Representantes dos países-membros definiram medidas como atualização da plataforma Brics VIP, programas conjuntos de pesquisa e estudo de um hub tecnológico multilateral
Representantes do Brasil, da China, da Índia, do Irã, da Rússia, da África do Sul e dos Emirados Árabes Unidos participaram da 5ª Reunião do Grupo de Trabalho (GT) do Brics em Fotônica, de 21 a 24 de setembro, em São Pedro (SP). O objetivo foi promover a cooperação científica e tecnológica em fotônica entre os países-membros do grupo. Na ocasião, foi proposto um plano de ação para 2026 e aprovado a sede do próximo encontro anual: a Índia.
Como o Brasil assumiu a presidência do Brics em 2025, o evento deste ano foi organizado e gerido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Setec) e da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais (Assin), com apoio da Sociedade Brasileira de Fotônica (SBFoton).
Promovido no âmbito da 7ª edição da Conferência Internacional de Óptica e Fotônica (IOPC) 2025, organizado pela SBFoton e pela Embrapa Instrumentação, os participantes da reunião debateram estratégias para integrar os novos membros do Brics à agenda científica, além de temas estratégicos. De acordo com a organização da IOPC, cerca de 200 pessoas se inscreveram para a conferência e eventos paralelos, entre pesquisadores do Brics, estudantes e professores.
A ministra do MCTI, Luciana Santos, discursou por vídeo na abertura da reunião. Ela afirmou que o Brics vive um novo momento, mais ampliado e forte. “É com esse espírito que o Brasil deposita grande esperança nos frutos de um encontro como este, com delegações que compartilham o compromisso com o progresso científico e com a inclusão social”, disse. Ela destacou que este é o tempo de renovar alianças. “Agora, com o grupo ampliado de 11 países, é fundamental manter o espírito de consenso que conseguimos construir ao longo dos últimos 10 anos de cooperação”, disse.
O MCTI apresentou iniciativas estratégicas de integração entre academia, setor produtivo e governo e de fortalecimento da inovação na indústria brasileira, como a Iniciativa Brasileira de Fotônica (IBFoton) e o Sistema Nacional de Laboratórios de Fotônica (Sisfóton-MCTI).
Plano de ação
O grupo de trabalho estabeleceu medidas prioritárias para os próximos seis meses, como a atualização do Virtual Institute of Photonics (Brics VIP) — uma plataforma digital criada para reunir e compartilhar informações sobre oportunidades de colaboração em fotônica. A ferramenta funcionará como um centro de referência para pesquisadores e instituições, permitindo maior integração entre os países.
Além disso, os representantes dos países presentes discutiram a criação de mecanismos de governança do próprio GT com reuniões trimestrais dos pontos focais nacionais, bem como medidas para ampliar a divulgação de fóruns e conferências internacionais, como o Fórum para Jovens Pesquisadores em Fotônica, e escolas de verão e inverno presenciais e on-line. A ideia é ampliar a formação e a mobilidade acadêmica.
No médio prazo, o grupo delineou ações estruturantes, como a definição de prioridades estratégicas de pesquisa, a implementação de programas conjuntos de doutorado e pós-doutorado e o acesso compartilhado a grandes instalações científicas. Também está em estudo a criação de um Hub Tecnológico em Fotônica, pensado como polo de inovação e articulação multilateral entre universidades, centros de pesquisa e empresas.
Inclusão dos recém-chegados e novas convocatórias
Para engajar os novos países membros do Brics no GT, foi recomendado o apoio à divulgação de informações sobre as atividades dos grupos de trabalho, plataformas para o intercâmbio de oportunidades e apresentações de projetos e iniciativas prioritárias. Também foi aconselhado aumentar o apoio ao compartilhamento de informações sobre pesquisadores, infraestrutura e eventos, bem como atualizações sobre a implementação de novas infraestruturas científicas e tecnológicas iranianas.
Foram destacadas as três próximas chamadas conjuntas no âmbito do Programa-Quadro do Brics em Ciência, Tecnologia e Inovação; levantadas as possibilidades de financiamento; e debatidas as sugestões para fortalecer o monitoramento e aumentar o envolvimento de coordenadores dos dez projetos no campo da fotônica apoiados pela iniciativa.
A reunião do grupo de trabalho incluiu ainda um painel aberto ao público, com informações sobre a importância do diálogo sobre fotônica, intercâmbio de melhores práticas e lições aprendidas na cooperação do Brics em ciência, tecnologia e inovação. Representantes de cada delegação apresentaram dados sobre a indústria e sobre ações e ecossistemas de empreendedorismo no campo da fotônica.
Por fim, a agenda contemplou visitas técnicas a instituições de referência em São Carlos (SP), como a Universidade de São Paulo (USP) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que integram o Sistema Nacional de Laboratórios de Fotônica (Sisfóton). Esses encontros permitiram estreitar laços entre a comunidade científica do Brics e o ecossistema brasileiro de inovação em fotônica.
Fotônica
Ramo da ciência e da tecnologia que estuda e aplica as propriedades da luz, o campo de estudo voltado à fotônica envolve aplicar a luz em diferentes tecnologias. Ela trabalha com os fótons — partículas da luz — para gerar, transmitir e usar informações, permitindo desde comunicações mais rápidas até exames médicos mais precisos.
Segundo o relatório da SPIE Global Industry Report, sociedade profissional internacional líder em óptica & fotônica, “a fotônica é a ciência e a aplicação da luz; é a tecnologia de geração, controle e detecção da luz. As características das ondas de luz ou dos fótons individuais que compõem a luz permitem a exploração do universo, a cura de doenças e até mesmo a resolução de crimes. A fotônica é tão onipresente em nossas vidas diárias que o século XXI foi chamado de Era do Fóton”.
Além da importância científica, a fotônica mobiliza e movimenta todo um mercado todos os anos. Ainda conforme o mesmo relatório, a receita anual global da produção de componentes essenciais de óptica e fotônica atingiu US$ 368 bilhões em 2022. Um aumento de 26% em relação a 2020.
No dia a dia, a fotônica está em objetos comuns como lâmpadas LED, impressoras e televisores, mas também em aplicações de ponta, como lasers, painéis solares, sensores e impressoras 3D. Por isso, é considerada uma tecnologia essencial para impulsionar inovação em setores como saúde, agricultura, energia e indústria.