Empreendedorismo corporativo: como promover no seu negócio
O empreendedorismo corporativo, também conhecido como intraempreendedorismo, diz respeito ao ato de desenvolver um novo negócio dentro de uma organização.
A proposta é estimular e proporcionar oportunidades aos colaboradores da corporação para atuarem como empreendedores internos, gerando novas ideias e criando projetos e iniciativas que agreguem valor à empresa. Para aprofundar o conceito e de que forma ele pode ser estimulado nas corporações, preparamos este artigo que abordará, entre outros pontos, o significado de empreendedorismo corporativo, suas características e como implementá-lo.
O que é empreendedorismo corporativo?
O empreendedorismo corporativo é uma abordagem que estimula colaboradores a se tornarem empreendedores dentro da própria companhia, por meio do incentivo à busca de novas ideias, oportunidades de negócio e soluções para os desafios da organização. O conceito foi criado por Gifford Pinchot III, empreendedor e autor de “Intrapreneuring: Why You Don’t Have to Leave the Corporation to Become an Entrepreneur”, obra de 1985 na qual define o termo.
No artigo Intrapreneurship, explained, escrito por Meredith Somers em 2018 para o MIT Management Sloan School, o tema foi explicado de forma elucidativa. Na ocasião, ela apresentou exemplos pertinentes que comprovam a eficiência e a proximidade do intraempreendedorismo para a realidade dos negócios.
O Gmail, por exemplo, pode ser considerado um dos casos de maior sucesso quando o assunto é empreendedorismo corporativo. O e-mail com uma versão gratuita, lançado em 2004, tinha alcançado a marca de 1 bilhão de usuários em 2016. A inovação nasceu de uma iniciativa promovida internamente pela Google. Não é de hoje que as lideranças internas na gigante de buscas incentivam que seus funcionários possam empregar 20% do seu tempo de trabalho em projetos paralelos que tenham alguma relação com o core business do negócio.
Além do Gmail, outros serviços bastante conhecidos também nasceram de ações de intraempreendedorismo, como são os casos do serviço de geolocalização Google Maps, da rede social Twitter — atual X — e do aplicativo de mensagens instantâneas Slack. Foi o que aconteceu, ainda, com o botão de curtir do Facebook, lançado em 9 de fevereiro de 2009. A medida, apesar de parecer simples, revolucionou a forma como as pessoas interagiam com a rede social. O empreendedorismo corporativo ou intraempreendedorismo pode ser uma forma de as corporações estimularem a inovação internamente.
Benefícios do empreendedorismo corporativo
As corporações interessadas em fomentar a inovação podem encontrar no empreendedorismo corporativo uma série de benefícios. Conheça os principais deles:
Agilidade competitiva
Ao cultivar uma cultura empreendedora, as corporações podem se tornar mais ágeis e capazes de se adaptar rapidamente às mudanças do mercado. Dessa forma, podem responder de modo mais eficaz à concorrência e às demandas dos clientes. Assim sendo, as corporações que estimulam o empreendedorismo corporativo conseguem manter sua relevância e competitividade.
Atração e retenção de talentos
O empreendedorismo corporativo gera uma outra vantagem associada ao clima de inovação aberta: cria um ambiente de trabalho estimulante e desafiador. Esse fator, por si só, pode atrair profissionais talentosos que buscam oportunidades para crescer e inovar. Além disso, as corporações que apoiam e valorizam a iniciativa empreendedora tendem a reter melhor os seus talentos
Diversificação de receitas
Ao encorajar os funcionários a explorarem novas oportunidades de negócios, as organizações podem diversificar suas fontes de receita. Desse modo, conseguem reduzir a dependência de um único produto ou mercado. Essa questão é fundamental, ainda, para ajudar a mitigar os riscos associados à volatilidade econômica e às mudanças no ambiente empresarial.
