Inteligência artificial pode evitar cerca de US$ 70 bilhões em perdas anuais com desastres naturais até 2050, aponta estudo da Deloitte
- Desastres naturais devem causar, em média, prejuízos de cerca de US$ 460 bilhões por ano para a infraestrutura global. Empregar IA para tornar essa infraestrutura mais resiliente pode ajudar a prevenir cerca de 15% das perdas – uma economia de cerca de US$ 70 bilhões anuais;
- A IA tem potencial especial para a mitigação de danos causados por tempestades e inundações –desastres que mais devem gerar prejuízos até 2025. Só no caso das tempestades, pode-se prevenir US$ 30 bi em perdas ao ano;
- Uma colaboração intersetorial nesse sentido – incluindo seguradoras e empresas de tecnologia – será fundamental para a geração de benefícios econômicos, ambientais e sociais.
Alavancar o uso da inteligência artificial (IA) na infraestrutura para planejar, responder e se recuperar de forma rápida e decisiva de desastres naturais, cada vez mais frequentes e intensos, pode ajudar a prevenir perdas anuais na ordem de US$ 70 bilhões até 2050, de acordo com o estudo “IA para a resiliência da infraestrutura“, da Deloitte. O relatório empregou estudos empíricos de caso, modelagem de risco probabilística e projeções econômicas para demonstrar como a resiliência da infraestrutura global habilitada pela IA pode trazer benefícios econômicos, ambientais e sociais.
“A constituição de uma infraestrutura inteligente a partir da IA pode redefinir a maneira como lidamos com eventos climáticos extremos, reduzindo impactos e protegendo vidas e ativos”, ressalta Eduardo Raffaini, sócio-líder de Strategy, Infrastructure & Sustainability da Deloitte. “O investimento em soluções de IA possibilita aprimorar o planejamento, a resposta e a recuperação frente a desastres, de forma estratégica, tanto preventiva como reativa. A incorporação dessa tecnologia será fundamental para a resiliência, também, dos negócios dentro desse contexto”, completa.
No mundo todo, os sistemas de infraestrutura enfrentam desafios cada vez mais complexos. Eventos climáticos extremos expõem vulnerabilidades em estruturas já desgastadas pelo tempo, exigindo manutenções mais frequentes e modernização. Além disso, a transição para fontes de energia mais limpas impõe a necessidade de adaptações. Ao mesmo tempo, há aumento da demanda por serviços como transporte e saneamento, pressionando redes que muitas vezes não acompanham esse ritmo de crescimento. Nesse cenário, planejar, adaptar e inovar são indispensáveis para garantir a resiliência e a eficiência dos sistemas.
Com o aumento da frequência e da intensidade dos desastres naturais, como enchentes, secas e tempestades, torna-se cada vez mais necessário investir no fortalecimento e proteção da infraestrutura atual e no planejamento cuidadoso de novas construções. “Investir em IA para infraestrutura não é só mitigar riscos: é proteger fluxo de caixa, evitar paralisações e garantir vantagem competitiva em um mundo onde resiliência se tornou sinônimo de liderança”, afirma Maria Emília Peres, sócia de Sustainability Strategy da Deloitte. Os potenciais impactos futuros incluem:
- Impactos financeiros imprevisíveis e significativos. Perdas anuais médias por desastres naturais devem aumentar de US$ 460 bilhões para mais de US$ 500 bilhões até 2050. Tempestades e inundações devem gerar os maiores prejuízos.
- Impactos no cotidiano, com a interrupção na prestação de serviços essenciais como fornecimento de água e de energia, comunicações e transporte.
- Impactos físicos. “A exposição física da infraestrutura a riscos climáticos extremos, como enchentes, ondas de calor e secas, já é uma realidade. Com IA, conseguimos antecipar vulnerabilidades, modelar cenários com maior precisão e direcionar investimentos de forma mais eficiente para proteger ativos essenciais.”, diz Luiz Paulo Assis, sócio de Infrastructure Advisory da Deloitte.
IA em cada estágio do ciclo da infraestrutura
A adoção de tecnologias de IA, desde o planejamento de infraestrutura até a operação, pode oferecer soluções preventivas, de detecção e de resposta para ajudar a lidar com desastres naturais, fornecendo aos setores público e privado maneiras de reduzir proativamente os riscos. Os benefícios são significativos – o relatório da Deloitte identifica que a IA pode ajudar a prevenir danos, apenas decorrentes de tempestades, globalmente, de US$ 30 bilhões por ano, em média, até 2050.
“Ao antecipar vulnerabilidades com IA, as empresas deixam de apenas reagir a crises e passam a transformar riscos climáticos em oportunidades para diferenciar seus negócios, reduzir custos e criar valor sustentável”, complementa Maria Emília Peres.
- Planejamento: digital twins, manutenção preditiva e emprego de IA no planejamento urbano podem permitir, por exemplo, um gerenciamento mais eficiente da vegetação, evitando o rompimento de linhas de energia e contendo o risco de incêndios florestais.
- Resposta: o emprego de IA par a detecção precoce de incêndios florestais poderá ajudar a diminuir perdas de entre US$ 100 milhões e US$ 300 milhões anualmente na Austrália.
