De 8 a 16 de maio, delegação brasileira terá agendas em Washington, Nova York e Boston. Na última década, mais de 80% das exportações do Brasil para o país foram da indústria de transformação.

CNI lidera missão empresarial aos EUA em meio à nova política comercial americana

Diante da reformulação das práticas comerciais do governo dos Estados Unidos e da reorganização das cadeias produtivas no comércio global, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) avança na estratégia de encontrar oportunidades e enfrentar desafios do novo cenário tarifário.

De 8 a 16 de maio, a confederação lidera uma missão empresarial aos EUA para aprofundar o diálogo bilateral entre os setores público e privado e defender um ambiente de negócios mais integrado e competitivo.

A delegação terá empresários, presidentes de federações de indústrias, representantes de associações industriais e do governo brasileiro.

“Brasil e EUA mantêm uma relação econômica sólida e estratégica, baseada em comércio, investimento e integração produtiva. Essa parceria foi construída ao longo de 200 anos. A CNI segue comprometida com a defesa do setor e pronta para contornar eventuais desafios e aproveitar as oportunidades. Nós levaremos aos Estados Unidos empresários que têm relação com o mercado americano, para aprofundar o diálogo público-privado entre nossos países e fortalecer a nossa relação econômica”, explica o presidente da CNI, Ricardo Alban, que chefiará a comitiva empresarial.

A agenda começa em Washington, onde governo e setor privado terão reuniões com pares dos Estados Unidos para discutir medidas de aproximação entre os países. Na ocasião, o setor produtivo brasileiro vai apresentar prioridades em um cenário de mudanças na política comercial americana.

Em Nova York, a delegação terá encontros com diplomatas e especialistas para discutir os impactos da onda de protecionismo e tensões geopolíticas sobre o Brasil. No dia 13, a CNI e o jornal Financial Times organizam um seminário sobre economia verde e liderança brasileira na transição para a economia de baixo carbono.

No dia 14, o presidente da CNI, Ricardo Alban, é um dos palestrantes da 4ª edição do Brazil Summit, também organizada pelo Financial Times, na qual falará dos desafios e oportunidades para o país avançar na agenda de sustentabilidade.

A missão termina em Boston, onde os representantes brasileiros participarão de um briefing sobre inteligência artificial e transição energética no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e de uma visita ao campus da Universidade de Harvard, entre os dias 15 e 16 de maio.

Escalada de medidas tarifárias dos EUA movimentou o mundo
Desde o início do ano, o governo dos EUA retomou a política comercial America First, com mais pressão na economia internacional, e implementou medidas que atingem diretamente o comércio exterior brasileiro, como a tarifa adicional de 10% sobre as importações brasileiras e as tarifas ainda maiores impostas em alguns casos, como as de 25% sobre as importações de aço e alumínio. As medidas protecionistas deixaram em alerta o Brasil, que é um dos principais fornecedores desses produtos para os EUA.

Além disso, os EUA têm travado uma queda de braço com a China desde que o país respondeu à altura às medidas tarifárias anunciadas. As duas nações adotaram uma série de firmes retaliações — como tarifas americanas para importar alguns produtos chineses que chegaram a 245% — e, nos últimos dias, o comércio global sente novas movimentações com acenos dos dois países sobre possibilidades de negociação.

Além das tarifas: entenda o novo cenário do comércio local

Ao mesmo tempo em que a reorganização de cadeias produtivas pode beneficiar alguns setores brasileiros, riscos de redirecionamento de importações vindas de outras economias alertam outros setores.

Nesse cenário em transformação, a CNI tem atuado com estratégia, com monitoramento das tarifas e ferramentas para avaliar impactos sobre exportações e importações; institucionalmente, articulando junto ao Congresso a modernização de instrumentos jurídicos para reagir a práticas comerciais unilaterais e coordenando posições com o governo brasileiro; e mobilizando a indústria para dialogar diretamente com os setores público e privado dos EUA, com a missão empresarial desta semana.

Comércio de bens e serviços teve saldo positivo de US$ 256,9 bi para os EUA na última década

O comércio bilateral é marcado por um superávit estrutural para os EUA. Na última década (2015-2024), o saldo positivo acumulado foi de US$ 91,6 bilhões no comércio de bens e de US$ 256,9 bilhões somando o comércio de bens e de serviços. Vale ressaltar os EUA não registram déficit comercial com o Brasil há mais de 15 anos, posicionando o país como uma das poucas grandes econômicas que contribuem para reduzir o déficit comercial americano.

A integração produtiva entre as indústrias americanas e brasileiras impulsionam significativamente a criação de emprego e renda nos dois países. Nos últimos cinco anos, o comércio de bens entre Brasil e Estados Unidos somou US$ 246,7 bilhões em bens intermediários (insumos industriais), representando 57,5% do total, com superávit de US$ 10 bilhões para os EUA.

Os EUA são um dos principais parceiros comerciais e estratégicos do Brasil. De acordo com dados elaborados pela CNI com base em estatísticas da ComexStat, em 2024 as exportações brasileiras para os EUA somaram US$ 40,4 bilhões — um crescimento de 9,4% em relação ao ano anterior. Já as importações alcançaram US$ 40,7 bilhões, 7,1% a mais do que em 2023. Nos últimos dez anos, a indústria de transformação respondeu por mais de 80% das exportações brasileiras ao mercado americano.

Estados Unidos são o principal investidor no Brasil

A relação também é marcada por forte intercâmbio de investimentos. Os EUA são o principal investidor no Brasil, totalizando mais de US$ 350 bilhões em 2023, com destaque para os setores de comunicações, automotivo, petróleo e gás, serviços financeiros e energias renováveis.

O país norte-americano também foi o principal destino dos investimentos brasileiros no exterior, somando US$ 22,1 bilhões em 2023, com atuação significativa nos segmentos de alimentos e bebidas, plásticos, tecnologia da informação e metais.

Segundo levantamento da ApexBrasil e da Amcham Brasil, os Estados Unidos de destacam como destino de 142 projetos de investimentos greenfield brasileiros entre 2013 e 2023 — o principal destino —, que abrangem praticamente metade dos estados americanos.

Os dados sobre a relação apontam, ainda, quais são os principais produtos do comércio bilateral. Em 2024, o Brasil exportou para os EUA principalmente óleos brutos de petróleo (14,4%), formas primárias de ferro ou aço (8,8%), aeronaves e outros equipamentos (6,7%), café não torrado (4,7%) e ferro-gusa (4,4%). Dos produtos importados dos EUA, os principais foram motores e máquinas não elétricos (15,2%), óleos combustíveis de petróleo (9,7%) e aeronaves e outros equipamentos (4,9%).

Por: Fernanda Louise
Foto: Banco de Imagem da Indústria
Da Agência de Notícias da Indústria

Aldo Cargnelutti

Empresário e jornalista, Aldo Cargnelutti é editor na Rede Brasil Inovador. Estamos promovendo os ecossistemas de inovação, impulsionando negócios e acelerando o crescimento econômico. Participe!

+55 11 94040-5356 / rede@brasilinovador.com.br

Aldo Cargnelutti

Empresário e jornalista, Aldo Cargnelutti é editor na Rede Brasil Inovador. Estamos promovendo os ecossistemas de inovação, impulsionando negócios e acelerando o crescimento econômico. Participe!

+55 11 94040-5356 rede@brasilinovador.com.br

Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.