que aquilo que o mundo ainda não sabe que nós também temos, tão bom quanto soja, laranja, café, milho, arroz, carnes. Porque nós somos ímpares em fazer produtos bons. Com qualidade sanitária e com um preço atrativo. Então, efetivamente, o que falta é apenas apresentar algo a todos eles, aquilo que a gente também tem e que eles ainda não sabem”, ressaltou.
Cenário Internacional
A primeira apresentação foi da diretora de Relações Internacionais, Sueme Mori, que falou sobre o cenário do exterior e os desafios à internacionalização. Ela iniciou, apresentando a estrutura da diretoria e os objetivos. “Independentemente do que a gente faz lá, tudo tem o mesmo objetivo, ampliar a participação do agro brasileiro em mercados internacionais. Seja via defesa de interesse, seja via promoção comercial, como o Agro.BR, qualquer coisa tem esse objetivo final”, salientou. “Então essas são as frentes de atuação principais da área internacional da CNA: promoção comercial, apoio à internacionalização de pequenos e médios produtores rurais”, reforçou.
Sueme falou sobre algumas das atividades da rotina da diretoria de Relações Internacionais como produção de análises, avaliação de oportunidades para mercados externos, ações de representação, diálogo com representantes diplomáticos estrangeiros. Essas ações são importantes, segundo a diretora, porque a Confederação é a grande porta voz do setor no Brasil. Ela também citou o projeto AgroBrazil, onde a CNA leva representantes diplomáticos para conhecer as características de produção de cada região do país. “A gente leva representantes diplomáticos, embaixadores, para conhecer o agro brasileiro. Tem muita desinformação. O que a gente faz é leva a esse produtor, botar para ver produção real, lá no campo. É um trabalho de formiguinha que a gente faz. Tem a oportunidade de mostrar para eles de conversar diretamente com o produtor, com a cooperativa”.
A diretora apresentou os dois principais fatores que definem o aumento da demanda por alimentos no mundo, crescimento da população ou da renda. “Quando a renda aumenta, aumenta a demanda por alimentos. Quando a população aumenta, também. Onde que isso está acontecendo no mundo? As estatísticas. todas mostram, por exemplo, que Estados Unidos e Europa já estagnaram, tanto em termos de renda, quanto em termos de população. Bateu no teto já, inclusive tem um decréscimo. Então, onde está se consumindo mais? Ásia e Oriente médio. Dados da FAO mostram para onde que está crescendo a demanda por alimentos que são os principais importadores agrícolas mundiais”, demonstrou. Sueme reforçou a necessidade da formação de acordos comerciais pelo Brasil, especialmente com os países compradores do agro.
Agro.BR
As apresentações institucionais seguiram com o gestor do Agro.BR, Rodrigo da Matta, e pela responsável pela Região Sul do programa, Luana Krieger. Eles apresentaram o projeto que tem como objetivo principal a promoção comercial na exportação de alimentos e bebidas. Para isso promove capacitações e ações voltadas ao tema da exportação aos produtores e agroindústrias para que cheguem preparados para vender ao mercado externo. Todas as atividades são totalmente subsidiadas, sem gerar custos aos participantes. Atualmente, 310 produtores e agroindústrias estão inscritos no escritório que atende Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
“Resumindo um pouco do que a gente espera com o Agro.BR em uma palavra é oportunidade”, revelou Matta. “A gente está trazendo para vocês oportunidade. Sabemos que o produtor sempre tem muito problema produtivo, muito problema de comercialização, muita coisa acontecendo. Mas, o nosso são soluções, oportunidades para todo mundo”, complementou. O gestor chamou a atenção para a necessidade dos produtores olharem mais para as questões de comercialização. “Produtor tem que dar mais valor para o processo de comercialização. Vemos, muitas vezes, produtor gastas 60 horas por semana pensando em produzir mais e mais barato. Nem sempre essa é a solução. Então que gaste um pouco do seu tempo pensando em comercializar melhor, pensando em forma de comercializar no momento certo, pesquisar mais sobre comercialização, pesquisar sobre outras outros canais de comercialização”, desafiou.
Matta lembrou que muitas vezes o produtor acaba preso em um processo que acaba por limita-lo. “O produtor em muitos setores fica refém de certos grupos ou de certas cadeias de distribuição. Então, o que a gente traz aqui é isso, temos uma outra forma de comercializar, comercializar com o exterior. É complexo, mas, é mais fácil do que parece e muita gente consegue. Quem consegue está recebendo em dólar. Está tendo outras oportunidades e que, inclusive, vão impactar inclusive na sua produção nacionalmente”, destacou.
O gestor também falou da Vitrine Virtual que o Agro.BR disponibiliza aos participantes. “Ela está em três idiomas (árabe, mandarim e espanhol). A usamos para compartilhar com parceiros internacionais, compradores de outros países. Tem em torno de 500 produtores já participando, são mais de 1.100 produtos exportáveis. O material que disponibiliza para o produtor é para que ele participe com qualidade das rodadas de negócios, das feiras e das missões”, garantiu.
Também palestraram o representante da Apex Brasil, Gabriel Isaacsson, que falou sobre as ferramentas da agência disponíveis para exportações. Pelo Senar, Luana Frossard, que apresentou o projeto ATeG + Exportação – parceria que gera resultado. A coordenadora dos Escritórios Internacionais do Agro.BR, Silvia Pierson, e o Adido Agrícola de Washington (EUA), Filipe Guerra Lopes Sathler, realizaram um painel sobre visão internacional.
O evento contou com painéis sobre o mercado de mel, noz pecan, azeite de oliva extravirgem e frutas. Com a participação de entidades representativas e produtores e agroindústrias que puderam relatar suas experiências. Rodrigo da Matta também apresentou a ferramenta de e-commerce do Agro.Br. O encerramento foi feito por Camila Surian, especialista em desenvolver estratégias focadas no crescimento exponencial de negócios, que fez a palestra “Além da porteira: marketing e vendas para ir mais longe!”.
Organizadora do evento, a consultora Luana Krieger, avaliou positivamente o workshop. “Foi uma oportunidade da gente reunir diferentes entidades e diferentes tamanhos de produtores. Isso foi interessante porque os pequenos puderam ver onde eles podem chegar. E também deles perceberam todo o apoio que eles podem receber do Senar, do Sebrae, da Apex Brasil, do Agro.BR principalmente. Todo esse banquete que a gente pode oferecer. Queremos vender nossos produtos lá fora com toda o histórico de qualidade que temos”, concluiu. O evento está disponível na íntegra no canal da Farsul no Youtube.