As empresas brasileiras que compram da China já dominam a pauta de importações do país e o movimento vem refletindo não só nas estatísticas comerciais como também no mercado de trabalho nacional. Dados do Centro Empresarial Brasil-China (CEBC) revelam que, entre 2008 e 2022, os postos formais de trabalho ligados às atividades de importação provenientes da China cresceram 55,4%. Índice superior às expansões de postos de trabalho registradas no comércio importador com blocos como América do Sul (21,7%), União Europeia (21%), Estados Unidos (8,7%) e Mercosul (0,3%).
A relevância também fica evidente na quantidade de empresas importadoras: em 25 anos, o total de companhias brasileiras que compram da China cresceu de 3,7 mil para 40 mil, superando os importadores de todas as demais origens. Entre janeiro e maio de 2025, o Brasil importou US$ 29,5 bilhões em produtos chineses, contra US$ 23,3 bilhões no mesmo período de 2024, representando uma alta de 26%.
De acordo com Rodrigo Giraldelli, CEO da China Gate e especialista em importação, além da geração de empregos, a importação da China representa ganhos estratégicos para as empresas brasileiras. “A principal vantagem é a redução de custos, seja para aumentar ou manter as margens de lucro. Outro fator de destaque é o acesso a produtos cada vez mais inovadores e de qualidade, o que mudou a percepção global sobre o padrão de fabricação chinês.”
No Brasil, mais de 5 milhões de postos de trabalho estão relacionados às empresas que mantêm negócios com a China. Esses empregos estão distribuídos principalmente entre a indústria de transformação, que utiliza matérias-primas chinesas para fabricar produtos no país, como ocorre na Zona Franca de Manaus, os serviços de logística, seguros e operações financeiras e, por fim, o comércio físico e digital responsável pela revenda de produtos chineses no Brasil.
Apesar da benéfica geração de empregos, os desafios do comércio ainda são uma realidade, segundo Giraldelli a longa distância, os custos de transporte e as barreiras tarifárias e aduaneiras brasileiras encarecem e dificultam o processo. O especialista lembra que o país mantém uma burocracia pesada, exigindo das empresas importadoras conhecimento profundo sobre normas regulatórias e de segurança.