Agosto costuma ser popularmente conhecido como o mês sem feriados e dias intermináveis, mas prefiro dizer que é o mês dedicado à inovação. Nas últimas semanas, tive a oportunidade de participar de dois encontros, fora do eixo tradicional Rio-SP, que mostram que a criatividade e o empreendedorismo vibram Brasil afora e não apenas nos grandes centros.
O primeiro desses eventos foi o Hacktown, um festival que acontece desde 2015 na pequena e incrível Santa Rita do Sapucaí, Sul de Minas. A cidade é um celeiro de inovação e grandes talentos, tendo como uma das suas fontes de conhecimento o Inatel, Instituto de Telecomunicações, que funciona como uma espécie de “ponto de encontro” do evento. Foram mais de 800 conteúdos dos mais diversos temas espalhados, literalmente, por toda a cidade, que abriu suas salas de aula, ginásio, bares, cafés e até igrejas para fomentar os debates ligados à inovação.
Em seguida, tivemos o Startup Summit, em Florianópolis. Apesar de ser mais tradicional em termos estruturais, é um evento que propõe palestras e painéis que trazem o empreendedorismo como protagonista. Fundadores de startups do Brasil inteiro foram a Florianópolis em busca de formas para acelerar suas empresas, seja buscando aproximação com o ecossistema, seja visando parcerias estratégicas para os negócios ou mesmo para levantar capital.
Mas afinal, o que esses dois eventos têm em comum? As oportunidades de conexão genuína e o senso de comunidade.
Nos últimos anos várias tecnologias facilitaram nossa vida proporcionando mais conexão e comunicação virtual, mas por outro lado inundando nossas ‘timelines’ pessoais e profissionais, tornando complexo realmente se conectar profundamente com pessoas de fora das nossas organizações. Por isso, acredito que o melhor que estes eventos têm a oferecer é a possibilidade de estabelecer conversas com pessoas de fora das nossas organizações. São momentos de respiro na dinâmica que são um convite para desconectarmos do digital, e aproveitarmos mais as conexões reais, olho no olho.
E foram inúmeras as oportunidades oferecidas nesse sentido durante o Startup Summit. Nos pitchs reversos realizados durante os três dias de evento, mais de 60 empresas se apresentaram para centenas de empreendedores e em seguida se colocaram à disposição para conexões reais, um papo de cafezinho que pode render excelentes negócios, mas que no online dificilmente aconteceria. Já no Hacktown, toda a dinâmica do evento, que aconteceu espalhado por toda cidade, estimulou os encontros casuais e a serendipidade.
O senso de comunidade, elemento essencial para o sucesso de um evento, foi testado nas duas ocasiões. Com um público bem diverso, que conta também com a presença massiva dos alunos do Inatel e outros moradores de Santa Rita do Sapucaí, o Hacktown proporcionou um ambiente colaborativo e inovador. Por sua vez, o Startup Summit, possibilitou a interação dos mais variados segmentos e vivências, em que diferentes agentes compartilharam suas ideias e experiências, o que elevou o potencial de criatividade e inovação do evento. Como parte deste ecossistema, as grandes corporações têm um papel fundamental apoiando, nutrindo e marcando presença nesses encontros.
Após os dias de imersão, entre o Sul de Minas Gerais e a região Sul do Brasil, em Florianópolis, é possível constatar que o protagonismo humano ainda é o grande diferencial em meio a inúmeras tendências tecnológicas. Sim, a tecnologia facilita a vida, mas é necessário que sejamos responsáveis pela nossa realidade. Esses eventos demonstram que por trás de cada avanço, existem equipes de pessoas talentosas, líderes visionários, empreendedores resilientes e, claro, soluções que resolvem problemas de uma necessidade humana.
Parabéns!