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5CNCTI: debatedores também pedem valorização dos professores para que eles possam dar o suporte necessário aos jovens cientistas

Academia defende diversidade e juventude para a inovação na ciência

Debatedores da 5ª Conferência de CT&I, também pedem valorização dos professores para que eles possam dar o suporte necessário aos jovens cientistas.

O segundo dia de 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI) foi palco da mesa de debates “CT&I e Juventude”, onde os presentes conversaram sobre a necessidade da inserção e representatividade jovem no espaço acadêmico. O evento ocorre até quinta-feira, 1º de agosto, em Brasília.

Um dos presentes na mesa foi o presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Hugo Silva, que afirmou que a participação da juventude na ciência brasileira é fundamental. “É a juventude que vai trazer esse aspecto de inovação, de diversidade para a ciência e que é tão importante para as nossas pessoas”, disse.

Para o estudante, com a presença de jovens diversos em ambientes acadêmicos, as crianças de hoje começam a se ver como os adultos cientistas do amanhã. “Quando eu era pequeno e pensava em um cientista, me vinha na cabeça um homem branco e velho. Mas hoje eu vejo que a maioria dos cientistas são mulheres, negros, LGBTs, indígenas. Isso mostra para as nossas crianças que é possível ser o cientista do amanhã, que a nossa ciência é nacional e diversa”, continuou Hugo.

“Debater a juventude na ciência e tecnologia também passa por discutir a escola do futuro que queremos. Porque é dentro da escola que a gente está produzindo e fazendo com que as nossas pessoas, as nossas crianças, os nossos jovens se interessem pela ciência e tecnologia”, finalizou o estudante.

Seguindo o pensamento do presidente da UBES, a professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Dirce Zan, afirma que o fortalecimento do corpo docente em todos os momentos também precisa ser feito. “Muitas vezes, os professores não têm as melhores condições, mas continuam lá. Lutando. Então, os professores precisam desse apoio direto para serem a base do futuro”, disse.

Realidade brasileira

Segundo a diretora de Ciência, Tecnologia e Inovação da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Priscila Duarte, além da crise ambiental e climática, o Brasil também enfrenta problemas com a juventude. “Em 2020, nós atingimos o pico de maior população jovem no Brasil, com 50 milhões de pessoas entre 14 e 29 anos. Mas, ao mesmo tempo, temos a maior taxa de jovens ‘nem-nem’, que nem trabalham, nem estudam e nem tem perspectiva. Eles são cerca de 10 milhões”, pontuou.

No mesmo sentido, a presidente do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), Bruna Brelaz, avalia que os atuais problemas sociais também serão os futuros. “A mesma juventude que está desempregada, a mesma juventude que não tem acesso à educação, é a juventude que enfrenta e vai continuar enfrentando os riscos e a emergência climática”, disse.

Ao mesmo tempo em que uma grande parte deixa a educação, de acordo com Duarte, os jovens também são os maiores produtores de ciência no país. “Hoje, a pós graduação e a graduação e boa parte das pesquisas científicas que a gente desenvolve nas escolas, nas universidades, nos institutos de pesquisa, são produzidas por cerca de 90% de jovens cientistas”, contrapôs Duarte.

De acordo com dados da Web of Science (WOS), entre 2010 e 2024, foram publicados em seu portal um total de mais de 26 milhões de artigos. Desse total, cerca de 755 mil foram produzidos com a participação de pelo menos um autor vinculado a instituições brasileiras. Ainda assim, nesse período, foi possível ver que houve a maior diversificação nas colaborações internacionais entre o Brasil e outros países.

MCTI

Durante o debate, o presidente da UBES, Hugo Silva, ainda citou e exaltou programas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). “Nós precisamos de programas e iniciativas para incentivar os jovens a entrar e continuar na ciência nacional. Hoje nós temos o POP Ciência e o Mais Ciência na Escola que são projetos importantíssimos do MCTI. Eu acho que, em muitos espaços e situações, é no ensino básico que começamos a produzir ciência e tecnologia”, avaliou.

Para a pesquisadora, porém, isso não é algo inteiramente relacionado ao desinteresse desse grupo. “Isso é culpa apenas da juventude? Isso é resultado apenas de um processo de desinteresse da juventude? Não. Isso é falta de oportunidade e de um planejamento para o futuro das jovens brasileiras”, concluiu.