Cultura de aprendizado e de melhoria contínua
O empreendedorismo corporativo promove, nesse contexto, uma cultura de aprendizado e melhoria contínua. Nela, os erros devem ser vistos como oportunidades de crescimento e de inovação. Nesse cenário, é prudente que os funcionários sejam encorajados a experimentar, aprender com suas falhas e a buscar constantemente maneiras de melhorar seus produtos, processos e desempenho geral. Esse olhar para o aprimoramento de processos e resolução de desafio contribui diretamente para a eficiência da empresa e para a redução de custos operacionais. Todas essas vantagens rendem outros benefícios adicionais: impulsionar o crescimento do negócio, sua competitividade e sua sustentabilidade em longo prazo.
Inovação incremental versus inovação disruptiva
Um ponto que merece atenção no empreendedorismo corporativo é que tipo de inovação se deseja estimular: a incremental ou a disruptiva. No artigo do MIT, Somers advoga da ideia de que a inovação fomentada pelo intraempreendedorismo precisa ser incremental. Isso porque quanto mais próxima do produto ou serviço já existente na corporação, maior será a probabilidade de sucesso. Uma vez que já se conhece a existência de uma demanda ou base de clientes em relação a um determinado tipo de produto ou serviço, maior será a facilidade de vender o resultado do empreendedorismo corporativo. Mas se, ao contrário, quando se opta por adotar a perspectiva da inovação disruptiva, o risco tende a ser maior. É preciso entender, então, qual abordagem reflete melhor o olhar de longo prazo da organização para equilibrar os riscos e direcionar os esforços.
Como implementar o empreendedorismo corporativo
A cultura da companhia tem relação direta com a implementação do empreendedorismo corporativo. Além de estruturar meio práticos para que novos projetos possam ser desenvolvidos pelos colaboradores, é importante trabalhar no incentivo e abertura às novas ideias de modo amplo. Entenda quais passos podem ser seguidos para quem quer implementar o empreendedorismo corporativo:
Considere o contexto
Esta é, portanto, a primeira grande dica de um negócio que nasce dentro de outro: é preciso considerar o contexto em que ele está inserido. Como o intraempreendedorismo se dará a partir de uma corporação preexistente, é válido levar em conta seu core business ou expertise e “surfar nessa onda”, para obter êxito.
Analise as expertises dos colaboradores
Um outro fator essencial para que as iniciativas de intraempreendedorismo deem certo é considerar as experiências prévias e pontos fortes nas habilidades dos colaboradores. Ao fazer isso, além de tornar as ações mais efetivas, mostra-se ao time que as lideranças avaliam e observam de perto as capacidades individuais. Isso pode estimular, entre outras vantagens, um pertencimento maior e, consequentemente, uma vontade de “vestir a camisa” de forma mais efetiva.
Promova uma cultura de autonomia
Depois de determinar um projeto que esteja de acordo com o negócio principal, vale estabelecer uma cultura organizacional que valorize a inovação e dê autonomia aos colaboradores para explorarem novas ideias. Para tanto, indica-se criar programas internos de incentivo à inovação e de reconhecimento e recompensa para ideias inovadoras. Além disso, a promoção de uma mentalidade de “pensar fora da caixa” em todos os níveis da companhia auxilia o processo.
Fomente uma estrutura flexível e ágil
Implemente estruturas organizacionais flexíveis e ágeis que permitam a rápida adaptação a mudanças no mercado e nas necessidades dos clientes. A medida pode ser colocada em prática por meio da adoção de metodologias ágeis e de gestão de projetos, como são os casos dos métodos Scrum ou Kanban. Outra iniciativa que pode ser feita é a eliminação de burocracias desnecessárias que dificultam a inovação e a tomada de decisões rápidas.
Estimule o intraempreendedorismo
Incentive e apoie o desenvolvimento de intraempreendedores dentro da organização que sejam, essencialmente, colaboradores com iniciativa e visão empreendedora. Além disso, eles devem estar dispostos a assumir riscos calculados para impulsionar a inovação e o crescimento da corporação. Nesse caso, é prudente oferecer oportunidades para que esses colaboradores sejam líderes em projetos inovadores. Para tanto, providencie recursos e suporte necessários e reconheça seus esforços e conquistas. Quem tem espírito intraempreendedor geralmente gosta de ter autonomia frente a tomada de decisão e execução de tarefas.
