Implantar ESG se tornou um pesadelo!!! O que fazer?

Recebi essa pergunta de um leitor, do Paraná, (que pediu para não ser identificado); então vou chamá-lo de Marcos. Ele contou uma ‘saga’ que sua indústria de porte médio do setor de vestuário tem passado, nos últimos 3 anos (começado em 2021), para implantar indicadores e novos processos aderentes ao ESG.

Marcos contou-me que foi preparado pelo pai e pelo avô para assumir a empresa familiar; mas ele desabafou que o desafio de fazer a indústria crescer, ou continuar a se manter no mercado não seria possível sem implantar ESG.

Após 1 ano de ida e vindas, de debates, de erros e acertos ele conseguiu ultrapassar as barreiras de desconfianças e medos que a família tinha de mudar (adequar) processos produtivos, alinhar colaboradores da gestão ao chão da fábrica para uma nova forma de entender e perceber o negócio sob a perspectiva do ESG.

Não foi um ano fácil para Marcos. Ele conseguiu avançar e levar novas diretrizes ao ‘Modus Operandi’ da produção e introduzir a responsabilidade por rastrear seus insumos; e, aqui passou por muitos debates, alguns contratos de anos finalizados e novos fornecedores chegaram… Afinal, a Cadeia Produtiva de confecção de vestuário é uma das mais complexas.

Por certo um Case de resiliência, mas…sempre tem um ‘mas’…
A saga de Marcos estava apenas começando. Quando ele pensava ter ultrapassado os seus maiores desafios de mudar a mentalidade da família, de criar aliados dentre seus colaboradores para a virada de chave da forma de produzir; 2 anos correram…

Marcos, foi buscar no mercado um consultor para que tudo fosse alinhado, mapeado, descrito e projetado para os próximos 5 anos. Para estabelecer os indicadores a serem implantados.

Era o momento de a empresa implementar ajustes em toda a gestão da empresa. E por isso, ele precisava entender qual seria o melhor framework a ser implantado; ou seja, a melhor estrutura para embarcar todos os indicadores e as respectivas análises de seus resultados para conseguir gerar os ajustes evolutivos e adequações regulatórias sistemáticas que todo o processo produtivo precisa aplicar.

Resumindo… Ao final de 2024, as coisas não fluíram com o consultor (não vou perder tempo com os detalhes sórdidos…); mas fato é que Marcos perdeu 1 ano… Lembre: ele já tinha levado 2 anos de convencimento entre família, colaboradores, parceiros e fornecedores…

Então, depois de contratar o consultor (que fora MUITO bem indicado)… passou pelo ano seguinte em círculos, com muita confusão e pouca ação e resolução…

Marcos ponderou que tudo poderia ser sido melhor conduzido se ele tivesse confiado em seus instintos… mas ele, tinha uma ‘névoa’, pois via o ESG como um ‘Monstro de Sete Cabeças’. Nas palavras dele: “Se eu não tivesse entregado tudo na mão de um terceiro (o então consultor), e fosse estudar melhor para desmistificar o ESG; eu teria contratado um profissional melhor, pois saberia o que pedir e o que cobrar”, desabafou Marcos.

Mas não fique triste! Marcos encontrou uma empresa com consultores especializados em cada uma das necessidades de sua empresa. Ele quis deixar seu exemplo para ajudar outros empresários a não caírem no ‘conto’ do consultor “multitarefa”.

Lembre-se, ninguém é bom em tudo!

Inspirada no relato desse leitor (que me honrou ser escolhida para esse desabafo)… …pensei em trazer uma Visão Geral para empresas, de todos os tamanhos, conseguirem enxergar o que é preciso para iniciar a implantação do ESG e depois como manter e mensurar seus resultados.

Visão geral dos frameworks essenciais

Há hoje um leque global de estruturas para uma empresa de qualquer tamanho de setor medir, reportar e aprimorar seus indicadores ambientais, sociais e de governança. Três delas concentram a maior adoção e robustez; e uma é para pequenas e médias empresas.

Mas alerto que esta decisão não deve ser feita pela ferramenta mais fácil, mas aquela que vai lhe entregar – de fato – a estrutura de medições e feedbacks estratégicos. Segue uma lista de framework que recomendo, com seus Prós e Contras:

Global Reporting Initiative (GRI): se você quer comunicar impactos amplos e dialogar com múltiplos stakeholders. Padrão modular e extensivo, orientado para relatórios de sustentabilidade. Abrange desde emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa ) até direitos humanos, com forte foco em materialidade de impacto. O GRI é muito reconhecido no mundo, o que facilita o diálogo com múltiplos stakeholders. Mas pode gerar relatórios longos e pouco focados em resultados financeiros. Mas para começar é uma boa solução.

