Levantamento mostra que o índice de maturidade digital do agronegócio é de 3,1 em uma escala de 6, abaixo da média geral de 3,7 pontos
Apesar dos avanços na adoção de tecnologias como Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA), o agronegócio brasileiro ainda enfrenta grandes desafios para atingir uma modernização digital. É o que revela o Índice de Transformação Digital Brasil (ITDBr), conduzido pela PwC e Fundação Dom Cabral.
O estudo avalia o nível de maturidade digital das organizações brasileiras com base em uma metodologia própria, desenvolvida para sistematizar a avaliação do progresso da transformação digital em um índice mensurável, que permite monitorar de forma contínua o processo e oferecer diretrizes para a adaptação de empresas, governos e da sociedade em geral ao dinamismo da tecnologia e destaca as principais estratégias para o avanço tecnológico sustentável. Em 2024, pela primeira vez foi organizado um recorte setorial de agronegócio.
O levantamento mostrou que o índice de maturidade digital do agronegócio é de 3,1 em uma escala de 6, abaixo da média geral de 3,7 pontos. Esse resultado destaca uma contradição em relação à ampla adoção de tecnologias emergentes no setor, sendo a ausência de governança e de estratégia as principais lacunas.
A menor pontuação foi registrada na dimensão pessoas e cultura, com 2,7 pontos, contra a média geral de 3,8, evidenciando uma carência de treinamento e desenvolvimento cultural para trazer a transformação digital. Outras áreas críticas incluem processos digitais (2,9 versus 3,8) e decisões orientadas por dados (2,8 contra 3,5). A única dimensão próxima à mídia geral foi clientes digitais, com 3,4 pontos em comparação aos 3,8 da média, refletindo um alinhamento mais consistente com as expectativas do mercado, segundo a PwC.
Segundo o sócio e líder de Agronegócio da PwC Brasil Maurício Moraes, a constatação não limita o potencial de desenvolvimento digital do segmento. Na visão dele, há um cenário de possibilidades positivas, uma vez que empresas que investirem em digitalização terão uma vantagem competitiva significativa, otimizando recursos e aumentando a eficiência produtiva.
“O desafio não está apenas na implementação dessas soluções, mas também em mudar a cultura organizacional e desenvolver uma visão de longo prazo que integre a jornada da transformação digital e as novas tecnologias de forma estratégica”, analisa Moraes.
À luz dessa reflexão, o levantamento da PwC Brasil com a Fundação Dom Cabral reflete que a transformação digital vai além da implementação tecnológica, exigindo alinhamento estratégico, governança diferenciada e foco na experiência do cliente e dos profissionais. “A maioria das empresas do agronegócio ainda está definindo seus objetivos e razões para usar a inteligência artificial, com foco principalmente em eficiência, conforme observamos em nosso estudo”, avalia a sócia da PwC Denise Pinheiro.
Avanços e desafios
O agronegócio se destaca na adoção de IoT, com 45% das empresas que utilizam essa tecnologia, enquanto a média geral é de apenas 9%. A Inteligência Artificial também apresenta ampla aplicação no setor, sendo aplicada por 36% das empresas, acima da média geral de 20%.
Por outro lado, a transformação digital no agronegócio ainda segue uma abordagem conservadora. Aproximadamente, 75,8% das empresas do setor adotam uma postura seletiva em seus investimentos tecnológicos, bem acima dos 46,3% coletados na mídia geral. Apenas 21,2% das empresas agrícolas são consideradas “otimizadoras” – aquelas que enxergam a transformação digital como essencial para seus investimentos –, percentual inferior aos 40,3% registrados em outros setores. Já as chamadas empresas “visionárias”, que priorizam estrategicamente a transformação digital, representam apenas 3% no agronegócio, contra 13,4% na média geral.
“Há um aumento na percepção e na relevância que os tomadores de decisão têm dado às inovações e tecnologias digitais”,afirma o Professor e Diretor do Núcleo de Inovação, IA e Tecnologias Digitais Hugo Tadeu, da Fundação Dom Cabral. O desafio, porém, não está na inovação em si, mas nos mecanismos de governança que a acompanham. Sem uma estratégia adequada – que envolva a estrutura organizacional – essa maturidade continuará em níveis baixos”, pontua.
Além disso, 42% das empresas do agro apontam a falta de uma visão clara de modelo de negócios digital como um grande entrave, quase o dobro da média geral de 22%.
Conforme o estudo, os principais desafios para o avanço da transformação digital no agronegócio incluem a necessidade de melhorar a estruturação dos processos de digitalização, apontada por 67% das empresas. Além disso, 42% mencionam a dificuldade em acompanhar as tendências tecnológicas, um percentual maior do que a média geral, que é de 31%.
Ganhos
Os números da edição agro do ITDBr apontam que a transformação digital já tem gerado resultados positivos no agronegócio, com 69% das empresas reportando ganhos em eficiência operacional e 50% observando mudanças na cultura organizacional. No entanto, o estudo destaca que o planejamento estratégico e gestão continuam a ser as principais áreas a serem aprimoradas, apontadas por 35% das empresas. Isso revela que, apesar de o setor entender a sua importância no desenvolvimento e uso de tecnologias digitais, ainda precisa colocar priorizar estrategicamente essas ações.
ESG
Ainda de acordo com o levantamento, pouco mais da metade das empresas do agronegócio consideram os impactos da transformação digital em sua estratégia ESG, revelando uma oportunidade de maior integração entre tecnologia e sustentabilidade. Atualmente, 43% das empresas do setor utilizam tecnologias digitais para práticas ESG, abaixo da média geral de 52%.
Contudo, o setor agropecuário apresenta um maior percentual de iniciativas em desenvolvimento (13% contra 7% em outros setores), sinalizando esforços para avanço nessa área. Apesar disso, 43% das empresas ainda não se alinharam plenamente à tecnologia digital às questões ESG, patamar semelhante ao de outros setores. Por outro lado, 40% já adotaram práticas que conectam transformação digital e ESG, o que indica um alinhamento entre transformação digital e ESG.
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Sobre a Fundação Dom Cabral
A FDC é uma escola de negócios brasileira com 48 anos, que está entre as 10 melhores escolas do mundo de acordo com os rankings de educação executiva do FT 2024. Oferece uma abordagem educacional diferenciada: o UNI(CO), que cria experiências consistentes, contínuas e com impacto positivo em seus três pilares de atuação: Educação Executiva, Acadêmica e Social para pessoas, organizações e o mundo. Consegue combinar em sala de aula: inteligência com afetividade, rigor científico com aplicabilidade e desempenho com progresso social, mostrando o seu jeito de fazer educação. Sempre acompanhando as transformações globais, tem como missão contribuir para o desenvolvimento sustentável da sociedade por meio da educação, capacitação e desenvolvimento de executivos, empresários e gestores públicos.
Cerca de 50 mil pessoas passaram pela instituição em 2023. No âmbito da Educação Social, o FDC – Centro Social Cardeal Dom Serafim foi concebido para apoiar jovens em situação de vulnerabilidade social, empreendedores populares, organizações sociais e seus gestores, por meio do desenvolvimento e capacitação. A escola também tem o portal Seja Relevante, que democratiza o acesso a conteúdos proprietários e a informações relevantes sobre carreira, gestão, negócios e impactos positivos.