Em um cenário marcado por juros elevados, inflação persistente e instabilidade geopolítica global, a inovação aberta tem se consolidado como uma das respostas mais eficientes das empresas brasileiras à necessidade de adaptação rápida e redução de riscos. Durante painel realizado na Semana Caldeira, em Porto Alegre, representantes de Sicredi, Randoncorp e Renner compartilharam como suas estratégias de colaboração com startups e ecossistemas de tecnologia têm sido ajustadas para enfrentar ciclos econômicos mais curtos e imprevisíveis.
Pedro Ramos, superintendente de tecnologia do Sicredi, contextualizou os desafios macroeconômicos enfrentados por empresas e investidores. “Esse tipo de cenário que nós estamos vivendo implica que os ciclos têm menos previsibilidade e o recurso é mais alto. Você vai ter que solicitar recursos ou fazer aportes em períodos mais curtos para que os investidores possam ter um melhor monitoramento”, explicou.
Na Randoncorp, a inovação aberta tem servido como atalho para a entrega de soluções em menos tempo. “Se eu fosse me desafiar a criar um novo canal, a navegar num cenário que não é o meu core, eu poderia me arriscar mais, gastar mais, errar mais”, afirmou Matheus Nicolau.
A percepção de que a inovação pode ser tanto um instrumento de crescimento quanto de sobrevivência tem moldado a atuação da Renner. “A inovação deveria servir como uma mola propulsora para desenvolver novas oportunidades de negócio, não simplesmente como um centro de custo”, destacou Tabas Marçal, responsável pelas iniciativas de inovação aberta da varejista.
O painel reforçou também o valor da consistência estratégica e do alinhamento com objetivos de negócio. “É importante ter a clareza do porquê aquilo está sendo criado. Tentem não olhar muito para o lado e olhar mais para dentro: por que estou fazendo essa iniciativa?”, recomendou Nicolau, ao comentar sobre os riscos de replicar modelos sem conexão com a realidade interna das empresas.
Setores estratégicos e o Brasil como mercado-laboratório
Durante o painel, Pedro Ramos apontou setores que tendem a concentrar oportunidades para inovação nos próximos anos, tanto por deficiências históricas quanto por vantagens competitivas estruturais. “Agro, saneamento, infraestrutura e saúde são áreas com espaço para expansão e onde a inovação pode destravar eficiência e escala”, observou o executivo.
Ramos também destacou a atratividade do Brasil para startups e investidores globais. “Eles querem escalar dentro do Brasil porque eles sabem que, passando a barreira do Brasil, nossa, o resto fica fácil”, afirmou.
Realizado no Instituto Caldeira, o debate mostrou como a colaboração com startups, aliada a uma visão pragmática sobre custos, prazos e entregas, vem se consolidando como ferramenta essencial para empresas que enfrentam os desafios de operar em um ambiente de alta complexidade e baixa previsibilidade.