Painel no palco Sebrae, no Tecnopuc Experience, debateu o papel da IA no desafio de garantir que estudantes e educadores saibam “aprender a aprender”
O debate sobre a “Educação que faz sentido na era da IA” no palco Sebrae, durante o Tecnopuc Experience 2025, nesta quinta-feira (30), colocou em evidência uma realidade urgente: a Inteligência Artificial não é mais uma promessa, mas a raiz de uma crise de identidade na sala de aula.
A discussão, que contou com a participação de Leonardo Franke Gonçalves, fundador da Casa da Vida AftersCOOL, e Paulo Barone, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e professor na Universidade Federal de Juiz de Fora, deixou claro que o grande desafio atual não é mais discutir a existência da IA. Passa por garantir que alunos e, principalmente, educadores desenvolvam a habilidade de “aprender a aprender” (learning to learn).
O cenário de rápidas transformações é impulsionado pelo uso crescente da tecnologia. Segundo dados da 15ª edição da TIC Educação (setembro/2025), sete em cada 10 estudantes do Ensino Médio já recorrem a ferramentas de IA generativa para realizar pesquisas escolares.
No entanto, a orientação sobre o uso ético e eficiente dessas ferramentas é escassa: apenas 32% dos alunos receberam algum tipo de instrução de seus professores.
O receio do corpo docente é um fator central nessa crise. Uma pesquisa divulgada pelo Bett – a heavy event, no Reino Unido, aponta que 50% dos professores entendem que, ao usar a IA, estão “trapaceando”.
“A IA representa uma onda tão importante quanto a chegada da internet, e a educação está tendo que se transformar completamente” aponta Leonardo.
A IA exige uma mudança drástica no papel do educador, gerando uma “crise de identidade”. O professor não pode mais ser o detentor exclusivo do conhecimento, especialmente quando os alunos dominam a nova ferramenta tecnológica.
O cenário é claro: ou o professor adota uma postura aberta ao aprendizado ou enfrentará essa crise. “Ele (o aluno) sabe mais dessa ferramenta do que o próprio professor. Então ou o professor tá muito leve com isso, ou ele vai ter essa crise existencial de identidade,” conclui.
Para o professor Paulo Barone, a primeira etapa para superar a insegurança é a desmistificação. É preciso entender a ferramenta, inclusive para reconhecer seus limites, e só então ganhar a habilitação para o uso.
“Ao compreender a ferramenta e ao ganhar a habilitação pro uso dela, eu passo a entender também que eu a uso e não ela me usa”, explica.
O futuro do educador está em trocar a função de transmissor de conteúdo pela de mentor e facilitador de aprendizado ativo. Essa nova postura se conecta diretamente ao conceito de learning to learn, a capacidade de aprender de forma contínua, crítica e criativa em um mundo de atualizações aceleradas.
A habilidade mais valiosa não é memorizar a informação, mas sim saber fazer a pergunta certa, avaliar criticamente a resposta e aplicar esse conhecimento. Essa é a competência que garante a autonomia do aluno e a relevância do professor no novo cenário. O professor, como mentor, ensina como navegar nesse vasto mar de informações geradas pela IA.
A importância de eventos como o Tecnopuc Experience, para que essa transformação ocorra, também foi destacada por Barone. “As pessoas pensam na novidade e como adotá-la. Esse me parece que é um ambiente muito produtivo pro debate amplo” conclui.
A IA não veio para substituir o professor, mas para forçá-lo a evoluir. A competência que define essa evolução é a capacidade de ensinar e praticar o aprendizado contínuo.
Este conteúdo é um oferecimento do TIC em Trilhas, uma iniciativa que oferece, de forma gratuita e online, trilhas de formação em Tecnologias da Informação e da Comunicação a partir de metodologias ativas de aprendizagem e com apoio de mentores e monitores especializados. A iniciativa integra o projeto Residência em TIC 02, apoiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, com recursos da Lei n° 8.248/91, sob coordenação da Softex e diversos parceiros e instituições renomadas com expertise na área.
 
								 
								 
													 
								 
								 
								 
								 
             
             
             
             
             
             
             
             
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								