Respeitar e valorizar as identidades femininas, promover políticas públicas que gerem equidade e oportunidades e combater o sexismo são alguns dos caminhos apontados na mesa temática sobre mulheres na ciência.

5CNCTI: Elas na Ciência, pesquisadoras apontam desafios da participação das mulheres na CT&I

Reconhecer a diversidade de mulheres no tecido social, desenvolver políticas públicas adequadas para cada categoria e incentivar a participação feminina na CT&I. Estas são as prioridades elencadas pelas debatedoras que participaram da mesa temática “Mulheres na Ciência, Tecnologia e Inovação”, dentro da 5ª Conferência Nacional de CT&I. O evento segue até hoje (1º), em Brasília (DF).

A professora Márcia Barbosa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Academia Mundial de Ciências (TWAS), apresentou um panorama sobre a atual situação das mulheres no campo acadêmico e na CT&I. A pesquisadora enfatizou a necessidade da equidade de oportunidades, com condições para o acesso e a manutenção das mulheres nesses espaços. “As políticas que garantam a equidade de oportunidades não são a solução definitiva. O que precisamos é ter uma sociedade que olhe as pessoas em todo o seu potencial. Mas até lá, precisamos dessas medidas compensatórias”, afirmou.

A professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e membro da Associação Brasileira de Pesquisadoras/es Negras/os (ABPN), Katemari Rosa, reforçou pontos que, segundo a pesquisadora, são balizadores que dificultam a emancipação das mulheres.

“Três coisas básicas que vão nos ajudar a pensar em políticas públicas voltadas para mulheres: vivemos em uma sociedade de supremacia branca, cis patriarcal e sob um regime capitalista, onde a concentração de renda reflete os resultados dos pontos anteriores, que são exclusão e opressão”, disse.

Mulheridades – O conceito de mulheridades foi apresentado pela professora Rosângela Aparecida Hilário, membro do Comitê Executivo da Rede Brasileira de Mulheres Cientistas (RBMC). Ela explicou que a expressão visa contemplar os diferentes tipos de mulheres, buscando identificar raça, sexualidade, condição física, social etc. “O conceito precisa se ampliar e abrigar as existências e identidades, para que todas as mulheres caibam no conceito e tenham acesso aos seus direitos. A partir dessas identidades, nós podemos criar possibilidades de pesquisa, de entendimento, de melhorar a vida das pessoas. Porque a ciência, se não circula, não serve para nada”, analisou.

Raça- A professora ainda afirmou que não é possível discutir nenhum tema no Brasil sem pensar a questão da raça. “É preciso reconhecer que raça pauta os percursos e descaminhos da vida das pessoas. Não há desenvolvimento sustentável e combate às desigualdades sem equidade de formulação, organização e desenvolvimento de políticas para acesso e permanência na universidade”, ressaltou.

Carreira –  A assessora do Ministério das Mulheres, Ana Rocha, destacou os dados sobre a vida acadêmica e profissional das mulheres. De acordo com ela, por meio de pesquisas apresentadas, as mulheres estão conseguindo chegar aos espaços da CT&I, mas encontram dificuldades em manter-se neste espaço e até mesmo atingir o topo da carreira. Ela lembrou que o fator predominante para esta realidade é a divisão sexista das atividades cotidianas, que são leves para homens e de sobrecarga para mulheres. “Nós temos o desafio da sociedade como um todo, na mídia, na cultura e na educação, de mudar essa visão conservadora da divisão de papel, da divisão sexual do trabalho, do que é trabalho de homem, do que é trabalho de mulher. Isso impacta na ciência, nas carreiras e, ao mesmo tempo, garante a implementação dessas políticas que liberam e tiram essa sobrecarga das mulheres para que elas possam se manter na carreira e chegar ao topo, transformando de verdade essa realidade desigual”, afirmou.

Oportunidades – A promoção de políticas públicas de igualdade de gênero foi defendida por todas as debatedoras. As propostas passam por cotas de liderança, apoio logístico à maternidade, política antiassédio, promoção à diversidade e educação para a cultura do respeito, entre outras. A pesquisadora do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), Giovanna Machado, é criadora e coordenadora do Programa Futuras Cientistas, voltado para meninas e professoras da rede pública de ensino. A iniciativa visa despertar o interesse na CT&I, por meio de projetos de pesquisa científica e imersão em institutos, universidades e empresas.

Maternidade – Pesquisas envolvendo as universidades brasileiras mostram que após o nascimento dos filhos, a carreira acadêmica e profissional das mulheres é altamente prejudicada, enquanto a carreira dos homens se mantém ou tem ascensão. Para Letícia Oliveira, Membro do Parent in Science, movimento de apoio à maternidade na academia, é preciso investimento na política de apoio à maternidade com, por exemplo, creches e espaços de acolhimento, equidade na licença parental (maternidade e paternidade), auxílio dependente para viagens, normalidade de pausas na carreira sem prejuízo curricular, o combate ao racismo, assédio, capacitismo, entre outras ações.

Central de Conteúdo

Aldo Cargnelutti é editor na Rede Brasil Inovador. Estamos promovendo os ecossistemas de inovação, impulsionando negócios e acelerando o crescimento econômico. Participe!

+55 11 94040-5356 / rede@brasilinovador.com.br

Central de Conteúdo

Aldo Cargnelutti é editor na Rede Brasil Inovador. Estamos promovendo os ecossistemas de inovação, impulsionando negócios e acelerando o crescimento econômico. Participe!

+55 11 94040-5356 rede@brasilinovador.com.br

Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.