- Recuperação: após um desastre natural, a IA pode avaliar rapidamente os danos, permitindo acelerar a retomada de atividades econômicas críticas e a reconstrução de comunidades, além de reduzir o desperdício de materiais. Por exemplo, uma ferramenta como a OptoAI, da Deloitte, pode ser empregada em inspeções pós-desastre, ajudando a reduzir o tempo de reparo de telhados pela metade e o excesso do uso de material entre 15% a 30%.
Como superar os desafios para adoção de IA
Para que a IA possa ser empregada de fato no aprimoramento da resiliência da infraestrutura, será necessário que líderes trabalhem em conjunto para remover os obstáculos à adoção da tecnologia, que abrangem infraestrutura legada, lacunas regulatórias e restrições financeiras. A colaboração global entre setores é essencial para aproveitar o potencial da IA para a resiliência da infraestrutura.
- Políticas públicas devem indicar padrões coesos: líderes do setor público podem buscar padrões globais para a adoção da IA, que sejam flexíveis e baseados em princípios e possam promover um ambiente de compartilhamento de dados seguro, intersetorial e transnacional.
- A infraestrutura deve abraçar a IA: líderes e operadores dos setores público e privado devem investir em tecnologia em todo o ciclo de vida da infraestrutura, atualizar sistemas legados para torná-los compatíveis e compartilhar dados para melhorar os modelos de IA.
- Indústria financeira deve incentivar a adoção: o setor de seguros pode integrar a IA em modelos de precificação e sinistros e, de forma mais ampla, instituições financeiras podem desenvolver produtos adaptados à infraestrutura habilitada por IA (como data centers) para contribuir com a adesão da indústria.
- Empresas de tecnologia devem desenvolver soluções integradas e de baixo carbono: provedores de IA e de outras ferramentas tecnológicas devem direcionar suas soluções, como digital twins, para habilitar a resiliência da infraestrutura e desenvolver aplicações integradas e de baixo carbono para ajudar a garantir um processo sustentável.
“A colaboração para o desenvolvimento de soluções de IA, bem como pela superação dos obstáculos à utilização da tecnologia em larga escala, em todo mundo, será essencial para construirmos uma infraestrutura resiliente. A partir da criação desse ecossistema, teremos capacidade para criar e implementar soluções de Inteligência Artificial que habilitam a prevenção de falhas, a redução de perdas produtivas e de gastos com reparos emergenciais”, analisa Jefferson Lopes Denti, chief Disruption Officer da Deloitte Brasil.
O relatório da Deloitte estima que, com adoção ampla de IA e aprimoramento de suas capacidades, as economias anuais projetadas em custos diretos decorrentes de desastres podem chegar a US$ 115 bilhões até 2050, o que representa a possibilidade de eliminar quase um terço das perdas relacionadas a desastres. “Nosso estudo é um chamado à ação para as lideranças do setor público e privado. A IA não só protege ativos, mas otimiza recursos, reduz desperdícios e acelera a recuperação, gerando benefícios econômicos, ambientais e sociais. Investir em IA para resiliência da infraestrutura é uma necessidade estratégica”, conclui Jefferson Lopes Denti.
Sobre o estudo
O relatório “IA para a resiliência da infraestrutura” apresenta uma avaliação baseada em dados e em modelos de como a IA pode ajudar a reduzir o risco crescente à infraestrutura global, trazido por desastres naturais. Aproveitando estudos de caso empíricos, modelagem de risco probabilística e previsão econômica até 2050, o relatório quantifica como as aplicações de IA – da manutenção preditiva aos gêmeos digitais – poderiam evitar danos anuais de bilhões de dólares. Ele oferece um roteiro para líderes dos setores público e privado implantarem a IA estrategicamente nas fases de planejamento, resposta e recuperação.
Sobre a Deloitte
A Deloitte é a organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mercado, com cerca de 460 mil profissionais em todo o mundo, gerando impactos que realmente importam em mais de 150 países e territórios. Com base nos seus 180 anos de história, oferecemos serviços de auditoria, asseguração, consultoria, impostos e serviços relacionados para quase 90% das empresas da lista da Fortune Global 500® e milhares de outras organizações. Nossas pessoas proporcionam resultados mensuráveis e duradouros para ajudar a reforçar a confiança pública nos mercados de capitais e permitir aos clientes transformar e prosperar, e lideram o caminho para uma economia mais forte, uma sociedade mais equitativa e um mundo sustentável. No Brasil, onde atua desde 1911, a Deloitte é líder de mercado, com mais de 7.000 profissionais e operações em todo o território nacional, a partir de 18 escritórios. Para mais informações, acesse o site.
A Deloitte refere-se a uma ou mais empresas da Deloitte Touche Tohmatsu Limited (“DTTL”), sua rede global de firmas-membro e suas entidades relacionadas (coletivamente, a “organização Deloitte”). A DTTL (também chamada de “Deloitte Global”) e cada uma de suas firmas-membro e entidades relacionadas são legalmente separadas e independentes, que não podem se obrigar ou se vincular mutuamente em relação a terceiros. A DTTL, cada firma-membro da DTTL e cada entidade relacionada são responsáveis apenas por seus próprios atos e omissões, e não entre si. A DTTL não fornece serviços para clientes. Por favor, consulte Deloitte para saber mais.