Impulsione a colaboração e a troca de ideias
Crie espaços para facilitar a colaboração e o intercâmbio de ideias entre colaboradores de diferentes áreas e níveis hierárquicos da empresa. A medida pode se tornar realidade a partir de eventos para promover brainstorming, como são os casos dos workshops de inovação e dos hackathons. Outra ação válida é a implementação de ferramentas de comunicação e de colaboração online que promovam o intercâmbio de ideias e o trabalho em equipe.
Invista em capacitação e desenvolvimento
Amplie os recursos financeiros em capacitação e desenvolvimento dos colaboradores, fornecendo oportunidades de aprendizado. Entre as atividades que podem ampliar o engajamento em torno de ações de intraempreendedorismo estão as habilidades empreendedoras, como criatividade, liderança, resolução de problemas e pensamento crítico. Para tanto, conceda o acesso a cursos, workshops, mentoring e coaching em empreendedorismo e inovação. Essas atividades podem ocorrer tanto internamente na organização quanto em parceria com instituições de ensino e organizações especializadas.
Recompense pelos esforços alcançados
No entanto, há uma grande diferença em se aproveitar da boa vontade das pessoas com, de fato, recompensá-las por seus esforços. E quem participa do processo sabe quando isso acontece, o que pode prejudicar o clima organizacional, caso haja alguma atitude de má-fé nesse sentido. Portanto, é prudente buscar meios tanto em ações quanto em recursos financeiros para valorizar aqueles que embarcam em uma jornada de intraempreendedorismo. Até porque como a pessoa dedica, para além do tempo, sua inteligência em prol do negócio, nada mais justo que sair ganhando um diferencial por isso.
Perfil do empreendedor corporativo de sucesso
Algumas características são bastante comuns de serem encontradas em pessoas que têm potencial de serem intraempreendedores. A seguir, confira algumas delas e as mantenha em seu radar, para aproveitar algum talento em sua corporação.
Visão estratégica e analítica
Uma pessoa que tem dentro de si a essência para se tornar um bom empreendedor corporativo geralmente consegue ter uma visão analítica do contexto. Esse indivíduo tende a conhecer profundamente o negócio e seus concorrentes, bem como as oportunidades de crescimento. De modo geral, capta “no ar” os insights necessários para implementar melhorias e expandir o que já existe.
Lifelong learner
Igualmente é uma pessoa que não estagnou em termos de conhecimento. Por isso, busca constantemente se atualizar e manter sua qualificação profissional em dia. Ou seja, uma pessoa com visão empreendedora entende a importância da educação continuada e melhora sua própria carreira, de forma independente.
Poder da adaptação
Em cenários de mudanças, inclusive aquelas não planejadas, as pessoas com espírito empreendedor são resilientes e aprendem a “nadar junto da corrente”. Na mesma medida, por tal característica, conseguem impulsionar os demais ao seu redor para fazer o mesmo e ajustar a rota profissional e corporativa sempre que necessário.
Sem medo de arriscar
Outra habilidade presente no perfil dessas pessoas é a de não ter receio frente a riscos. Com autonomia, quem tem espírito empreendedor consegue estar disposto a quebrar alguma regra, se preciso, para colocar em prática seu intento. No geral, esses indivíduos preferem ter liberdade para atuação, sempre acompanhada de responsabilidade e ciente de seus limites dentro do negócio. Sua palavra de ordem é sair da zona de conforto.
Hub de inovação: apoio para a inovação corporativa
Um grande aliado no processo de estimular ações de empreendedorismo corporativo em uma companhia é participar de um hub de inovação. No Cubo Itaú, corporações podem intensificar suas iniciativas de inovação aberta por meio do acesso a startups curadas e com produto validado no mercado.