O ecossistema de startups no Brasil segue em crescimento acelerado, mas enfrenta desafios estruturais que podem frear seu desenvolvimento. Segundo o Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups 2024, realizado pela Abstartups (Associação Brasileira de Startups), existem atualmente mais de 17 mil startups registradas no país, movimentando bilhões em inovação e atraindo investidores nacionais e internacionais. No entanto, apesar do crescimento, o cenário ainda é marcado por dificuldades que vão desde burocracia até a escassez de talentos qualificados.
Cláudia Schulz, CEO da Abstartups, ressalta que o crescimento rápido nem sempre significa estabilidade. “Muitas startups têm ideias disruptivas, mas esbarram em barreiras estruturais que dificultam sua escalabilidade. O ecossistema precisa atuar de forma integrada para apoiar esses negócios desde a concepção até a maturidade”, afirma.
De acordo com a associação, as startups brasileiras enfrentam uma série de obstáculos que limitam seu desenvolvimento e competitividade. A burocracia excessiva é um dos principais entraves: 97% delas ainda não prestam serviços para órgãos públicos, embora 76,3% manifestem interesse em fazê-lo, esbarrando em processos complexos e lentos que dificultam parcerias estratégicas. Além disso, a dificuldade de acesso a investimento continua sendo um fator crítico, já que a falta de recursos impede muitas empresas de escalar operações ou avançar em inovação.
Outro ponto de destaque é a escassez de talentos, especialmente em áreas de tecnologia e gestão, o que torna o desafio de atrair e reter profissionais qualificados constante. A infraestrutura limitada também pesa nesse cenário, pois a ausência de hubs de inovação, coworkings e recursos tecnológicos adequados afeta diretamente a produtividade e a competitividade. Somado a isso, a regulação desatualizada cria um ambiente desfavorável, uma vez que leis e normas não acompanham o ritmo acelerado do mercado de inovação.
Para superar essas dificuldades, Cláudia Schulz propõe 5 ações estratégicas para fortalecer o ecossistema. Confira:
Simplificação da burocracia: Criar processos ágeis e transparentes para facilitar a relação das startups com órgãos públicos.
Incentivo ao investimento: Desenvolver políticas públicas que estimulem investidores a apostar em startups, como incentivos fiscais e programas de fomento.
Capacitação e formação: Ampliar programas de treinamento para profissionais, fortalecendo competências técnicas e de gestão.
Apoio à infraestrutura: Fomentar a criação de hubs de inovação e espaços de coworking com infraestrutura moderna e suporte tecnológico.
Atualização regulatória: Adaptar leis e normas para acompanhar a dinâmica das startups, reduzindo barreiras e criando segurança jurídica.
“Com ações coordenadas entre governo, investidores e comunidade empreendedora, é possível transformar o Brasil em um polo global de inovação”, adiciona Cláudia.
Sobre a Abstartups
Fundada em 2011, a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), nasceu em um momento em que o conceito de startups ainda era novidade no Brasil. Ao longo dos anos, empreendedores de diversas regiões do país começaram a se conectar, impulsionando um movimento que viria a transformar o cenário de inovação nacional. A Abstartups surgiu da união desses empreendedores, com a missão de criar uma rede coesa e colaborativa, voltada para o aprendizado, fomento e geração de oportunidades para startups brasileiras.Hoje, a associação existe para construir o ambiente ideal para que as startups possam transformar o Brasil. A atuação da associação ocorre de maneira transversal ao ecossistema, buscando criar e fomentar relações entre todos os seus agentes. Ao longo dos seus 13 anos de existência, já realizou 150 eventos com mais de 180 mil empreendedores impactados.