Sustainability Accounting Standards Board (SASB): se o foco é atrair investidores e mostrar relevância financeira.
Conjunto de normas setoriais (que engloba 77 setores), voltado à materialidade financeira dos riscos e oportunidades ESG. Ideal para investidores e analistas de mercado, tem escopo limitado ao que afeta balanços e lucros. Mas não cobre bem temas de cadeia de fornecimento e impactos comunitários.

Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD): se sua empresa está exposta a riscos climáticos ou busca financiamento sustentável.
Reúne recomendações centradas em governança, estratégia, gestão de riscos e métricas climáticas. Foi abraçado por grandes instituições financeiras, mas exige maturidade de dados e processos que muitas empresas ainda não têm.

– Ethos-SEBRAE: Serve como primeiro degrau na construção de um programa ESG sólido e escalável. Para pequenas e médias empresas que estão começando e precisão de uma abordagem prática e contextualizada. Oferece aos pequenos negócios um instrumento de gestão para incorporar sustentabilidade e responsabilidade social empresarial em sua estratégia de negócio. Por meio de um questionário de autodiagnóstico, a ferramenta gera relatórios online com insights para planejamento e definição de metas de ESG.

Como escolher o framework ideal ?
A jornada de seleção deve combinar fatores internos como complexidade, maturidade, recursos. E fatores externos como demanda de investidores, setor, exigências regulatórias. O que você vai entender é que não existe uma ‘fórmula mágica’, mas a ferramenta que lhe dará – para a sua realidade – as melhores análises. Veja como proceder:

1. Identifique seus objetivos estratégicos: Quer atrair capital? Minimizar riscos? Engajar clientes e comunidades?
2. Defina público-alvo e materialidade: Investidores financeiros? Órgãos reguladores? Comunidades locais?
3. Avalie seus recursos internos: Equipe de dados, sistemas de coleta, orçamento para auditorias e consultorias.
4. Faça um mapeamento cruzado de escopo vs. esforço: GRI costuma ser mais trabalhoso; SASB e TCFD entregam foco financeiro; ISSB (IFRS S1/S2) equilibra ambos.
5. Planeje evolução contínua: Nenhum framework é estático. Estabeleça ciclos anuais de revisão e ajuste.

E o que NÃO fazer na implantação do ESG…
Para evitar problemas com investidores e parceiros, além de retrabalhos que leva a muita dor de cabeça, é MUITO importante que você fique atento a esses erros comuns:

– Pular a governança interna: Sem um comitê ESG e com políticas claras, você pode esbarrar em ciladas e iniciativas pontuais viram “greenwashing” (prática de marketing enganosa que exageram ou distorcem os esforços de sustentabilidade para parecer mais amigas do ambiente do que realmente são, com o objetivo de melhorar a imagem da empresa e influenciar positivamente a decisão dos consumidores).

– Subestimar a coleta de dados: Ignorar a qualidade, a rastreabilidade ou a periodicidade dos dados leva a relatórios inconsistentes e perda de credibilidade.

– Engajar pouco stakeholders: Deixar fora funcionários, fornecedores e comunidades faz com que o projeto se dissocie da realidade operacional e perca apoio interno e externo.
– Escolher o framework mais “famoso” sem alinhar ao contexto: Adotar GRI só por ser o mais difundido pode atrasar resultados práticos se faltam recursos para gerar todo o escopo de indicadores.

– Deixar de comunicar os desvios abertamente: Os relatórios ESG não são documentos de marketing, mas de transparência. Esconder falhas é se colocar à mercê de crise de reputação.

ESG 360° requer olhar constante
Para que a adesão ao ESG se transforme em diferencial competitivo, a empresa precisa ter um “radar interno” que monitore de verdade seus resultados ambientais, sociais e de governança.
Essa clareza da transparência permite correções em tempo real, evita crises de reputação e alinha investimentos com a trajetória de crescimento.

Pense: Ao em vez de encarar ESG como obrigação, entenda-o como um guia de limites que vem com uma bússola estratégica!

Assim, você terá flexibilidade para crescer com responsabilidade e ser um imã para atrair capital de modo sustentável.



KÁTYA DESESSARDS
é Jornalista, Conselheira e Mentora em ESG e Comunicação Estratégica. Co-Autora no livro: Gestão! Como Evoluir em uma Nova Realidade?. Experiência de 27 anos em diversos setores do mercado. | Quer Saber Mais? CLICK AQUI

>> A coluna semanal fonteESG é publicada as segundas-feiras.
Sugestões de Pautas: katyadesessards@gmail.com.br

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Aldo Cargnelutti é editor na Rede Brasil Inovador. Estamos promovendo os ecossistemas de inovação, impulsionando negócios e acelerando o crescimento econômico. Participe!

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