O Estado tem a única mina de titânio registrada no Brasil, além de outros recursos como terras raras com investidores certos que são afastados pelo clima hostil
“O Rio Grande do Sul, na área de mineração, tem tecnologia sustentável para explorar, órgãos técnicos capacitados para licenciar e existe interesse do mercado em investir”. A declaração foi feita pelo presidente da FEDERASUL, Rodrigo Sousa Costa no Tá na Mesa desta quarta-feira, 08, ao apontar este setor econômico, como uma atividade que pode contribuir para o reerguimento econômico do Rio Grande do Sul, evitando o êxodo de gaúchos em busca de oportunidades.
“Não podemos perder mais tempo. O Estado precisa voltar a valorizar o trabalho e o lucro honestos e não permitir que o clima hostil e a beligerância afugentem investidores. Precisamos acolher investimentos que possam gerar empregos e aumentar a arrecadação dos municípios, afirmou ao complementar que a mineração é imprescindível para a transição energética. Somado a isso argumentou que o Estado tem riquezas minerais extremamente altas e não pode ser penalizado pela desconfiança que gera instabilidade entre investidores.
As manifestações do presidente da FEDERASUL deram início ao painel “Desafios e oportunidade da segurança mineral brasileira”, tema da reunião-almoço que reuniu os secretários estaduais do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann e do Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo; o engenheiro de Minas e diretor de Assuntos Minerários do IBRAM, Júlio Cesar Nery Ferreira e o geólogo e ex-diretor-geral da Agência Nacional de Mineração – ANM, Victor Hugo Froner Bicca.
Para Júlio Cesar Nery Ferreira a mineração é sustentável pois é possível fazer a recuperação ambiental dentro de condições estáveis e seguras, permitindo que a área seja utilizada para outras atividades posteriormente. “Atualmente a mineração já vem com aporte tecnológico, seus efeitos podem ser revistos e controlados. Além disso hoje temos ferramentas para mitigar impactos”, argumentou.
O especialista disse ainda que a legislação evoluiu muito desde 2019, especialmente após os acidentes com as barragens de Mariana (2015) e Brumadinho (2019) em Minas Gerais. Lembrou que os dois desastres ambientais e sociais foram causados pelo rompimento de barragens de rejeitos de mineração. “Estamos há seis anos sem acidentes com barragens no Brasil. Antes acontecia um a cada dois anos”, finalizou.
O ex-diretor-geral da Agência Nacional de Mineração – ANM, Victor Hugo Froner Bicca entende que a prevenção é a melhor opção, que os órgãos de fiscalização devem acompanhar os processos de licenciamento e não entrar apenas no final. “É inconcebível que depois de investir milhões, o investidor descubra que o projeto está sendo questionado judicialmente”, declarou. Para ele, a mineração é um alicerce disponível que pode contribuir para o RS retomar a rota de desenvolvimento, mas é necessário também que os órgãos de licenciamento acelerem os processos. “A liberação de licenças precisa se adequar ao mundo de hoje. Não é possível esperar dez anos por uma licença prévia”.
Os secretários estaduais do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann e do Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo fizeram uma apresentação conjunta. Disseram que a atividade mineral no RS movimentou mais de R$ 2,8 bilhões em valor de produção mineral comercializada, em 2023, representando 2,3% da indústria estadual, que o RS ocupa a 9ª posição entre os estados produtores de bens minerais e que existe um grande potencial de crescimento. Nos últimos anos, novas áreas têm atraído investidores, e os avanços nas pesquisas minerais indicam perspectivas promissoras para o futuro da mineração no Estado.
Segundo Marjorie Kauffmann, os principais bens minerais produzidos no RS incluem carvão mineral, rochas britadas, água mineral, calcário e areia. Conforme a secretária, a mineração gera 200 mil empregos diretos e 800 mil indiretos (2024) representando um faturamento total: R$ 270 bilhões (2024).