A manhã do segundo dia de atividades no CONGREGARH 2025, promovido pela Associação Brasileira de Recursos Humanos seccional Rio Grande do Sul (ABRH-RS) e reconhecido como o principal evento de Gestão e Pessoas do Sul do Brasil, contou com debates acerca de relevantes temáticas. A psicanalista e comunicadora, Elisama Santos, foi responsável por ministrar a apresentação sobre “Escuta e conversas corajosas”. Já o Chief Learning Officer (CLO) da Cognita Learning Lab, Gustavo Brito, palestrou sobre “Como a aprendizagem pode contribuir para cenários caóticos”. O evento tem como tema principal “Entre o caos e a consciência” e acontece até amanhã (19), no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre.
Autora de nove livros, Elisama Santos, conceituou que conversas difíceis são necessárias e não se tornarão fáceis por qualquer motivo, o que muda, segundo ela, é a forma como lidar diante destas situações. “Quando nos sentimos acuados, tendemos a atacar e mostrar para a outra pessoa o quanto ela está errada por apenas discordarmos. Às vezes, o martelo funciona, mas existem outras ferramentas que podem também desempenhar melhor e de forma menos agressiva. Quando nos capacitamos, ampliamos a nossa caixa de ferramentas”, pontuou.
Atualmente, há um conflito geracional intenso nas organizações: pessoas com 30 anos de idade liderando profissionais com 30 anos de carreira. “São pessoas com valores totalmente diferentes, que não falam a mesma língua, entretanto, que precisam se entender”, relatou, complementando: “É preciso refletir sobre como escuto o que é importante para mim, antes de falar. As diferentes realidades permitem diferentes interpretações sobre o que a outra pessoa está falando. Ninguém escuta e entende a mesma coisa, pois as vivências influenciam no entendimento”, relatou. Como dica prática, Elisama indica que ao demandar, é importante fazer pedidos positivos, concretos e confirmar como foi o entendimento. “Não existe o óbvio, por mais claro que seja para você. Externe para as pessoas o que é importante, quais são as suas expectativas e confirme se a pessoa está satisfeita com a explicação feita, se podes contribuir de alguma outra forma para melhorar a compreensão. Se você não falar o que um relatório precisa conter para ser bom, a entrega será feita com o julgamento da outra pessoa sobre o que é a entrega adequada”, disse.
Por fim, Elisama falou sobre saúde mental e questionou se há entendimento dos profissionais sobre o assunto. “É importante essa resposta, pois sem compreensão, não saberemos quando estivermos doentes”, pontuou.
Já o sociólogo, Gustavo Brito, apresentou o dado de que na IBM, gigante da área de tecnologia, 94% das respostas, para perguntas tipicamente respondidas por profissionais de RH, são dadas por agentes de Inteligência Artificial. “Talvez sejamos a última geração a gerir pessoas. Logo, também serão geridos robôs nos times”, afirmou. Segundo o palestrante, não é possível virar o jogo ou adaptar-se ao formato atual sem que haja pensamento crítico, sistêmico e analítico na relação com a inovação. “Não podemos aceitar tudo o que a IA nos entrega sem ter um criterioso raciocínio acerca desta entrega. O problema não é mais no prompt, mas, sim, no que e como fazemos com as respostas que a tecnologia nos oferece”, ressalta.
Brito conceitua o momento atual como um pot-pourri de crises constantes, e destacou uma em especial,a da aplicabilidade do que se é aprendido. “Entre o caos e a consciência existe a educação. A ponte entre ambos é a aprendizagem contínua”, justifica, finalizando: “Não podemos achar que educação contínua na organização é um depósito de vídeos. Não se aprende apenas desta forma”.