Capacitação: inovação também é sobre pessoas
Associação Comercial e Empresarial de Minas – ACMinas
Estudo destaca o papel crucial dos mestres e doutores na sociedade, especialmente em questões urgentes como mudanças climáticas, segurança alimentar e pandemias
O desenvolvimento econômico de um país está intrinsecamente ligado ao seu avanço tecnológico e capacidade de inovação. Nesse contexto, a capacitação de mão de obra em ciência, tecnologia e inovação emerge como um dos pilares fundamentais. Países que investem consistentemente na formação e atualização de seus profissionais não apenas impulsionam suas economias, mas também fortalecem sua capacidade de tomar decisões estratégicas independentes, garantindo a segurança e o bem-estar de seus cidadãos a longo prazo.
Mestres e doutores em falta
De acordo com o estudo “Brasil: Mestres e Doutores 2024”, realizado pelo Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE), uma entidade vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, o Brasil aumentou significativamente o número de mestres e doutores entre 2001 e 2021. Houve um crescimento de 210% no número de mestres e 271% no de doutores nesse período. Apesar desses avanços, o País ainda enfrenta desafios consideráveis.
A pesquisa revela que, apesar dos recentes aumentos, o Brasil ainda está atrás de muitos países da América Latina e do mundo desenvolvido em termos de proporção de mestres e doutores por habitante. Em comparação com 24 nações da OCDE, o Brasil possui o menor número de mestres e ocupa a 22ª posição em quantidade de doutores por 100 mil habitantes, com apenas dez, enquanto países como Reino Unido e Alemanha têm 34 e 37, respectivamente.
Vale ressaltar que o ensino de pós-graduação no Brasil alcançou uma escala e um padrão de qualidade que o destacam entre as nações em desenvolvimento, sendo reconhecido como um dos pontos fortes do nosso Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.
O estudo enfatiza o papel crucial dos mestres e doutores na sociedade, especialmente em questões urgentes como mudanças climáticas, segurança alimentar e pandemias. A ciência é vista como fundamental para o desenvolvimento de tecnologias e soluções práticas, o que demanda um contingente robusto de profissionais qualificados.
Além disso, o estudo aponta disparidades regionais na formação de pós-graduados no Brasil, assim como uma queda significativa no interesse pela pós-graduação após a pandemia de Covid-19. Também destaca a necessidade de investimentos consistentes em infraestrutura e condições de trabalho para sustentar o crescimento científico, uma vez que não apenas melhoram a eficiência e a produtividade dos setores produtivos, mas também promovem a criação de novas indústrias e a diversificação econômica.
Outros pontos destacados incluem a baixa participação de mestres e doutores na indústria, um indicador crucial para a inovação econômica, e questões relacionadas à desigualdade de gênero e salarial. O estudo conclui ressaltando a importância de compreender e fortalecer o sistema científico brasileiro para assegurar um impacto positivo no desenvolvimento nacional.
Artigo da vice-presidente da ACMinas, Janayna Bhering Cardoso
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